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Novo resort ultra luxuoso no Mar Vermelho parece saído de um filme de ficção científica

O Shebara é a quarta inauguração do Red Sea Project, o megalómano e controverso empreendimento turístico na Arábia Saudita.
Simplesmente surreal.

A “lenda do Mar Vermelho” é um dos relatos mais significativos da Bíblia, mais precisamente do Livro do Êxodo. De acordo com a narrativa, os hebreus, sob a liderança de Moisés, fugiram da escravidão no Egito após terem sido alvo de dez pragas. Quando estavam prestes a ser alcançados pelo exército do faraó, que se arrependeu de os ter libertado, encontraram-se encurralados entre as águas do Mar Vermelho e os soldados egípcios.

Segundo consta, Moisés recebeu ordens divinas para levantar o seu cajado sobre as águas. Quando o fez, soprou um forte vento oriental que dividiu o mar e permitiu a travessia dos hebreus por terra seca. Ao chegarem à outra margem, Moisés levantou novamente o cajado e as águas desceram, afogando o exército egípcio. Alguns investigadores, como Carl Drews e Weiqing Han, autores de um artigo publicado em 2010 na revista científica “Plos One”, propõem que possam existir explicações naturais para este episódio: ventos intensos que poderiam ter criado uma passagem temporária em zonas rasas do mar.

Contudo, a divisão do Mar Vermelho continua a ser considerada um milagre por muitos crentes — a travessia permanece uma poderosa metáfora de fé e salvação na tradição judaico-cristã. Ainda que esta história bíblica carregue um profundo significado religioso e cultural, está a ser escrita outra, a de um plano desenhado por homens que alguns classificam como “milagre dos tempos modernos”, o Red Sea Project.

Este ambicioso empreendimento turístico está a nascer na costa do Mar Vermelho, na Arábia Saudita, com o intuito de “transformar a região num destino de luxo sustentável”. Lançado em julho de 2017 pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, no âmbito de um plano mais abrangente e controverso, o Visão 2030, o projeto abrange uma área de aproximadamente 28 mil quilómetros quadrados, mais de 90 ilhas preservadas e uma linha de costa de 200 quilómetros.

O principal objetivo é o de “diversificar a economia da Arábia Saudita, reduzindo a dependência do petróleo e promovendo o país como um destino turístico internacional ultra luxoso”. A previsão é que esteja concluído em 2030, e incluirá 50 hotéis, oito mil quartos, mil propriedades residenciais, além de um aeroporto internacional — que entrou em funcionamento em setembro. O desenho dá prioridade à preservação ambiental e inclui estratégias para proteger os recifes de corais e os habitats deste frágil ecossistema.

Entre os quatro resorts que já se encontram em funcionamento, há um recém-chegado: o Shebara, na ilha privada de Shaybara, desenvolvido pela Killa Design. Inaugurado a 11 de novembro de 2024, destaca-se pelo luxo sustentável e inovação arquitetónica. 

O Shebara, composto por 73 villas — 38 sobre o mar e 35 na praia —, destaca-se pelas suas esferas de aço inoxidável que parecem flutuar na água. Semelhantes a orbes, integram-se perfeitamente na paisagem graças à refração da luz.

As villas distribuem-se em várias tipologias: T1 ou T2, no caso das flutuantes; T1 a T4 na praia. O empreendimento inclui um spa com cinco salas e tratamentos inspirados nas pérolas negras do Tahiti, que remetem para a arquitetura do resort; um ginásio aberto 24 horas; uma piscina para famílias e outra reservada a adultos e kids club.

mar vermelho shebara
O futuro é hoje.

Entre as atividades aquáticas disponíveis, destacam-se o snorkeling, mergulho, aulas de catamarã e E-Foiling “em algumas das águas para mergulho mais preservadas do mundo”, adianta a Red Sea Global (RSG), proprietária e gestora do espaço. A oferta gastronómica inclui cinco restaurantes: o iki.roe (cozinha japonesa), o Ariamare (cozinha mediterrânica, sob o comando do chef Marco Garfagnini, com estrela Michelin), a brasserie Lunara, o Saria Pool Bar & Grill e o Solera, um bar de piscina exclusivo para adultos, com cocktails sem álcool.

Com a sustentabilidade como um dos pilares fundamentais, toda a energia do resort é fornecida por uma central solar própria, e a dessalinização da água é feita através de uma instalação também a energia solar. A gestão de resíduos é inteiramente feita na ilha, minimizando o transporte de materiais. 

“Este resort de luxo, verdadeiramente singular, concretiza o nosso compromisso com um design inovador e sustentável e representa um marco para o turismo saudita”, salienta John Pagano, CEO da Red Sea Global.

Os preços das estadias começam a partir dos 2200€ por noite e as reservas já estão disponíveis online

Como chegar lá 

O acesso ao resort, a 25 quilómetros do continente, é feito através de um voo de hidroavião (30 minutos) ou de barco (30-40 minutos) a partir do Aeroporto Internacional do Mar Vermelho (RSI).  

A partir de Lisboa, há voos de ida e volta, com escala no Dubai, desde 1110€. Se viajar do Porto ou Faro, as viagens de ida e volta, com duas paragens, começam ambas nos 1270€.

Carregue na galeria para ver algumas imagens do novo resort de luxo no Mar Vermelho.

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