A meio caminho de três fronteiras (Bélgica, França e Alemanha), Luxemburgo é um daqueles destinos que muitas vezes passa despercebido na hora de marcarmos uma viagem para visitar os mercados de Natal. Com apenas 2.586 quilómetros quadrados de área e com pouco mais de 600 mil habitantes, é um dos países mais pequenos da Europa — mas cabe lá o mundo todo.
Apesar do tamanho, acolhe pessoas de 160 nacionalidades diferentes e os estrangeiros representam mais de metade da população que vive atualmente na região — e cerca de 14,5 por cento são portugueses, com uma média etária de 36 anos, segundo os dados do Observatório da Emigração. Pelas ruas, ouvem-se inúmeras línguas, algumas delas incompreensíveis, outras que nos transportam de volta a casa.
Afinal, é impossível passear pela capital do Luxemburgo (sim, a cidade e o país têm o mesmo nome) sem ouvir falar português, seja turista ou não. Por outro lado, ao contrário do que estava à espera, poucos conseguiam comunicar em inglês. Pelo menos, foi com essa ideia que fiquei depois da escapadinha de fim de semana que fiz para conhecer um dos países mais pequenos da Europa, na altura mais mágica do ano: o Natal.
As temperaturas rondavam os zero graus, por isso, não tive a sorte de ver os edifícios da antiga cidade medieval fortificada sobre penhascos cobertos de neve — mas nem isso me impediu de sentir o espírito natalício a cada esquina. Felizmente, cheguei um dia após a inauguração do festival Winterlights, nome dado aos mercados de Natal no centro da cidade (todos de entrada gratuita), que aconteceu na passada sexta-feira, 24 de novembro. Nesse dia, transformou-se num verdadeiro paraíso de inverno, e assim ficará até 7 de janeiro.
Niklosmaart — Place de Paris
É o mais pequeno dos três, mas nem por isso deixa de ser igualmente mágico. Com apenas 12 chalés, a primeira atração que chama logo a atenção é a enorme árvore de Natal, decorada com velas e bonecos de gengibre. Numa banca perto dessa estrutura que decidi pedir uma famosa bratwurst — a salsicha de origem alemã servida num pão — para dar início a este roteiro gastronómico pelos mercados. Uma decisão que me fez poupar algum dinheiro, já que não foi tão cara como esperava. Custou 6€.
Já no chalé ao lado, não consegui resistir ao chocolate quente com chantilly, servido numa chávena natalícia que podíamos levar para casa (por 8,50€). Outra bebida que se via nos copos de muitos visitantes era o famoso vinho quente (conhecido como Glühwein), mas esse dispensei, até porque não sou propriamente fã.
Apesar da dimensão reduzida, o Niklosmaart conta ainda com uma casa do Pai Natal adorável, com dois pisos. É ali que os miúdos podem entregar a lista de presentes ao velhote de barbas brancas durante o dia. Já no segundo andar, são as bandas que animam todas as noites a partir das 18 horas, durante 120 minutos. Não ouvi nenhum dos temas clássicos desta época, mas deu para beber o chocolate quente ao som de “Jolene” e “Chasing Cars”.
O recinto do mercado estende-se ao lado oposto da estrada, onde se encontra mais meia dúzia de barracas decoradas e uma diversão temática para os miúdos. É ali a perdição dos mais gulosos: waffles, crepes com nutella e morangos cobertos com chocolate, tudo entre 4€ e 5€. Outro doce que vi em todo o lado foi o marshmallow, espetado num pau, para as pessoas aquecerem nas fogueiras ao ar livre que estavam espalhadas pelos cantos, tal como acontece nos filmes. Não vivi essa experiência, até porque não estava com vontade de dar 3€ por um pedaço de açúcar, embora tenha ficado tentada.
O melhor: o facto de ser mais pequeno faz com que seja mais acolhedor e aconchegante, sem grandes multidões e filas. A música ao vivo no final do dia também dá um ambiente mais animado ao espaço.
