As enormes quantidades de plástico produzidas no mundo, a dependência da população em relação a este material e a sua baixa taxa de decomposição (que, consoante o material, pode chegar a 600 anos) são alguns dos maiores problemas que o mundo enfrenta neste momento. Em consequência, os aterros estão cheios, as praias sujas e, com o ecossistema completamente alterado, a vida marinha fica ameaçada.
A poluição provocada pelos plásticos é um dos maiores problemas da Ilha de Moçambique, cuja economia local está centrada na pesca e recursos marinhos. As praias enchem-se de garrafas, tampas e todo o tipo de embalagens de plástico que, depois de serem apanhadas por catadores, vão para um estaleiro dos serviços municipais no centro da ilha. É lá que fica uma oficina de reciclagem que pretende travar esta “pandemia” que parece não ter fim.
“Aqui limpamos, separamos os plásticos e tentamos produzir novas peças”, explica José Júnior, responsável pelo projeto, citado pelo “Observador”. Graças a uma maquinaria especializada, é possível triturar e moldar os plásticos para nascerem mosaicos, azulejos, blocos ou outras peças. A cada dia, a equipa de jovens procura possíveis compradores com o objetivo de tornar a oficina autossustentável.
O sucesso desta iniciativa está a ser tão grande que aparecem miúdos na oficina para vender plásticos — “é sinal de que a população se está a apropriar da ideia”. Apesar de ser um processo que irá demorar algum tempo, o mais importante é conseguir “mobilizar a população para uma ação cívica”. Assim, o lixo que costumava ir para o chão, passa a ser reciclado e deixa de ser uma ameaça para os oceanos.
Consequentemente, a ação acaba por ajudar as comunidades a recuperar os recursos pesqueiros, que estão a desaparecer cada vez mais. Desta forma é possível instaurar zonas de veda, áreas demarcadas com boias, onde não se pode pescar durante um determinado período para permitir que os peixes se reproduzam.
“Criámos isto no ano passado e deu resultado porque os peixes que tinham desaparecido voltaram. Então, este ano queremos fazer isso de novo”, refere Ossumane Abudu, chefe do conselho comunitário de pesca.
Quem não cumprir as regras, é punido até 177€. O objetivo é simples: menos plástico e, consequentemente, mais peixes.