Viagens

Pais denunciam incumprimento da Xtravel na devolução de viagens de finalistas

A viagem a Punta Umbria, Espanha, prevista para 28 de março de 2020, envolvia 10 mil alunos.
Caso remonta ao início da pandemia.

Dezenas de pais de finalistas que tiveram a viagem a Espanha em 2020 cancelada devido à Covid-19 estão a denunciar o incumprimento pela agência Xtravel da obrigação de reembolso, tendo alguns já recorrido ao Provedor do cliente e à comissão arbitral.

Segundo a agência Lusa, a viagem a Punta Umbria, Espanha, prevista para 28 de março de 2020, envolvia 10 mil alunos e foi notícia nesse mês em que surgiram os primeiros casos de Covid-19 em Portugal. Isto porque a agência Xtravel quis adiar a viagem para dezembro e os pais, em protesto, enviaram uma carta aberta ao governo, que acabou por interditar viagens de finalistas e ordenar às agências o reagendamento ou a emissão de vales, válidos até 31 de dezembro de 2021, período após o qual podiam solicitar o reembolso.

Esta semana chegaram à Lusa dezenas de denúncias de pais que pediram o reembolso da viagem, porque não utilizaram o voucher proposto pela Xtravel, nem aceitaram reagendamento — mas que também não receberam a devolução nos 14 dias. Os pedidos foram feitos, como tinha de ser, a partir de 1 de janeiro deste ano, e os 14 dias são os que a lei dá a agência para cumprir a obrigação de pagamento, segundo o diploma aprovado em 2020 pelo governo.

“O pagamento ainda não aconteceu. Nem a mim nem a cerca de 60 pais/alunos do Colégio Santo André”, em Mafra, explicou à agência Maria Beatriz Gonçalves, que quer ser ressarcida dos 620€ que pagou pela viagem de finalistas do 12.º ano da filha, agora maior de idade, cancelada devido à pandemia.

Mauro Lopes, pai de outro aluno, diz que pediu a devolução à Xtravel também logo nos primeiros dias de 2022, por carta registada e por email, e que até hoje não recebeu nenhuma resposta ou devolução dos 620€. Adianta ainda que, na altura do cancelamento, contactou os hotéis em Espanha, a empresa que ía transportar os alunos e até artistas previstos para atuar no programa da viagem, e “todos afirmaram que o valor teria sido devolvido na íntegra” à Xtravel.

“Relativamente à devolução a algum dos 10 mil estudantes envolvidos, pessoalmente não tenho conhecimento. Através do grupo que foi criado entre os pais, percebe-se que estamos todos na mesma situação (à espera que uma empresa que arrecadou milhares de euros indevidamente devolva o que é nosso)”, escreve Maria Mourão.

A Lusa ligou para o contacto da Xtravel disponibilizado pela empresa e aparece uma gravação, ininterrupta, remetendo para o email das reservas e referindo não ser possível atender devido ao elevado número de contactos relacionados com o tema da devolução.

Contactada por email, na tentativa de indagar se haveria apenas um atraso no cumprimento da obrigação de devolução da Xtravel e se a intenção era a de ressarcir os lesados, mesmo que após o prazo de 14 dias, a empresa afirmou: “A Xtravel encontra-se bem ciente da sua obrigação legal de reembolso em face dos vouchers que nos forem apresentados. Relegamos, todavia, para momento e sede próprias, que se crê breve, os esclarecimentos devidos a prestar aos nossos clientes”, lê-se no comentário que esta manhã começou também a ser enviado pela Xtravel para o email de alguns pais, segundo contaram à Lusa.

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