No final da passada semana, chegou ao fim o suplício de milhares de islandeses: ao ocorrer num local onde não colocava casas ou localidades em perigo, a erupção do vulcão Fagradalsfjall, pela primeira vez em séculos, foi sobretudo e inesperadamente um motivo de celebração e uma oportunidade impressionante de ver a natureza no seu estado mais selvagem.
A celebração porque, nas semanas que antecederam o evento natural, grande parte da Islândia foi assolada por terramotos que estavam praticamente e deixar milhares de cidadãos à beira da loucura — como a NiT lhe relatou, os sismos eram tantos e tão constantes que em alguns locais não se conseguia dormir.
O motivo de tanta agitação era a erupção iminente do Fagradalsfjall; e na passada sexta-feira, 19 de março, ele acordou mesmo. O vulcão ganha o nome do local onde fica, Fagradalsfjall, uma península montanhosa a 30 quilómetros da capital Reiquejavique. Nas últimas semanas, aquela zona do país tinha registado mais de 40 mil sismos.
Quando pouco passava das 22 horas locais de sexta-feira, 20 horas em Lisboa, começou a erupção. Nas redes sociais foram partilhadas as primeiras imagens, com os céus em tons avermelhados, como a NiT relatou. As primeiras avaliações feitas pelo Instituto Meteorológico da Islândia davam conta de que a fissura tinha 200 metros de comprimento, mas a informação foi depois corrigida para uma dimensão de 500 a 700 metros.
As erupções chegaram a atingir 100 metros de altura, levando a proteção civil a alertar as comunidades mais próximas. O recado era simples: para que permanecerem em casa e fechassem as janelas devido à quantidade de dióxido de enxofre que iria circular. E, claro, para não se meterem em risco, ao procurarem ver ou fotografar o vulcão.
Apesar dos avisos das autoridades, muitos foram os islandeses, e não só, que se arriscaram a tirar fotos ou até filmar o fenómeno natural.
Entre fotógrafos profissionais, freelancers e cidadãos comuns, muitos conseguiram apanhar a lava a sair ou a fluir. Algumas pessoas posaram mesmo em frente à erupção, durante este fim de semana.
Nas redes sociais, junto às imagens conseguidas vinham relatos de verdadeiras aventuras para chegar ao vulcão. O fotógrafo italiano :@vincenzo_mazza_photography, relatou na sua conta que a área da erupção está bem longe de qualquer estrada aberta, no meio da paisagem agreste da península de Reykjanes, tendo conduzido sete horas do nordeste da Islândia para depois se aventurar sozinho na paisagem desconhecida até chegar ao local da erupção.
“Depois de mais de três horas de caminhada finalmente cheguei lá”, explicou, adiantando que teve cuidado mas assistiu a comportamentos mais irresponsáveis: “Muitas pessoas incrivelmente perto do vulcão, eu não podia acreditar o quão perto estavam”, adiantou.
Outro utilizador do Instagram, @fabi_an_fabi, explicou que ainda “não consegue acreditar” no que pôde ver no fim de semana.” Acho que é a coisa mais impressionante que já vi e experimentei. Primeiro, com um voo de helicóptero sobre a área e, depois, fui fazer uma caminhada com um amigo para entrar em ação. Passei horas a ver esta maravilha da natureza, até estar totalmente escuro”, adiantou.
Um dos registos mais impressionantes é o conseguido por um drone, com as imagens capturadas por um blogger de viagens@bsteinbekk, que conseguiu assim um vídeo que já foi visto mais de 400.000 vezes (o que se encontra a meio deste texto).
O magma expelido não atingiu uma área superior a um quilómetro quadrado e as fontes de lavas não foram muito extensas. Todas as estradas na região acabaram por ser cortadas de forma preventiva, mas pouco mais teve de ser feito.
Fagradalsfjall fica no sistema vulcânico Reykjanes, que não entrava em erupção há 800 anos. Especialistas na matéria afirmam que este poderá ser um início de um longo período de erupções naquela zona.
Nas últimas horas, as novas imagens mostram uma situação aparentemente bem mais calma, com muita da lava seca.
De seguida, carregue na galeria para ver algumas das imagens que foram partilhadas nas redes sociais nos últimos dias e que mostram bem a dimensão e o impacto na natureza do vulcão.