Há empregos de sonho para vigiar ilhas ou auroras boreais, para tomar conta de focas, para viajar e fazer posts no Instagram, para vender livros nas Maldivas, para mudar a hora numa estação de comboios, para partir pelo mundo com uma pessoa desconhecida ou para beber gin enquanto passeia. Nos últimos anos, têm sido muitas as ofertas irresistíveis de vagas onde tudo o que tem de fazer é divertir-se, registar a sua diversão nas redes sociais e pouco mais. Nesta nova oferta, vinda diretamente da NASA, só tem mesmo de descansar, dormir e estar deitado: o sonho dos mandriões.
É verdade que não é tão simples e fácil como pode parecer, mas também não é o mais difícil dos empregos. A NASA e a Agência Espacial Europeia estão à procura de voluntários para se deitarem na cama durante dois meses, a ler e assistir a televisão (para se entreterem, não para efeitos do estudo).
O estudo é mesmo para perceber se as câmaras de gravidade artificial — nas quais ambas as agências estão a trabalhar para minorar os efeitos das viagens espaciais de longa duração — são viáveis. O valor pago pela experiência? Cerca de 16 mil euros, pelos dois meses.
Segundo o “Daily Mail“, o trabalho pretende saber mais detalhes sobre como a gravidade artificial afeta o corpo humano. As agências estão à procura de cerca de 24 pessoas, de várias idades entre os 24 e 55 anos, com boa saúde. É dada preferência a quem fale alemão.
Para conseguir os efeitos desejados, os participantes têm de fazer tudo deitados, incluindo ir à casa de banho. Durante todo o tempo, os especialistas vão analisar os aspetos físicos e mentais de estar tanto tempo nesta posição, com destaque para os efeitos nos músculos.
Atualmente, as pessoas a bordo da Estação Espacial Internacional têm de fazer exercícios físicos regulares com máquinas de resistência. Os cientistas testarão agora se as sessões diárias dentro de uma câmara de gravidade artificial poderiam ser usadas para impedir a deterioração dos músculos em missões de longa distância, a Marte ou até mais longe.
No fundo, além do dinheiro e da experiência, os candidatos participam na história da exploração espacial, ao ajudar a entender melhor os limites do corpo, para abrir portas para as viagens, cada vez mais longas, planeadas pelas agências.
Simular o espaço, a preparar as viagens que aí vêm
Citada pelo jornal britânico, a ESA afirma que, além do estudo das câmaras de gravidade artificial, esta pesquisa é essencial para compreender os danos que podem ser causados pela ausência de peso, radiação cósmica, isolamento e todas as restrições espaciais.
Para ajudar a simular a gravidade, os participantes estarão deitados com uma ligeira inclinação para trás, ou seja, com os pés acima do nível da cabeça, para que o sangue chegue em menos quantidade às extremidades do corpo, tal como aconteceria no espaço.
Metade dos voluntários será mesmo submetida a tratamentos semelhantes aos de uma câmara de gravidade artificial, rodados numa espécie de centrifugação.
As pequenas torturas acabam aqui, pois em tudo o resto será bem tratado: as agências oferecem material de leitura e entretenimento ilimitado, cursos online, além, claro, de comida e tudo o que precisar.
A pesquisa durará um total de 89 dias. Os voluntários vão passar por cinco dias de familiarização antes de se deitarem e, após a conclusão dos 60 dias, terão 14 dias de descanso e reabilitação.
“O uso de gravidade artificial pode ser a melhor solução para a proteção da saúde humana durante missões de longa duração no espaço profundo,’ diz, citado pelo jornal, o cientista Dr. Edwin Mulder, do Instituto DLR de Medicina Aeroespacial.
O jornal explica ainda que a microgravidade afeta de tal forma o corpo humano que os astronautas podem crescer até sete centímetros quando estão no espaço, pois as circunstâncias fazem com que as vértebras se distendam.
As candidaturas estão abertas até 24 de maio e pode contactar a NASA para mais informações.