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Mergulhador foi morto por um tubarão branco nas praias australianas

O homem de 35 anos foi dilacerado por um animal com mais de quatro metros. O momento foi visto (e gravado) por quem estava na praia.
O tubarão tinha mais de quatro metros

A última vez que se tinha ouvido falar de algo semelhante na costa de Sydney foi nos anos 60, data da última morte humana provocada por um ataque de um tubarão. A tragédia tornou-se ainda mais inusitada pelo facto de ter sido registada em vídeo.

Simon Nellist, instrutor de mergulho de 35 anos, decidira passar pela praia de Little Bay durante a tarde desta quarta-feira, 17 de fevereiro. Equipou-se e aventurou-se nas águas, apesar de ser conhecedor dos potenciais perigos e um conhecido crítico das técnicas usadas para tentar afugentar os enormes predadores das zonas de praia.

“As redes e as armadilhas não protegem ninguém e todos os anos matam todo o tipo de vida marinha”, terá escrito no Facebook seis meses antes do acidente. A verdade é que Nellist não sobreviveria a este mergulho.

Ao seu lado surgiu, de repente, um enorme tubarão branco com aproximadamente 4,5 metros de comprimento. Local habitualmente frequentado por pescadores, foram várias as testemunhas que assistiram a tudo e que revelam como o tubarão fez um ataque na vertical e aterrou “como um carro” na água, antes de atacar e arrastar Nellist para águas mais profundas.

O ataque ocorreu a pouco mais de 100 metros da costa e tem, segundo os especialistas, contornos invulgares. Segundo Lawrence Chlebeck, responsável da Humane Society International — organização que promove os direitos dos animais —, o tubarão poderá ter confundido o mergulhador com uma foca. 

“É muito pouco usual ver um tubarão atacar um ser humano desta forma. Normalmente uma mordidela não é fatal e é isso que costumam fazer, mordiscar para perceber o que é. Assim que percebem que é uma pessoa e não uma presa normal, vão-se embora”, esclarece. “A maioria dos ataques de tubarão são apenas uma mordida. Esta é uma situação única e infelizmente trágica.”

Mais curioso é este comportamento verificar-se “num tubarão adulto”, frisa, já que estes enganos são mais comuns em animais jovens, que “ainda estão a tentar descobrir qual a sua dieta, enquanto trocam o peixe por focas e mamíferos marinhos.”

O ataque foi filmado pelos pescadores que por ali passavam nos rochedos, muitos deles criticados nas redes sociais por assistirem calmamente ao que acontecia. Infelizmente, nada poderiam fazer para travar o ataque. O especialista aponta até que poderão, porventura, ter alguma responsabilidade, caso estivessem a usar restos de peixes como isco. “Tudo o que coloque sangue na água vai inevitavelmente atrair tubarões”, explica. “Não quero atribuir culpas, mas faz sentido averiguarmos e perceber se é algo que acontece nestas raras ocorrências.”

Outros especialistas alertam que o local é ideal para atrair tubarões, já que as condições naturais levam a uma acumulação de peixe no pequeno recife.

Entretanto, as autoridades mandaram encerrar e interditar as praias das redondezas por, pelo menos, 24 horas. “Infelizmente, a vítima sofreu ferimentos catastróficos como resultado do ataque e não havia nada que os paramédicos pudessem fazer quando chegaram ao local”, afirmou um porta-voz das autoridades de saúde. As equipas de resgate continuam a recolher os restos mortais de Nellist nas águas de Little Bay.

A última morte registada na zona de Sydney remonta a 1963, quando Marcia Hathaway, uma figura pública da televisão e do teatro, foi atacada por um tubarão. Apesar da habitual pacatez da região, as autoridades informaram que vão dotar as praias locais de ainda mais redes de proteção e das chamadas Smart Drumlines, que são basicamente iscos que atraem os tubarões que, quando os mordem, ativam um sistema que alerta a guarda-costeira para a sua presença.

Não é surpreendente que a Austrália seja o país do mundo onde acontecem mais ataques deste género. Em 2020, por exemplo, registaram-se um total de oito mortes, de um total de 57 ataques não provocados que se verificaram em todo o mundo, 18 deles na Austrália. Um máximo apenas superado em 2013, quando se registaram 12 mortes.

Parte da população tem apelado ao abate imediato do tubarão responsável pelo ataque, embora isso só pudesse ser possível mediante uma licença especial emitida pelas autoridades responsáveis pela conservação e proteção animal do país.

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