Inserido no distrito da sustentabilidade, um dos três em que se divide a Expo 2020 no Dubai, o pavilhão de Portugal centra-se essencialmente em promover o nosso País como um destino para visitar, investir, trabalhar e viver. O projeto da parceria Grupo Casais e Saraiva + Associados — que tem na entrada uma instalação de Bordallo II — é um edifício de dois andares inspirado numa caravela, mas nem com grande vontade consegui vislumbrar qualquer semelhança.
A maioria dos visitantes são portugueses, indianos e filipinos (muito por culpa de o pavilhão ser vizinho dos destes países e não existirem filas à porta). A entrada leva-nos a uma sala retangular onde é mostrado um filme nas quatro paredes onde se promovem as conquistas e o lifestyle do nosso país. A meio ainda pensei que vinha aí o golo do Éder, mas são zero as referências a futebol. Aliás, a maior queixa dos visitantes, segundo o nosso guia da visita, é a ausência de qualquer menção a Cristiano Ronaldo. No entanto, o filme fecha com McNamara a descer o canhão da Nazaré.

Findo o curto filme somos levados para uma sala onde se destacam alguns dos troféus que temos ganho internacionalmente na área do turismo, como o de melhor destino de golf, melhor destino de praia do mundo, melhor destino insular ou melhor destino turístico.
Não se alheando do tema da feira, a exibição destaca o País como uma nação exemplar em questões como a sustentabilidade e as energias renováveis. Numa feira que decorre num país onde 75 por cento da população residente são estrangeiros, Portugal apresenta-se como um destino de futuro para expatriados. No final, somos convidados a encaminhar um pinguim com os pés, num jogo onde a missão é apanhar lixo no fundo do mar.
Visitando grande parte dos restantes pavilhões da exposição a comparação é inevitável. Mesmo em espaços com orçamentos menos generosos que os 21 milhões de euros que custou o projeto português, somos confrontados com momentos exímios de criatividade, como é exemplo o filme projectado em chapéus de chuva do recinto dos Países Baixos, ou a decoração minimalista do stand totalmente verde de Singapura.
No entanto, chegando ao segundo piso, o Chef Chakall salva a visita. Numa escolha muito criticada pela opinião pública em Portugal, por ser argentino, Chakall faz uma interpretação de alto nível da cozinha portuguesa no Al-Lusitano. Garanto que depois de degustarem os pratos servidos podem amar o cozinheiro nascido na Argentina da mesma forma que amam o Pepe quando veste a camisola das Quinas.
O objetivo era colocar o restaurante do Pavilhão de Portugal no top 10 de restaurantes da Expo 2020, mas todas as críticas o colocam entre os dois melhores, juntamente com o do Luxemburgo. É dos poucos espaços na exposição com cozinha e refeições feitas ao momento, ao contrário da maioria das restantes áreas do recinto, onde servem comida aquecida. No menu não encontramos porco — uma opção que se compreende dado ao enorme número de visitantes locais (que não consomem carne deste animal).
Nas entradas destacam-se as gambas ao alho, os peixinhos da horta, os pastéis de bacalhau e as amêijoas à Bulhão Pato. Nos pratos principais não faltam o lombo de bacalhau, o cabrito, a perna de borrego, uma espetada madeirense com milho frito ou um polvo à lagareiro.

Único senão é uma, para já, pobre carta de vinhos. Segundo o chef estão cerca de 100 referências retidas na alfândega, e teve de se safar com os poucos vinhos portugueses que são distribuídos no Dubai, caso do Altano, do Papa Figos ou do Mateus Rosé.
Se for um dos milhões de visitantes esperados no Dubai para a Expo 2020, que termina a 31 de março, já sabe: guarde a visita ao pavilhão de Portugal para a hora de almoço.
A exposição mundial começou a 1 de outubro e a NiT já lhe contou tudo o que precisa de saber sobre os luxos e extravagâncias do gigante encontro; e todos os detalhes sobre o pavilhão de Portugal.