Wantermaart — Place de la Constitution
É, possivelmente, aquele que mais se vê nas fotografias quando se pesquisa pelos mercados de Natal no Luxemburgo. Afinal, é lá que fica a famosa roda gigante com 32 metros (7€) que oferece vistas incríveis para toda paisagem envolvente, que fica ainda mais bonita à noite graças às luzes natalícias. Contudo, há muito mais para fazer naquele que é o maior mercado do centro da capital.
A comida, claro, é uma das maiores apostas. Entre os mais de 40 chalés, muitos vendiam salsichas, vinho quente, hambúrgueres, sandes de salmão (que pareciam ser muito famosas, embora não tenha experimentado), peixe grelhado, ostras, pretzels e muitos outros doces. Aqui, decidi ficar-me só pelos morangos cobertos com chocolate de Kinder Bueno, que custaram 7€, mas havia outras opções mais baratas.
Além de contar com mais barracas, neste complexo há também mais diversões para os miúdos, como o típico carrossel de Natal, trampolins e uma árvore de Natal que, descobri mais tarde, não era só decorativa. Nas bolas gigantes que a enfeitavam, podia-se fazer um passeio mágico por 3€.
É no Wantermaart que fica também a famosa pirâmide de Natal, muito comum nos mercados alemães. Por experiência própria, o melhor é visitá-lo durante a hora de almoço ou da parte da tarde, já que à noite é praticamente impossível andar lá no meio devido à afluência de pessoas. Pelo menos, no fim de semana.
O melhor: além de ser o maior, é aquele que tem mais iluminação e acaba por ter mais coisas para fazer, graças às atrações espalhadas pela praça. A roda gigante como pano de fundo torna o ambiente mais mágico, mas a vista privilegiada sobre o Vale Pétrusse e a Ponte Adolphe é outro dos destaques.
Lëtzebuerger Chrëschtmaart — Place d’Armes
Se o anterior era o maior, este é, sem dúvida, o mais movimentado, talvez por estar situado numa das praças mais centrais da cidade. Apesar de não oferecer tantas atrações, destaca-se sobretudo pela oferta gastronómica. Encontra-se comida de todo o mundo entre os 35 chalés espalhados pelo recinto, como os stroopwafels dos Países Baixos (3€), os calzones da Itália (6€), a salsicha da Alemanha (5€) e os noodles da China (6€).
Apesar da diversidade, percebi que muitos visitantes comiam algo que nunca tinha visto na vida e que suscitou a minha curiosidade. Após umas três voltas pelo mercado descobri que se tratava do Gromperekichelcher (não me atrevi a dizê-lo), uma espécie de panqueca feita de batata, uma das especialidades de Luxemburgo. Paguei 7€ por três e o sabor é semelhante aos dos pastéis de bacalhau — mas sem o peixe.
No Lëtzebuerger Chrëschtmaart encontra-se ainda uma árvore de Natal, um presépio tradicional, um carrossel e um comboio de Natal para os miúdos, além de vários chalés a vender peças decorativas, brinquedos e roupa.
O melhor: um dos pontos fortes deste mercado é mesmo a oferta gastronómica, com sugestões para todos os gostos, de vários cantos do mundo.
A par dos mercados, que estão abertos todos os dias das 11 às 21 horas, a capital do Luxemburgo torna-se mágica assim que o sol se põe, por volta das 16h30. À noite, as árvores ficam iluminadas e parece realmente um cenário de conto de fadas.
Como lá chegar
Se gostava de viver a magia natalícia no Luxemburgo, ainda vai a tempo. Com partida de Lisboa, encontra bilhetes de ida e volta desde 60€. Assim que aterrar, só precisa de apanhar um dos autocarros que partem para o centro da cidade e sair na paragem de Verlorenkost. A viagem demora cerca de 30 minutos e o melhor de tudo é que é grátis: apesar de ser um dos países mais caros da Europa, não se paga transportes públicos no país.
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