A vida são dois dias, o Carnaval são três e no Rio de Janeiro, no Brasil, a festa e o samba duram um mês. Os preparativos para aquele que é um dos Carnavais mais emblemáticos do mundo já levam quase um ano de adiantamento e as celebrações estão prestes a começar. Já se sabe que, numa cidade onde o samba é rei, o calor é quase constante, as praias ficam do outro lado da estrada e os turistas são imensos, a farra só poderia ser bonita — e gigante.
Milhares de dançarinos das escolas de samba do país reúnem-se no Sambódromo do Rio de Janeiro, com cada carro e cada pessoa vestido e preparado ao detalhe: roupas brilhantes e decotadas, enormes chapéus ou coroas, pinturas extravagantes. Nas ruas, bares e praias do Rio, o Carnaval também é sinónimo de festejos efusivos e constantes.
Não há festa como no Rio de Janeiro, e todos os anos temos mais essa certeza. Uma celebração que se espera grande, tenta anualmente superar-se e em 2023 não será exceção. Especialmente depois de três anos em que não foi possível celebrar a 100 por cento.
No Brasil, nada deixou um sabor tão amargo quanto o cancelamento do Carnaval. A organização espera, agora, um regresso em grande, e prevê já a presença de dois milhões de turistas — além dos mais de 400 blocos organizados, principalmente nos bairros da Zona Sul e Centro. Fazendo as contas, estarão cerca de cinco milhões de pessoas naquela que é considerada a maior festa a céu aberto do mundo.
Diferente de outras cidades, que só vivem a festividade no dia exato do feriado, a Cidade Maravilhosa começa a entrar no clima desde janeiro. Há quem diga até que o ano só começa por aqui depois desta festa. De Sapucaí, com o espetáculo das escolas de samba, aos blocos, a cidade adota um ambiente descontraído e criativo. E não, não é exagero: a farra começa com o raiar do dia e vai até de madrugada.
Nas ruas, a menos de um mês, a cidade já respira samba e cultura. As músicas vão-se ouvindo e há centenas de bailarinos a ensaiar. Os detalhes estão mesmo quase prontos e não seria motivo para menos. Dentro de três semanas, o sambódromo carioca vai ser o palco para as performances de 27 escolas de samba. Agora, além de o Carnaval reafirmar a sua dimensão, será o regresso de alguns dos blocos tradicionais.
Os principais, os megablocos, terão lugar próprio para acontecer, com revista policial. Mais de 100 mil pessoas devem passar diariamente pela Avenida Presidente António Carlos, na região central, seguindo os trios elétricos de Preta Gil, Anitta, Ludmilla, Monobloco e Cordão da Bola Preta.
O município promete a maior estrutura da sua história. “Está tudo praticamente pronto. Vai ser o maior de todos os Carnavais”, garante Ronnie Costa, presidente da Riotur, o órgão responsável pela organização e produção das celebrações.
A logística inclui, por exemplo, fazer com que mais de 450 desfiles registados não se cruzem. Para facilitar a vida dos visitantes, a cidade vai lançar uma aplicação em português, inglês e espanhol com georreferenciamento e filtros para pesquisar informação por bairro, data e horário.
Será a primeira vez também que mais cortejos vão passar pelo centro comercial do que pela turística zona sul, a fim de democratizar e não atrapalhar a dinâmica urbana. As duas regiões concentram os principais blocos, mas em número quem ganha mesmo é a zona norte.
O próprio Sambódromo da Sapucaí também será modernizado. As luzes coloridas que dão efeito aos desfiles, testadas no ano passado, serão agora fixas, e haverá maior rigor para evitar que o som dos camarotes se disperse ou que muita gente se aglomere na pista — polémicas do último espetáculo.
Por ser uma festa elevada a outro patamar, a NiT juntou toda a informação para que não perca nenhum detalhe importante.
Desfile das escolas de samba
Nenhum evento de carnaval no Rio de Janeiro se compara ao desfile das escolas de samba, a atração oficial da festa carioca há 100 anos. Este é também um dos maiores símbolos da Cidade Maravilhosa.
Por ser um evento tão grande, visto por turistas, é uma das celebrações mais disputadas na cidade. Existe, aliás, muita gente que sonha ver de perto os carros alegóricos coloridos, as passistas (primeiro passo para se tornar rainha de bateria) e as rainhas de bateria (responsáveis por desfilar à frente dos instrumentistas) fantasiadas. Mas é importante também saber que esta é uma das festas mais caras da cidade.
As escolas de samba do Rio de Janeiro têm várias divisões. No sambódromo (no Centro do Rio), desfilam apenas as escolas do Grupo Especial (primeira divisão) e Série Ouro (segunda divisão, conhecida como Grupo de Acesso). Já o desfile da Terceira Divisão, organizado pela LIESB, acontece na Intendente Magalhães, na Zona Norte do Rio, e é conhecido como “Carnaval do Povo”, por ser gratuito. Os bilhetes das duas primeiras divisões podem custar entre os 17,70€ e os 287€.
Ao todo, 12 escolas de samba desfilam entre domingo e segunda-feira de carnaval (19 e 20 de fevereiro). Além dos desfiles no Sambódromo, há diversos bailes, blocos e bandas que fazem do Carnaval do Rio uma festa incomparável. As festividades arrancam logo na sexta-feira (17 de fevereiro) com a entrega simbólica das chaves da cidade ao Rei Momo, pelo autarca local.
Festas Populares
De sábado a terça-feira (18 a 21) são realizados, em pontos espalhados pela cidade, bailes ao ar livre. Assim, da zona norte à zona sul, o grande destaque é a alegria, a música e a descontração do povo carioca.
Blocos e Bandas
A Avenida Rio Branco, no centro, é considerada por muitos o coração do Carnaval. Este ano não é diferente. De sábado a terça (18 a 21 de fevereiro) vai receber vários blocos, isto é, alguns conjunto de pessoas que desfilam, de forma semi-organizada, muitas vezes vestidas com a mesma roupa. Já os bairros, principalmente aqueles da zona sul — como Gávea, Ipanema, Leblon, Copacabana ou Botafogo — prometem deixar todos fascinados. Aqui, basta chegar e participar de forma descontraída.
Tradicionalmente, cerca de 500 blocos invadem as ruas da cidade. Boa parte deles acontece no centro do Rio (também palco dos desfiles das escolas de samba). A zona sul, lar dos bairros mais turísticos da Cidade Maravilhosa, como Copacabana, Ipanema e Urca, é outro dos principais palcos dos blocos de carnaval do Rio de Janeiro. Se procura a opção perfeita para combinar a festa com as praias, este será o sítio ideal.
Concentração
Entre 17 e 21 de fevereiro, a concentração dos megablocos é feita às 7 horas, na Rua Primeiro de Março, no centro do Rio. Os desfiles começam às 8 horas e seguem até ao meio-dia. De acordo com a Riotur, “o circuito completo ainda não foi definido, mas devem ser feitas pequenas alterações no trajeto, que tradicionalmente passa pela Avenida Presidente Antônio Carlos [centro da capital], para facilitar a logística na hora de dispersão do público”.
Patrulhamento
A expetativa é que a Polícia Militar divulgue oficialmente o esquema de segurança para o Carnaval 2023 na próxima semana, mas já está certo que o patrulhamento será reforçado, e que a polícia vai montar um bloqueio para revista dos visitantes nas áreas próximas aos locais onde desfilarão os megablocos e no Sambódromo — tal como aconteceu na Passagem de Ano.
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