Viagens

Isabel e José decidiram fazer uma pausa nas carreiras e andam a viajar pelo mundo

Já passaram três dias no maior deserto de sal do mundo, caminharam num glaciar na Argentina e fizeram rafting no Chile.
O casal no Chile.

Pode acontecer aos 20, 30 ou 40 anos. O desejo de fazer uma pausa na rotina laboral e viajar pelo mundo, sem regras nem preocupações, pode surgir em qualquer idade. Isabel Rodrigues e José Félix, de 29 e 32 anos, respetivamente, são mestres em Engenharia Industrial e Gestão e, depois de passaram por trabalhos nas áreas de consultoria, marketing, estratégia e operações, a paixão pelas viagens levou-os a fazerem uma pausa nas carreiras para viajarem durante oito meses pela América Latina e Ásia.

Conheceram-se há cerca de sete anos, no primeiro emprego após terminarem os estudos. Cedo descobriram que tinham outro interesse em comum, para lá da engenharia: as viagens. “Desde que nos conhecemos que sempre gostámos de viajar para destinos mais exóticos. Se não conseguíssemos fugir da Europa era uma derrota”, começam por contar à NiT. A primeira vez que viajaram juntos, embarcaram num avião com destino à América Central e aproveitaram para visitar vários países na região — não todos, porque alguns deles só viriam a conhecer mais tarde.

Aproveitavam todos os segundos das férias que tiravam os dois: partiam na sexta-feira às 17 horas e muitas vezes chegavam de madrugada na segunda-feira, antes de regressarem ao trabalho. Desta vez, partiram sem data de regresso. Durante oito meses, pelo menos, serão viajantes full-time.

“Isto é engraçado, porque estávamos em casa de um casal de amigos e disseram que iam fazer uma pausa nas carreiras e pensámos: porque não fazemos a mesma coisa?”, recordam. Só faltava saber se era o momento certo ou não.

“Sempre quisemos conhecer sítios novos, depois surgiu a Covid-19 e começámos a sentir que estávamos a deixar muitas coisas para trás. Já estamos na idade de começar a pensar em ter filhos e isso criou uma certa ansiedade.” Para José, em termos de carreira, “parecia o momento certo para sair”. Já Isabel teve a facilidade de optar fazer um ano sabático. “Pareceu que os astros se alinharam e tudo fazia sentido.”

Logo no início do ano,  4 de janeiro, fizeram as malas e rumaram ao Rio de Janeiro, a primeira cidade de muitas que viriam a conhecer. Passaram pela Argentina, Chile e estão neste momento na Bolívia. No próximo mês, contam apanhar um avião para a Coreia do Sul e aí vão começar um périplo pelo sudeste asiático. “Quando estávamos a planear a viagem, o José queria dar fisicamente a volta ao mundo e passar pelo Pacífico”, conta Isabel.

Desde que partiram que têm andado a partilhar as aventuras no através da conta coolestneighbours, no Instagram— e já viveram algumas peripécias. Duas delas relacionadas com transportes.

Quando apanharam um autocarro de 20 horas da Argentina para o Chile, ficaram mais de uma hora parados sem saber porquê, já depois de preencherem os papéis para darem entrada no país. “Depois descobrimos que o condutor se tinha esquecido do cartão de cidadão. Deixaram-nos numa estação de serviço no meio do nada, disseram-nos que às 21 horas ia passar outro autocarro,. Não tínhamos Internet nem nada”, recorda o casal. Não foi, contudo, a única vez que ficaram perdidos no meio do nada.

Tinham vontade de conhecer sítios menos turísticos, mas nem sempre era fácil apanhar transportes para conseguirem chegar a esses destinos. Também no Chile, apanharam um autocarro a pensar sair numa determinada paragem, mas houve um problema: essa estação não existia. Saíram numa autoestrada e, para chegar à próxima paragem, tiveram de atravessar uma portagem a pé, de mochila às costas.

Quanto a momentos inesquecíveis, um deles aconteceu recentemente: passaram três dias sem rede de telemóvel no Salar de Uyuni, na Bolívia, o maior e mais alto deserto de sal do mundo. Tem 10 mil quilómetros quadrados e está situado 3.600 metros acima do nível médio do mar. “Passámos por paisagens espetaculares, desertos e formações rochosas. Fomos com uma empresa da Bolívia que nos levaram de jipe, cozinharam para nós e ajudaram-nos em tudo”, contam.

Também fizeram um mini trekking no Glaciar Perito Moreno, na Argentina — a massa de gelo tem mais de 250 quilómetros quadrados e é maior que Buenos Aires. “Outra experiência inesquecível que tivemos no país, aconteceu no norte da Patagónia, um paraíso de vida selvagem onde fomos ver baleias e leões marinhos. Foi incrível porque tivemos oportunidade de nadar com eles, vieram dar-nos beijinhos na testa”.

Por outro lado, também superaram alguns medos: fizeram rafting no rio Trancura em Pucón, no Chile, e saltaram de um penhasco de cinco metros de altura. Não estava nos planos, mas aceitaram o desafio. “São estas experiências que deixam marcas mais forte. Queremos sempre fazer do género em cada país. Na Coreia, por exemplo, vamos dormir num templo budista”, contam.

Além de partilharem as aventuras deste career gap (ou pausa na carreira, em português), o casal começou um negócio de criação de itinerários de viagem personalizados. “Sentimos esta necessidade porque há pessoas que gostam de fazer estas viagens aventureiras, mas não têm tempo para as planear e não querem aqueles pacotes típicos das agências tradicionais. Procuram sítios mais exóticos”, revelam. 

Atualmente, fazem itinerários até 15 ou 21 dias para os seguintes destinos: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Grécia, Guatemala, Indonésia, Malásia, Nova Iorque, Panamá, Patagónia, Portugal, Coreia do Sul, Espanha, Suécia e Vietname. Para pedir um roteiro personalizado, só precisa de preencher um formulário online com as preferências de viagem e receberá o itinerário em até três dias. Custam 150€ (até 15 dias) ou 250€ (até 21 dias).

De seguida, carregue na galeria para ver algumas das fotografias do casal que anda a viajar pelo mundo.

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