Dormir como um bebé. Esqueça as piscinas aquecidas, os tratamentos no spa e os pequenos-almoços fartos: há quem reserve uma estadia num determinado hotel apenas para se livrar das insónias e das noites mal-dormidas.
Vivemos, alertam os especialistas, “uma epidemia global e silenciosa da privação de sono” e a necessidade de repensar os hábitos de descanso diário é premente. A emergência do chamado “turismo do sono” acontece neste cenário, onde o impacto da escassez desta necessidade biológica é cada vez mais preocupante.
Portugal não escapa a esta tendência e o Sleep & Nature Hotel, em Montemor-o-Novo, no Alentejo, é um desses exemplos. A ideia de criar uma unidade hoteleira de quatro estrelas vocacionada para as terapias do sono partiu de Teresa Paiva, especialista em Neurologia e Neurofisiologia, como lhe contámos neste artigo.
Já os responsáveis pelo Kimpton Fitzroy Hotel, em Londres, optaram por uma abordagem mais tecnológica. Criaram um “Room to Dream”, literalmente, “quarto para sonhar”, onde os hóspedes podem ter sonhos lúcidos com a ajuda de um gadget de realidade virtual.
Afinal, o que é um sonho lúcido? A explicação é menos esotérica do que parece: “Simplificando, é um sonho durante o qual tem consciência de está a sonhar”, explicam na descrição do programa criado em parceria com Charlie Morley, professor que ajuda quem o procura “a usar o poder do sono para o crescimento psicológico”.
“É uma habilidade que lhe permite treinar a mente para reconhecer quando está a sonhar, o que lhe permite controlar e direcionar os seus sonhos”, acrescentam. A experiência é baseada na visualização de um vídeo de cinco minutos gerado por inteligência artificial, com o intuito de facilitar o adormecimento. O objetivo é atingir o estado de transição entre a vigília e o sono, chamado hipnagogia.
O pacote “Room to Dream” pode ser adicionado a qualquer reserva de quarto ou suíte desde 5 de fevereiro, mediante o pagamento de 59€ adicionais. À chegada irá receber um “Kit Open Your Dreams” personalizado.
Trata-se de um baú revestido de couro e forrado a veludo verde, com uma seleção de “produtos LabTonica para melhorar os sonhos lúcidos” — um chá de ervas, um frasco de óleo de artemísia (uma planta medicinal), outro de lavanda e um spray para a almofada —, bem como um “diário de sonhos” com instruções sobre como construir um sonho lúcido e o tal headset de realidade virtual com o vídeo.

Os sonhos lúcidos requerem um ritual, não basta enfiar o pijama e relaxar entre os lençóis a olhar para a televisão à espera do sono. Antes de se enfiar na cama deve beber o tal chá calmante com algumas gotas do extrato e também deve colocar umas quantas debaixo da língua. A seguir, é preciso borrifar a almofada com o spray e massajar as têmporas com o óleo de lavanda. Finalmente, chegou o momento de colocar o headset para tentar atingir o desejado estado de transição entre a vigília e o sono.
O “diário de sonhos”, como o nome indica, serve para anotar tudo o que considere relevante durante o processo. Na manhã seguinte pode entregar as notas e, posteriormente, irá receber uma ilustração do artista de IA Sam Potter, responsável pela criação do vídeo, criada com base no que escreveu.
Quem já a fez,garante que “a experiência é tão louca como calmante”. E, ao que parece, irá “adormecer em segundos” — com ou sem sonhos lúcidos.
Os preços da estadia no Kimpton Fitzroy Hotel, em Londres, no Reino Unido, começam nos 444€ por noite (num quarto duplo, para duas pessoas, sem pequeno-almoço). Se optar por um dos pacotes disponíveis, como o “Dinner Bed and Breakfast”, poderá fazer uma reserva a partir dos 501€ por noite (para dois adultos, com pequeno-almoço e um jantar com três pratos do menu fixo ou buffet num dos restaurantes do hotel).
Como lá chegar
A melhor forma de chegar ao cinco estrelas londrino onde poderá dormir como um bebé é voar para Londres. Se partir de Lisboa encontra viagens a partir de 20€ com a Ryanair. Quando chegar ao aeroporto de Stansted, a melhor opção é apanhar o comboio até Finsbury Park (aproximadamente 35 minutos) e a seguir apanhar o metro em direção a Picadilly até Russel Square (cerca de 10 minutos). Quando sair da estação, basta caminhar cinco minutos até ao número 1-8 de Russell Square.