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“Isto não é um parque temático”. Moradores das Canárias protestam contra turistas

Os habitantes estão fartos da indisciplina da maioria dos estrangeiros, sobretudo britânicos. E já estão a organizar protestos.
Estão fartos.

Os residentes das Ilhas Canárias têm demonstrado, repetidamente, a sua insatisfação relativamente ao turismo excessivo. Cada vez mais frustrados com o comportamento indisciplinado de alguns visitantes, têm promovido uma série de manifestações.

O arquipélago espanhol quer continuar a receber turistas, mas defende a necessidade de uma mudança na maneira como os visitantes planeiam as suas férias e se comportam ao chegarem ao destino. Guillermo, um dos habitantes que vive do setor turístico, uniu-se aos protestos antiturismo. 

Queremos que uma parte significativa dos lucros gerados pelo turismo beneficie a população local. A maioria dos ganhos vai para fora da ilha, para empresas estrangeiras”, explica à “Euronews”.

Nos últimos anos, os habitantes têm assistido a comportamentos inadequados, como sair dos trilhos autorizados, recolher pedras e conchas, e pilotar drones em áreas protegidas, ações ilegais na maioria do arquipélago sem a devida autorização. Os britânicos destacam-se entre os visitantes que apresentam as piores condutas, especialmente devido ao “consumo excessivo de álcool e à violência”.

“Compreendo que nem todos estejam interessados em conhecer a cultura local, mas peço que tenham em mente que há pessoas que residem aqui todos os dias do ano. Estas ilhas não são parques temáticos. Não podem agir como quiserem apenas porque existe alguém a limpar aquilo que sujam. Somos diretamente impactados pelo mau comportamento e por estas atitudes”, lamenta Guillermo.

Um dos principais problemas enfrentados pelos residentes é o mercado imobiliário, que tem sido exacerbado pelos arrendamentos de curta duração. “Desde que o Airbnb começou a crescer, os moradores têm encontrado dificuldades em viver nas áreas onde costumavam habitar. Está a tornar-se impossível encontrar casa em qualquer uma das ilhas, mesmo para aqueles que têm empregos a tempo inteiro”, revela.

Em Las Palmas, prédios inteiros que antes serviam para habitação agora são exclusivamente dedicados a alojamentos turísticos. No entanto, a situação poderá mudar a partir de abril, quando os residentes poderão votar para proibir alojamentos locais em áreas residenciais.

Enquanto isso, estão a ser organizadas várias iniciativas para sensibilizar os turistas. Uma dessas ações ocorreu este domingo, 16 de fevereiro, em Tenerife. Para abril, antes do início da época balnear, estão também planeados protestos em larga escala.

No ano passado, em abril, os habitantes já tinham realizado manifestações contra o turismo, incluindo uma greve de fome para impedir a construção de um hotel e resort balnear

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