Foi um valente susto, mas o pior já parece ter passado. Claro que os próximos dias serão ainda importantes para vigiar e rastrear possíveis novos casos, mas tudo indica que a Nova Zelândia poderá estar novamente livre de Covid-19 e pronta para regressar em breve às rotinas normais que praticou em dezembro, e que fizeram inveja em todo o mundo.
O tal susto começou há uma semana: depois de mais dois meses sem novos casos de coronavírus, o país longínquo onde tudo parecia ter passado, sobre cujo caso de sucesso a NiT escreveu — um retrato de dias passados sem máscaras, em esplanadas e concertos — faz notícia na passada segunda-feira em todo o mundo por voltar a ter um caso do novo coronavírus.
Além de viver durante meses com as fronteiras fechadas a todos os cidadãos não nacionais — exceção feita a um corredor de viagens com a Austrália —, um encerramento global que aliás já foi anunciado para continuar em 2021, o país tem ainda uma regra de quarentena em hotéis aos tais cidadãos nacionais quando regressam.
Esta parecia quase infalível até à passada semana, quando foi registado o primeiro caso positivo fora de instalações de quarentena desde 18 de novembro do ano passado, depois de uma mulher de 56 anos, que recentemente voltara da Europa, ter acusado positivo num teste. Segundo vários meios locais, tal como é obrigatório e acontece a todos os viajantes, a mulher em causa passou 14 dias em quarentena e deu negativo duas vezes — uma ao chegar ao seu país e outra a meio deste período — antes de voltar para sua casa, a 13 de janeiro.
O contágio poderá ter sucedido no próprio hotel da quarentena, onde acontece pontualmente haver positivos — terá aliás havido um outro nos últimos dias, mas é algo relativamente usual, sendo feita a bolha e cortada a rede. No entanto, no caso desta mulher ela só começou a desenvolver sintomas depois de abandonar o hotel, e apesar de governo local ter logo afiançado que não havia provas de que o vírus se estivesse a espalhar na comunidade, havia esse risco, devido ao período de tempo em que fez vida normal sem saber estar infetada.
Ainda faltarão alguns dias para se ter a certeza absoluta de se não houve mesmo contágios em comunidade, mas até agora tudo parece bem; segundo o “France 24″, a Austrália até já reabriu mesmo a sua bolha de viagens com a Nova Zelândia este domingo, 31 de janeiro, depois de o país vizinho não ter relatado nenhum novo caso Covid-19 adquirido localmente nos últimos dias.
No entanto, à cautela, acrescentou novas medidas de triagem. Ainda assim, as chegadas da Nova Zelândia são agora novamente “consideradas de risco suficientemente baixo, dada a forte resposta da saúde pública da Nova Zelândia à Covid-19 “, disse o diretor médico australiano Michael Kidd citado pelo canal.
A Nova Zelândia foi um dos países mais bem sucedidos do mundo no combate à Covid-19: com uma população de cerca de cinco milhões, teve pouco mais de 2.200 casos de coronavírus, dos quais apenas 25 pessoas morreram, devido a uma ação sempre firme e imediata.
A NiT já lhe explicou como tudo isto foi possível: foi a 2 de fevereiro que morreu, nas Filipinas, a primeira vítima de Covid-19 fora da China e no dia seguinte a Nova Zelândia já iniciava restrições. O país esteve entre os primeiros a conseguir domar a pandemia e em maio já parecia ter a situação controlada. Ainda voltaria a registar casos mas nunca mais perdeu o rumo e o facto de ter agido cedo e em força ajudou.
A 25 de março, com apenas 102 casos confirmados, a Nova Zelândia assumiu um confinamento severo, restrições brutais a voos de fora e todas as medidas de distanciamento social que hoje conhecemos. O facto de ser um arquipélago foi uma ajuda na hora de travar o contágio: o país colocou-se em alerta máximo cedo, nunca desvalorizando o problema.
Os resultados estão à vista e não é apenas no mercado de emprego, já quase em níveis pré-pandemia. No passado sábado, dia 16 de janeiro, perto de 20 mil pessoas juntavam-se em Waitangi para um concerto. Foi o primeiro de seis concertos na tour de verão dos Six60. A banda neo-zelandesa subiu ao palco e milhares de pessoas dançaram sem distanciamento social.
Em setembro, a economia já recuperava, assinalando um crescimento de 14 por cento. No entretanto, a vacina também está a caminho: a urgência que têm não é a mesma do que no resto do mundo, mas a partir de abril já começarão a vacinar a população.