Desde que foi inaugurada, em 1972, que a estátua do Dragão de Wavel é um ponto de paragem obrigatória para quem está a passar férias em Cracóvia, na Polónia. Os visitantes reúnem-se à volta da escultura de metal, ansiosamente à espera de a ver a cuspir fogo pela boca. É um dos “espetáculos” mais épicos e conhecidos da cidade, mas vai deixar de acontecer durante uns tempos.
O dragão que cospe fogo vai ser obrigado a suster a respiração durante um mês, anunciou esta quarta-feira, 29 de janeiro, Krzysztof Wojdowski, porta-voz do gabinete de infraestruturas rodoviárias de Cracóvia. Tudo porque precisam de perceber o porquê de estar a consumir tanto combustível ultimamente.
A partir desta semana, os especialistas vão começar a verificar os fornecimentos de gás da escultura de seis metros, para que consigam encontrar uma forma de reduzir as contas de energias do dragão. É a primeira vez que tal acontece desde que a figura começou a cuspir fogo.
A estátua funciona a gás natural e ativada através de um sistema de controlo que faz com que as chamas saiam por uma chaminé instalada na boca da escultura a cada 10 minutos. Em tempos, era possível ativar o espetáculo com uma mensagem de texto, mas o serviço deixou de estar disponível devido à quantidade de pessoas que enviavam SMS. O breve e dramático sopro de fogo dura apenas cerca de cinco ou 10 segundos, mas não deixa de ser impressionante. Principalmente porque esconde toda uma história por trás.
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A atração foi criada devido à lenda do dragão de Wawel que, segundo a tradição, aterrorizava a cidade até ser derrotado. A criatura mitológica tornou-se um símbolo de Cracóvia e é possível encontrar referências à figura em praticamente todo o lado — principalmente nas lojas de souvenirs, onde não faltam ímanes ou peluches em forma de dragão.
A lenda do dragão
Depois de um longe período de prosperidade, a desgraça atingiu Cracóvia durante o reinado de um rei chamado Krak, o suposto fundador da cidade. Tudo estava a correr bem, até que os pastores começaram a dar pela falta de alguns dos seus animais. A certa altura, começaram a desaparecer também os moradores, sem ninguém perceber porquê.
O motivo dos súbitos desaparecimentos foi descoberto por um jovem polaco, quando foi apanhar ervas à beira do rio Vístula e aproximou-se do sopé da colina Wawel. Foi nessa altura que avistou, à beira do rio, vários ossos. Curioso, continuou a explorar o local até encontrar uma gruta na colina. Ao lado dela estava um dragão enorme e assustador, com um corpo coberto de escamas verde-amareladas e com patas tão grandes que pareciam troncos de árvores.
A história espalhou-se rapidamente até chegar aos ouvidos do rei, que reuniu os seus melhores cavaleiros para defrontarem o dragão — mas todos falharam a missão. Então, para os incentivar ainda mais, fez um acordo: aquele que conseguir libertar a cidade da criatura, cavaleiro ou não, podia casar com a princesa Wanda e ficar com metade do reino. Mesmo assim, nenhum deles conseguiu derrotá-lo e o dragão tornou-se cada vez mais forte, matando todos os que se atreviam a ficar no seu caminho.
Todas as tentativas foram infrutíferas, até chegar o sapateiro Skuba, que apareceu na corte real com a certeza de que conseguia vencê-lo. Ninguém acreditou no jovem, que se aventurou sem armadura e espadas. Em vez disso, arranjou uma ovelha e encheu-a com enxofre.
O sapateiro colocou o animal mesmo em frente à gruta e o dragão não resistiu: devorou-o sem dó nem piedade. Ficou com tanta sede devido ao enxofre que bebeu toda a água do rio Vístula e explodiu. O pesadelo tinha terminado e Skuba casou-se com a princesa, com quem viveu feliz para sempre.
Hoje, a gruta onde o dragão teria vivido é uma das atrações turísticas mais visitas na Cracóvia, assim como a estátua que cospe fogo. Situada perto do Castelo de Wawel, a figura foi criada pelo escultor polaco Bronislaw Chromy em 1969, embora só tenha sido instalada no local atual três anos depois.
Apesar de só voltar a cuspir fogo em março, continua a ser possível visitar a emblemática estátua do dragão.
Como lá chegar
Para chegar à escultura, basta apanhar o autocarro 300 diretamente no aeroporto e sair na estação de Jubilat. Se partir de Lisboa, encontra bilhetes de ida e volta para Cracóvia desde 124€. Caso apanhe o avião no Porto ou em Faro, há voos a partir de 111€ e 199€, respetivamente.
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