As primeiras imagens com o maior e mais potente telescópio do mundo foram reveladas. O aparelho espacial chama-se James Webb e os resultados foram apresentados ao mundo esta terça-feira, 12 de julho. O momento foi assinalado com a divulgação de quatro imagens coloridas de nebulosas de galáxias, algumas dos primórdios do universo, e o espetro de um planeta gigante.
A apresentação destas imagens, que colocou a descoberto detalhes desconhecidos de alguns corpos celestes, foi transmitida pelos canais televisivos das agências espaciais norte-americana (NASA) e europeia (ESA), parceiras no desenvolvimento do telescópio com a congénere canadiana (CSA).
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi o anfitrião da revelação da primeira imagem num evento realizado esta segunda-feira, na Casa Branca. Fascinado, Biden afirmou: “É uma nova janela para a história do nosso universo”.
Trata-se da imagem infravermelha mais profunda e clara do universo distante, mais concretamente do aglomerado SMACS 0723, repleto de milhares de galáxias, incluindo os mais pequenos e mais ténues objetos alguma vez observados.
Depois da divulgação desta imagem seguiu-se a revelação do espetro do planeta WASP-96b, descoberto em 2014, que, segundo os astrónomos, nunca tinha sido observado com tanto detalhe. Falamos de um planeta gigante fora do Sistema Solar, extremamente quente, composto principalmente por gás e, apesar de ter assinatura de vapor de água na sua atmosfera, é “inabitável”.
O telescópio e o envolvimento português
Depois de uma viagem de mais de um milhão de quilómetros no espaço, o Telescópio Espacial James Webb captou o seu primeiro conjunto de imagens coloridas do universo. O observatório tem o nome de um antigo administrador da NASA e foi enviado para o espaço a 25 de dezembro de 2021, após sucessivos atrasos, num foguetão de fabrico europeu. Está em órbita desde janeiro deste ano, no chamado ponto Lagrange 2, que lhe permite ter uma observação ininterrupta e dados livres dos efeitos contaminantes da atmosfera do planeta a que chamamos casa.
Este foi um projeto que envolveu centenas de investigadores, alguns deles portugueses. É o caso da astrónoma Catarina Alves de Oliveira, que trabalha no Centro de Operações Científicas da ESA, em Espanha, e é responsável pela calibração de um dos quatro instrumentos.
Por sua vez, o astrónomo português Nuno Peixinho faz parte de uma equipa internacional que irá usar o telescópio para estudar os objetos transnuptianos, considerados os “fósseis mais bem preservados do Sistema Solar” por conterem gelo intocado, capaz de preservar as assinaturas de moléculas orgânicas, como carbono, hidrogénio ou oxigénio.
Em declarações à Lusa, aqui citado pelo jornal “Diário de Notícias”, Peixinho explicou que as imagens “mostram o potencial do telescópio”, realçando que é na análise de um espetro de um corpo celeste, como o que foi divulgado hoje com mais detalhe do planeta WASP-96b, que reside “muito do trabalho” dos investigadores.
Os astrónomos esperam com o James Webb obter mais dados sobre os primórdios do universo, incluindo o nascimento das primeiras galáxias e estrelas, mas também sobre a formação de planetas.
A NASA partilhou algumas das surpreendentes imagens captadas com o telescópio. Carregue na galeria para as conhecer.