Quando Júlio Verne publicou o livro “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, em 1873, provou que, de facto, era possível fazê-lo nesse período de tempo. Inspiradas pela obra clássica, duas melhores amigas de 81 anos decidiram mostrar como não há limite de idade para a aventura — e assim partiram, no dia 11 de janeiro, para a grande viagem das suas vidas.
Ellie Hamby vive no Texas, nos EUA, e é uma fotógrafa documental internacional. Já viajou para 107 países e todos os sete continentes, sempre com uma máquina na mão. A amiga Sandy Hazelip, ou Dra, Sandy, como muitos pacientes lhe chamam, é uma médica reformada que adora desafias.
Hazelip conheceu a amiga após a morte do seu marido, em 1999. Antes desse acontecimento trágico, já o companheiro tinha plantado “uma semente no coração” da mulher para começarem a levar os netos em viagens missionárias no verão. Foi isso que a levou à Zâmbia Medical Mission, um projeto organizado por Hamby e o marido.
Desde então, as duas amigas uniram-se pelo interesse comum em viagens e pelo compromisso de priorizar experiências únicas em detrimento do conforto e das comodidades. Ficaram ainda mais próximas após a morte do marido de Haby, em 2005.
As duas têm 81 anos e, aventureiras com são, decidiram percorrer o mundo em cerca de dois meses e meio. Ainda criaram um blogue, “Arount the World at 80”, para documentar toda a viagem.
“Só tive a ideia porque já tínhamos viajado juntas internacionalmente. E cerca de quatro anos antes de completarmos 80, disse-lhe: ‘Não seria divertido dar a volta ao mundo em 80 dias aos 80 anos?”, disse Hamby em entrevista à “CNN”.
O objetivo seria partir em 2022, no ano em que completariam os 80 anos, mas a Covid-19 acabou por adiar os planos. As avós octogenárias deram início ao desafio a 11 de janeiro e começaram logo pela Antártida.
Chegar ao continente mais ao sul exigia cruzar a tão temida Passagem de Drake, o mar mais temido do mundo. “Por quase dois dias, balançámos, escorregamos e deslizamos pela Passagem de Drake e agarrámo-nos à vida. Foi simplesmente selvagem”, disse Hamby em entrevista à “CNN”. Assim que chegaram à Antártida, os últimos dois dias foram completamente esquecidos.
A partir daí, a aventura levou as duas mulheres do Texas até à Ilha da Páscoa, “a ilha mística, cheia de beleza a cada passo”. Depois disso, o plano era chegar ao Peru, mas devido à violência política no País, especialmente na zona de Machu Picchu, decidiram cancelar essa parte da viagem.
Com a mudança de planos, seguiram para o norte da Europa e o Círculo Polar Ártico, onde encontraram renas, andarem de trenó puxados por huskys e viram as auroras boreais na Finlândia. A segunda etapa da viagem levou as duas amigas a conhecer os marcos históricos da Europa, incluindo o Coliseu de Roma, a Capela Sistina no Vaticano e o Palácio de Buckingham, em Londres, antes de seguirem para África.
Já no continente africano, visitaram a ilha de Zanzibar e, daí, foram para o Egito, onde andaram de camelo e exploraram as pirâmides. Ainda passaram pela Índia, Nepal e Japão e, antes de regressaram a casa, a 1 de abril, foram conhecer a Austrália.
Nos últimos três meses, a dupla andou de camelo no Egito, fez amizades com elefantes em Bali, dançou no Nepal e viu uma aurora boreal na Finlândia. Também posaram para fotos com cobras e leões e até andarem de balão de ar quente. Apesar dos desafios de viajar com outra pessoa, as melhores amigas admitem que terminaram a aventura sem uma única discussão. “Somos ambas independentes e muito teimosas. Mas parece que nos permitimos dar espaço uma à outra”, confessou Hamby.
Quanto aos pontos altos da viagem, mais do que visitar outros países, foram as pessoas que conheceram ao longo do caminho. “Adoramos todas as paisagens que vimos, mas as coisas de que mais nos lembramos são as pessoas que conhecemos”.
Agora que chegaram a casa, Hamby e Hazelip já estão a planear a próxima viagem — querem continuar a mostrar que não há limites para viajar. Com o blogue e as partilhas nas redes sociais, procuram encorajar outros viajantes mais velhos a seguir o exemplo. Aliás, Hazelip até descreveu os 81 anos como “a idade perfeita” para embarcar numa viagem.
“Acho que nesta idade eu aprecio muito da beleza e posso realmente absorvê-la”, diz.
De seguida, carregue na galeria para ver as fotografias das duas melhores amigas na volta pelo mundo.