Se sofre de demofobia — medo de multidões e grandes e reuniões de pessoas —, é melhor manter-se bem afastado de Prayagraj, na Índia, entre 13 de janeiro e 26 de fevereiro de 2025. Neste período, o local receberá mais de 100 milhões de hindus e visitantes de outras partes do mundo para o que é considerado o maior encontro humano do planeta.
O Kumbh Mela é uma das mais significativas peregrinações do hinduísmo e ocorre a cada 12 anos em Prayagraj (antiga Allahabad), no norte da Índia. Atrai milhões de fiéis a uma faixa de areia na confluência dos rios Ganges, Yamuna e Saraswati— e a próxima edição acontece já em janeiro de 2025.
Conhecido como o festival onde ninguém é convidado, mas todos aparecem, envolve Prayagraj com uma energia espiritual singular. Os dias são repletos de cânticos, batidas de tambores, flores que fluam no rio como oferendas e mergulhos nas águas sagradas, que, segundo a crença, purificam os pecados e oferecem salvação.
Esta celebração pacífica, classificada como Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2017, assenta numa lenda hindu: uma batalha entre deuses e demónios por um jarro (Kumbh) que continha o néctar da imortalidade. Algumas gotas deste elixir teriam caído em Allahabad, Nasik, Ujjain e Haridwar, originando a tradição de peregrinação. As quatro cidades recebem, alternadamente, o Kumbh Mela, reconhecido como Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2017.
O evento é marcado por rituais como o Shahi Snan (banho real), o ponto alto da celebração, onde os devotos mergulham na confluência dos rios sagrados, como forma de purificação. Em datas específicas, chamadas Snan Parv, os devotos também bebem água do Ganges, Yamuna e Saraswati, que acreditam conter o néctar da imortalidade — apesar de estar fortemente poluída.
“Embora seja considerado sagrado mergulhar nas águas durante o Kumbh Mela, há datas específicas que têm um significado especial. Esses dias testemunham procissões magníficas, com santos e membros de várias ordens religiosas”, lê-se no site do governo indiano sobre o festival.
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O Kumbh Mela oferece ainda uma oportunidade única de observar tradições ancestrais indianas. Os sadhus são ascetas religiosos, mendigos ou pessoas sagradas no hinduísmo, que renunciaram à vida mundana em busca da iluminação espiritual, também participam no festival.
Os akharas, grupos organizados de sadhus, desempenham um papel central no evento, onde organizam procissões, fazem discursos espirituais e conduzem sessões de meditação, sobre a filosofia e práticas hindus.
Para acolher a multidão, é erguida uma cidade temporária nos bancos de areia, nas margens dos rios, com alojamento em tendas, infraestruturas e serviços médicos.
O acampamento de luxo The Ultimate Travelling Camp Sangam Nivas, com 44 tendas requintadas, restaurantes diversos e atividades como sessões de ioga e passeios de barco. Está disponível entre 10 de janeiro a 5 de março e tem um custo aproximado de 900€ por noite.
A cada seis anos também se realiza um evento menor, o “ardha”, que significa “meio”. A edição de 2013 do Kumbh Mela, com cerca de 120 milhões de participantes, foi a maior até à data, enquanto o Ardh Kumbh Mela realizado em 2019 atraiu 55 milhões de pessoas. Embora mais pequeno, estabeleceu recordes como o maior desfile de autocarros (503) e o do maior número de pessoas a varrer o chão: mais de 10 mil.
O Kumbh Mela é também uma celebração da cultura indiana, sendo que a música, danças e exibições artísticas constituem outros dos pontos altos deste grande encontro. A primeira menção conhecida ao festival remonta ao século VII, e desde então, tem atraído cada vez mais participantes. Todas as informações sobre o evento estão disponíveis online.
Como lá chegar
Apesar de não existirem voos diretos, é possível voar, com escala, até Prayagraj. Se partir de Lisboa, encontra bilhetes de ida e volta desde 717€, nas datas do evento. Caso apanhe o avião no Porto ou em Faro, há voos a partir de 1.200€ e 4.670€, respetivamente.
Carregue na galeria para ver algumas imagens de edições anteriores do Kumbh Mela.
