Uma mulher foi instruída para parar de amamentar o filho de cinco meses pela tripulação de um avião. O caso aconteceu com Chelsea Williams, de 28 anos, num voo do Reino Unido para Espanha, a 30 de julho — e está a causar várias discussões nas redes sociais. Em declarações à imprensa, a britânica confessou ter ficado “à beira das lágrimas”.
Chelsea Williams e o marido viajavam com duas crianças, um bebé de cinco semanas e uma menina de dois anos. Escolheram, aliás, um voo mais curto e embarcaram por último para evitar que o bebé ficasse inquieto no avião. Optaram também por lugares na parte traseira do avião para terem mais espaço para o acalmar. Nem isso evitou problemas.
Entre as várias táticas para acalmar o bebé, procuraram amamentar durante a descolagem e aterragem, por se tratar de uma forma eficaz de evitar choros e a dor de ouvidos provocada pelas diferenças de pressão na cabine. Perante este cenário, a tripulação interveio.
A Chelsea foi pedido que parasse de amamentar o bebé. Mais tarde, o marido enviou uma mensagem para o serviço de apoio ao cliente da TUI, a perguntar se a mulher poderia amamentar durante a descolagem e a aterragem no voo de regresso a Manchester, que aconteceria no domingo a seguir. A companhia aérea respondeu que, embora “não existam restrições oficiais”, não o recomendavam “porque poderia deixar outras pessoas desconfortáveis”.
Para Chelsea Williams, uma engenheira de software do norte do País de Gales, a resposta foi “absolutamente chocante”. Sentiu que se tratava de uma “discriminação contra bebés e mães que amamentam”.
Rapidamente a história chegou às redes sociais e a indignação geral não demorou para aparecer — acompanhada, claro, com outras mães a partilhar as suas experiências de amamentação em aviões.

Segundo Henry Heming, porta-voz da Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido, responsável pela regulação da segurança aérea, “não existem restrições regulamentares à amamentação durante a descolagem e a aterragem”, sendo que não é “considerado uma questão de segurança”.
“É antiético e imoral negar a um bebé de mama o acesso a comida, líquidos e conforto ao desencorajar a amamentação responsiva”, afirmou Lyndsey Hookway, consultora de lactação no Reino Unido, quando questionada sobre o incidente. Para a consultora, existe duplicidade de critérios quando se trata de amamentação: “Não desencorajaríamos a alimentação com biberão no voo, nem recusaríamos permitir que as pessoas chupassem rebuçados durante a descolagem e a aterragem.”
Esta terça-feira, 15 de agosto, um porta-voz da TUI, afirmou que a companhia “lamenta profundamente a aflição causada à Sra. Williams e ao seu bebé”. “Como uma companhia de viagens amigável para famílias, apoiamos a amamentação nos nossos voos, seja em que momento for”, acrescentou a empresa. “Estamos atualmente a realizar uma investigação interna urgente e vamos garantir que todos os colegas sejam reeducados sobre a nossa política de apoio à amamentação.”
Já no voo de regresso da TUI, Williams voltou a amamentar o bebé, sem que ninguém a tentasse impedir. No entanto, a britânica espera que a sua história motive a companhia aérea a melhorar a formação dos seus funcionários para lidarem com situações como a sua e a “incluir uma declaração de que a amamentação é encorajada a bordo no seu briefing de segurança/boas-vindas a bordo de todos os voos”.
Acrescentou que espera agora que a TUI lhe peça desculpas, explique porque é que o funcionário afirmou que amamentar durante a descolagem e a aterragem era inseguro e esclareça se essa regra “também se aplica a bebés alimentados com biberão, adultos a comer ou a beber durante a descolagem”.