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Passagem de Drake: o mar que aterroriza até os navegadores mais experientes

É conhecido por ter as piores condições meteorológicas marítimas, com ondas que podem ultrapassar os 12 metros de altura
É o mar mais temido do mundo.

A Antártida é o continente mais remoto do mundo. Tão isolado de tudo e de todos que, por vezes, até nos esquecemos que este território gelado no polo sul do planeta existe. E se há locais que foram feitos apenas para serem visitados e não para se viver, este é um deles. É de tal forma gelado que nem tem população permanente. Apenas os cientistas, exploradores e alguns turistas sedentos de aventura é que se arriscam a ir até lá. 

Fazer um cruzeiro pelo continente gélido e viver uns dias rodeados de pinguins é uma experiência única, mas a verdade é que visitar a Antártica é, para muitos, um sonho utópico. Além de longa, a viagem é bastante cara — e pode ser bem assustadora. Basta mencionar a Passagem de Drake para fazer tremer até mesmo os navegadores mais experientes. 

Conhecido por ser o mar mais temido do mundo e com as piores condições meteorológicas, a Passagem de Drake é a região marítima que divide a Antártida da parte sul da América do Sul. Com 650 quilómetros de largura, é a rota de navegação mais curta e direta entre os dois continentes, mas é preciso ter estômago para a enfrentar: as ondas podem ultrapassar os 12 metros de altura. 

Além das pequenas ilhas Diego Ramirez, não existem outras terras na mesma latitude que a Passagem de Drake, o que permite à corrente que dá a volta à Antártica circular livremente, fazendo com que o fluxo das águas seja 600 vezes mais intenso que o do rio Amazonas.

Este local, situado no oceano Atlântico e a alguns quilómetros da fronteira com o Pacífico, é conhecido por ser a região mais perigosa do mundo para navegar — e não ganhou esse título sem motivo. A verdade é que muitas embarcações já naufragaram no local e, em 2019, um avião militar chileno desapareceu por lá com 38 pessoas a bordo. 

Igualmente belo e instável, o mar é um lugar de vulnerabilidade e nunca se sabe o que pode acontecer quando se navega pelos oceanos. O grande motivo pela qual a Passagem de Drake é tão assustadora é precisamente a imprevisibilidade climática: até lá chegar, nunca se sabe como estará a visibilidade, o vento e a altura das ondas.

@mylifesatravelmovie

This is my 6th #drakepassage crossing and can confirm that yes, it is that bad. 🤢 Take Dramamine & you’ll be fine-ish! #antarctica #drakeshake #drakeshakechallenge #mylifesatravelmovie #bucketlist

♬ Titanic – Titanic

Os pilotos e comandantes, que precisam de passar por todo um processo de treino para navegar nessa área, podem enfrentar águas turbulentas, baixas temperaturas, ondas que variam entre seis a 10 metros, baixa visibilidade e fortes correntes.

As duas melhores amigas de 81 anos que decidiram dar a volta ao mundo em 80 dias contaram no seu blogue “Around the World at 80” como foi a experiência de chegar até à Antártida, que foi o primeiro destino desta aventura que começou em janeiro.

“Estamos a ter um muito difícil na Passagem de Drake, com ondas com cerca de quatro metros de altura. Estão a bater de lado, fazendo com que o barco gire muito. Tudo cai ou escorrega. Mesmo a tomar remédios, ficámos doentes. A maior parte do nosso dia foi passada na cabine, a segurar-nos. Começou no início da manhã e continuou durante mais algumas horas”, escreveram.

Ellie Hamby e Sandy Hazelip contam ainda que, enquanto estavam a comer, uma enorme onda, com cerca de sete metros de altura, atingiu o navio. “Todos começaram a escorregar e a bater uns nos outros e a maioria dos pratos partiu-se. Ninguém ficou ferido, graças a Deus”. A noite foi passada a escorregar da cama mas, após mais de 48 horas, o capitão do navio finalmente disse o que todos estavam à espera: já tinham sobrevivido à Passagem de Drake.

Antes de entrar nesta rota, toda a tripulação é avisada sobre os cuidados que deve ter: nada de objetos soltos nos camarotes e todos os armários devem estar trancados. Ainda assim, se o mar estiver mesmo bravo, é comum ouvir o barulho dos objetos a cair ao chão durante o percurso. No que diz respeito às deslocações pelo navio, devem ser sempre feitas com uma das mãos a segurar os corrimãos para prevenir quedas.

O nome do mar foi dado em homenagem ao explorador britânico do século XVI Francis Drake. Ironicamente, o navegador inglês nunca passou pela rota turbulenta, preferindo sempre a passagem pelo Estreito de Magalhães, sob águas mais calmas. A primeira menção da navegação de um navio pela Passagem de Drake foi a do navio Eendracht, do capitão Willem Schouten, em 1616.

@dana.travelstheworld

Getting rocked by the Drake Shake. Definitely one of my more terrifying experiences! #travel #quityourjob #ocean #antarctica #ship #drake #explore #adventure #traveltiktok #fyp #foryou

♬ Backsound Musik Tegang – Faid rafanda

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