Chama-se Roopkund, fica a cinco mil metros de altitude e é o cenário de um dos maiores (e mais assustadores) mistérios arqueológicos de todos os tempos: este lago dos Himalaias é habitado pelos esqueletos de mais de 800 pessoas. Um estudo publicado a 20 de agosto tentou desvendar o por quê, mas acabou por levantar mais perguntas do que respostas.
No início dos anos 2000, acreditava-se que todos os esqueletos no lago Roopkund (também conhecido como Lago dos Esqueletos ou Lago Mistério) pertenciam a pessoas de origem asiática, que morreram algures perto do ano 800 numa única catástrofe — possivelmente uma tempestade.
Agora, o artigo publicado pela revista britânica “Nature Communications” mostra que afinal não foi bem assim. Dos 38 restos mortais analisados no estudo, 23 eram de origem asiática e morreram algures entre os séculos VII e XX, mas há outros 14 de origem mediterrânica que morreram mil anos depois — e ninguém consegue explicar como qualquer um deles foi lá parar.
O lago Roopkund é tão arrepiante que tem a capacidade de aterrorizar até os profissionais. Quando foi descoberto por um guarda florestal britânico durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, surgiram várias teorias para explicar as centenas de esqueletos em torno do lago, sendo a primeira que pertenciam a soldados japoneses mortos enquanto atravessavam a Índia.
No entanto, as análises mostraram que os ossos estavam lá há muito mais tempo: o aspeto relativamente recente dos esqueletos explicou-se pelas temperaturas frias daquele local, que conservaram os restos de pele e cabelo, além dos ossos.
As várias teorias que surgiram para explicar o fenómeno do lago Roopkund vão desde uma epidemia a uma derrocada, sendo a mais sinistra de todas um ritual coletivo de suicídio. Mas nenhuma conseguiu desvendar como foram lá parar aquelas pessoas todas, vindas de locais tão distintos e com um intervalo de tempo tão grande.
Há uma lenda nos Himalaias que descreve uma deusa que ficava furiosa com a presença de forasteiros. Para os expulsar, disparava sobre eles pedras de gelo “tão duras como o ferro”, criando tempestades de granizo com milhares de pedregulhos do tamanho de bolas de andebol, que resultavam na bizarra morte dos viajantes.
O mais curioso é que algumas análises arqueológicas mostraram que o grupo mais antigo de esqueletos — o que data dos séculos VII a XX — apresenta violentos golpes nos crânios, que não podem ter sido provocados por armas: aparentemente, estas contusões foram o resultado de várias pancadas de algum tipo de objeto arredondado vindo de cima.