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Esta aldeia foi abandonada há mais de 60 anos por engano. Hoje pode ser visitada

Cerca de mil moradores foram despejados ao longo de uma década. Mas, no final, foi tudo um erro de cálculo.

Um erro de cálculo. Foi isso que fez com que os cerca de mil residentes de Granadilla, na Estremadura, em Espanha, tivessem de deixar as suas casas e tudo para trás entre os anos 50 e 60 do século XX. Hoje, a região recebe centenas de turistas e visitantes diariamente, mas há mais de seis décadas que é considerada uma “cidade fantasma.”

Tudo começou em 24 de junho de 1955, quando o Conselho de Ministros decretou a expropriação da maior parte do município de Granadilla (incluindo o centro da cidade) devido à construção da barragem de Gabriel y Galán.

Na altura, acreditava-se que a nova construção iria inundar Granadilla e, por esta razão, todos os residentes teriam que sair. O despejo dos moradores aconteceu ao longo de 10 anos e muitos foram realojados em aldeias próximas. 

Em junho de 1960, após o governo ter pago a indemnização correspondente aos moradores, estes foram notificados de que, a partir daquela data, os imóveis e a aldeia eram considerados legalmente ocupados pela Administração Estatal e que não podiam reivindicar qualquer direito sobre os mesmos.

Mais tarde, em 1963, quando a água da albufeira começou a subir, foi descoberto que, afinal, a aldeia não seria inundada. Nesta altura, apenas as rotas de acesso (com exceção de uma) ficaram inacessíveis. Ainda assim, devido à indemnização paga, os residentes não foram autorizados a regressar. 

“Foi uma farsa. Expulsaram-nos, alegando que a barragem iria inundar a aldeia, o que era impossível porque é mais alta do que a barragem”, disse Eugenio Jiménez, presidente da Associação Filhos de Granadilla, citado pela BBC. “Mas aqueles eram tempos de ditadura e não tínhamos direitos.”

A aldeia.

A história da aldeia, localizada na província de Cáceres, remonta aos muçulmanos, responsáveis pela sua construção no século XIX. E a sua localização não foi por acaso: está situada sobre uma colina devido à estratégia militar.

Ainda hoje, um dos pontos altos da região é o castelo, construído no século XV. Além disso, toda a aldeia é rodeada por uma muralha. Ambos foram recuperados ao longo das décadas.

Nos anos 80, quando Granadilla foi finalmente declarada como Sítio Histórico-Artístico, a cidade passou por várias restaurações para funcionar como um museu gratuito ao ar livre. Nesta altura, o castelo estava deteriorado por causa das chuvas e teve partes reconstruídas. 

Na mesma altura, o mesmo aconteceu com as muralhas. As obras começaram em 1980 e só chegaram ao fim três anos mais tarde.

Além desses dois pontos históricos, os visitantes podem conhecer a igreja La Assúncion, que foi restaurada em 1991 e que ainda hoje celebra uma missa anual a 1 de novembro, assinalado como o Dia dos Mortos.

Apesar das visitas serem gratuitas, é preciso respeitar os horários impostos. De abril a outubro, pode visitá-la das 10 horas às 13h30 e das 16 às 20 horas. Já de novembro a março, Granadilla está aberta das 10 horas às 13h30, e das 16 às 18.

Como lá chegar

A partir de Lisboa, pode apanhar um voo para Madrid desde 49€. Depois, a forma mais rápida de lá chegar é de carro, numa viagem que dura cerca de três horas. Se viver perto da fronteira com Espanha, pode também optar por uma viagem de carro. A partir de Guarda, por exemplo, demora cerca de duas horas e meia para chegar à aldeia.

Carregue na galeria para saber conhecer a aldeia abandonada de Granadilla.

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