Já tentaram atravessar Portugal em linha reta, fizeram uma festa numa aldeia deserta em 48 horas e chegaram ao Qatar de boleia só para assistir ao Mundial de futebol. Com mais de 100 mil seguidores no YouTube, o projeto “Andamente” nasceu há cerca de quatro anos para provar que não existem impossíveis. São conhecidos pelas aventuras insólitas em Portugal e além fronteiras — e agora preparam-se para mais um desafio.
A dupla Daniel Estima, de 27 anos, e Gonçalo Runa, de 24, partiu no dia 15 de abril de Macinhata do Vouga, em Águeda, a bordo de um carro de 500€ e um sonho: chegar a África do Sul a bordo de um Citroen AX de 1995 com 300 mil quilómetros. Até onde conseguirão chegar? É essa a pergunta que têm feito desde o início.
“A ideia surgiu já no ano passado quando pensei que adorava testar os limites de um carro e ver até onde é que ele conseguia ir. Nada melhor do que testar com um carro velho, o mais barato que consegui comprar em Portugal”, conta à NiT Daniel Estima, um dos fundadores do projeto.
Depois de muita procura, encontrou no OLX um Citroen AX com quase 30 anos e mais de 300 mil quilómetros por apenas 500€. Mais do que o preço, o que mais o conquistou foi a cor, um azul petróleo que “contrastava com o deserto”. “Na hora de comprar, disse ao vencedor que se andasse comprava — andou e comprei”, recorda.
A compra foi feita em Lisboa e o primeiro desafio era levá-lo até sua casa, em Águeda. O caminho, que com um carro mais recente não demoraria mais do que três horas, demorou cinco horas. “O carro tinha um problema de sobreaquecimento que tivemos que resolver depois”, confessa. De resto, as alterações foram mínimas. Desconectaram o rádio e retiraram as colunas de trás para ganhar mais espaço — iam precisar dele.
Inicialmente a ideia até seria percorrer a Europa com o carro, mas Francisco Albuquerque — o amigo com quem criou o projeto “Andamente” —, lançou a sugestão de conduzir o veículo por África. “O ambiente é mais agressivo e os desafios são mais elevados, nem que seja por estarmos fora da nossa realidade cultural”, explica.
Habituados a aventuras desafiantes, Daniel e Gonçalo não pensaram duas vezes. Afinal, África ainda era um continente desconhecido para os dois e “com muito a mostrar”. “Tudo o que ouvimos destes países é que são perigosos e não se aconselha a visitar, mas com investigação começámos a perceber que é possível e não é como se ouve falar”, garante.
Assim, de malas feitas, partiram de Águeda no passado dia 15 de abril, segunda-feira, e conseguiram chegar até Vila Real de Santo António nesse mesmo dia. Entretanto já conseguiram chegar a Espanha, percorreram estradas infinitas com 33 graus que o carro não adorou, mas lá terá que aguentar.
O lema da viagem é precisamente “até onde der”. “Queremos ir até onde o carro nos conseguir levar. A Guiné-Bissau é um país onde gostávamos de chegar em cerca de um mês”, adianta.
Toda a viagem vai ser muito improvisada e sujeita a condições que, por vezes, estarão fora do controlo dos viajantes. O objetivo, contudo, é percorrer Marrocos, Mauritânia, Senegal e Guiné-Bissau. Se o carro ainda estiver bom até lá, a dupla deverá seguir rumo à África do Sul.
Assim como a viagem, também as próprias noites são uma incógnita. Nunca sabem onde (nem como) vão dormir, mas estão bem equipados com tendas que terão de servir nos dias em que não arranjarem casa. “Possivelmente também vamos ficando em casa de desconhecidos que estiverem dispostos a dar-nos abrigo”, diz.
Conduzir um carro com quase 30 anos é, já por si, uma aventura, mas um dos maiores desafios desta viagem será mesmo o calor. “As temperaturas altas em carros antigos são problemáticas por causa do sobreaquecimento do motor. A nível de mecânica também, porque nenhum de nós percebe nada de carros nem de mecânica. Só mesmo os básicos”, confessa.
Como já é habitual em todos os desafios a que se propõem fazer, os “Andamente” vão estar a partilhar toda a aventura no Instagram e no Youtube.
Ver esta publicação no Instagram
