Numa altura em que as viagens de comboio estão cada vez mais na moda, têm sido lançados projetos para melhorar ainda mais a rede ferroviária dos países — e as cidades europeias podem vir a ficar mais perto do que nunca. Tudo graças ao projeto revolucionário Starline, apresentado pelo think tank 21st Europe, que pretende reinventar completamente a infraestrutura do continente europeu.
O plano ambicioso deste grupo de reflexão, sediado na Dinamarca, prevê a criação de uma rede ferroviária de alta velocidade à escola europeia, que funcionará como um sistema de metropolitano, avança a “Euronews”.
Com o objetivo de ser um forte concorrente ao transporte aéreo, o projeto planeia ligar 39 destinos em países europeus, incluindo Lisboa.
Isto significa que, caso avance, será possível partir da capital portuguesa com destino a Madrid, Bordéus, Lyon, Milão, Roma, Zagreb, Sarajevo, Tirana, Atenas, Sofia, Bucareste, Chișinău e Kiev, tudo isto numa só linha. Depois haverá outras linhas que chegam a países como o Reino Unido, Turquia ou Finlândia.
“Um sistema ferroviário verdadeiramente integrado já não é apenas uma questão de conveniência, é uma necessidade estratégica para a resiliência da Europa no século XXI”, afirma o 21st Europe.
Concebida como um sistema de metro, a Starlin vai mudar “a forma como os europeus veem o seu próprio continente”, onde todas as ligações serão de fácil acesso.
O sistema é desenhado para operar entre 300 a 400 quilómetros por hora, com o objetivo de criar ligações de três horas ou menos, a preços “significativamente mais baixos” do que os voos de curta duração e os serviços ferroviários existentes.
A rede teria um total de 22 mil quilómetros e os comboios seriam azuis escuros para serem facilmente reconhecíveis. Ao contrário do que acontece nos transportes ferroviários atuais, as carruagens não seriam divididas por classes, mas por espaços para diferentes necessidades, como zonas tranquilas para trabalho e áreas para famílias.
Quanto às estações, estas seriam construídas nos arredores das grandes cidades e funcionariam também como centros culturais com restaurantes, lojas, salas de concertos, museus, recintos desportivos e espaços para eventos. “Cada estação vai servir como marco nacional, desenhado pelos arquitetos e designers mais visionários do respetivo país”, avançam.
Para a 21st Europe, o Starline é “a melhor oportunidade da Europa para atingir os objetivos de zero emissões líquidas até 2050”. Apesar de ambicioso, o grupo acredita que não é um projeto impossível e que poderá tornar-se realidade até 2040.
“Concretizar completamente o Starline iria provavelmente requerer uma vontade política mais forte, coordenação mais profunda entre os Estados-membros e um órgão central para supervisionar padrões, investimento e operações”, admite Kaave Pour, fundador do think tank.
O projeto prevê ainda uma experiência igual para o passageiro em toda a Europa, sendo que as empresas ferroviárias de cada país ficariam responsáveis por linhas específicas. Quanto ao financiamento, este poderia ser feito através de fundos europeus.
