No último dia da viagem, quando estava no Egito, Ruben Sousa decidiu ir cortar o cabelo a um barbeiro local. Desde que começou a aventura no Médio Oriente, no final de agosto, que o jovem português quis viver experiências autênticas nos países por onde passou — mas nem todas foram boas.
“Acho que o corte de cabelo foi a pior parte da viagem”, confessa à NiT o jovem de 22 anos, natural de Castelo de Paiva, que trabalha em manutenção industrial. A experiência começou bem, com direito a massagens na cabeça e no pescoço, mas não terminou da melhor forma.
“Foi a maneira de terminar mal tudo o que estava bem. O meu cabelo estava muito bonito e grande, mas ele cortou muito e onde não devia”, diz, entre risos. “Claro que disse que gostava, porque isso é a lei dos barbeiros. Só depois quando saímos é que dizemos mal”, brinca.
Embora a viagem tenha terminado desta forma, a verdade é que Ruben viveu momentos inesquecíveis ao longo dos 24 dias em que esteve a viajar pelo Médio Oriente. Tudo começou em agosto, quando decidiu organizar uma viagem pela Europa e teve a ideia de se aventurar num Interrail pelo leste europeu.
A ideia, no entanto, acabou por perder força e de um momento para o outro, decidiu alterar a rota. “Gostava de ter feito o leste europeu e ter começado na Turquia”, partilha. “Cheguei a comprar um voo para iniciar o Interrail na zona da Capadócia, só que se aproximando da data, deixei de achar piada e já que tinha a viagem comprada, decidi fazer o Médio Oriente.”
Sem rota e nada planeado, partiu para a Turquia a 14 de agosto e durante 24 dias conheceu também a Jordânia e o Egito. Desde o início que o objetivo era ter experiências realistas e ao longo deste mês, foi precisamente isso que fez.
“A Turquia é muito grande, por isso para mudar de cidade às vezes eram duas horas de viagem de autocarro e fazia-o à noite para ter onde dormir”, explica. Contudo, houve várias noites que passou num alojamento ou mesmo na rua, quando chegava tarde a uma região e não tinha tempo para reservar um hostel.
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Ao longo de quase um mês, Ruben só decidia para onde ia quando acordava. Tinha algumas experiências e monumentos que queria visitar em mente, mas também queria conectar-se com a comunidade local. E o que não faltaram foram amizades pelo caminho.
“Conheci um rapaz chinês no aeroporto de Istambul e andei vários dias da viagem com ele. Tivemos várias experiências caricatas”, confessa. “Chegámos a alugar um carro na Jordânia e tive de conduzir. Na Turquia também alugamos uma Moto 4 e ele nunca tinha conduzido.”
Os vídeos da dupla improvável tornaram-se rapidamente virais no Instagram de Ruben, e houve quem pedisse uma série só a acompanhar as peripécias dos dois amigos.
Todos os dias, fazia também novas amizades com as pessoas que se cruzava na rua, sobretudo com miúdos e adolescentes — muitos deles já a trabalharem a venderem produtos locais, como chás.
Ruben chegou a andar de mota com alguns miúdos e saltar para o Rio Nilo com outros. Em Luxor, no Egito, conheceu duas crianças — uma de oito anos e outra de 15 — que estavam a andar de mota perto do hostel onde ficou hospedado.
Começou a falar com os dois, quase sempre a recorrer ao tradutor, e perguntou-lhes onde é que podia comer. Os dois acabaram por levá-lo, na mota, até ao McDonald’s e o português convidou-os para almoçar. “Os funcionários queriam expulsá-los, mas eu disse que estavam comigo”, recorda. “Quando regressámos à cidade, gabavam-se da fotografia que tínhamos tirado no McDonald’s e mostravam-na aos amigos”.

Todos os dias, Ruben provava também “comidas manhosas” na rua, que não sabe dizer o nome, mas recorda-se de ingredientes como carne, salada (sobretudo tomate), queijo e uma espécie de hot dog gigante. Embora algumas soubessem bem, com outras nem por isso e acabava sempre os dias na casa de banho.
Para além dos momentos mais autênticos, o jovem português dedicou-se também a experiências radicais. Nos primeiros dias na Turquia, por exemplo, fez parapente na cidade de Alanya. “É uma experiência muito fixe mesmo, mas também dá-nos uma sensação esquisita porque estamos ali no ar sem cair. Durou cerca de 15 minutos”
Todas as atividades que tinha vontade de fazer eram agendadas “em cima da hora”. Chegou a fazer ainda um passeio no deserto do Uádi de Rum, o maior da Jordânia, e um mergulho no Golfo de Acaba, na ponta norte do Mar Vermelho, entre a Península do Sinai e a Península Arábica.
“Vi bastantes corais, peixes e tudo isso”, recorda. “Até havia tanques de guerra que eles metem debaixo de água para formar corais e para as pessoas os conhecerem.”
O jovem regressou a casa a 6 de setembro e apesar de ainda não ter a próxima aventura pensada, sabe que vai acontecer mais cedo ou mais tarde — afinal, está habituado que as coisas aconteçam quando menos espera.
Carregue na galeria para ver algumas fotografias da aventura de Ruben pelo Médio Oriente.

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