Os motivos para percorrer um itinerário de fé, como o famoso Caminho de Santiago, podem ser religiosos, turísticos ou culturais. O facto é que todos os que se aventuram com uma mochila às costas esperam uma peregrinação única e carregada de simbolismo — e o mesmo acontece com a Rota Mariana, uma viagem que combina “cultura, arte, espiritualismo, natureza e meditação”. E melhor: permite conhecer três países de uma assentada.
Em diferentes etapas, este percurso que atravessa três fronteiras permite visitar cinco santuários, em ambos os lados dos Pirenéus, numa única peregrinação: Pilar, Torreciudad e Montserrat, em Espanha; Lourdes, em França; e Meritxell, em Andorra. A ideia de unir estes locais sagrados surgiu há cerca de uma década, um projeto inspirado pelo antigo caminho “Pilar ‒ Torreciudad ‒ Lourdes”, percorrido durante muitos anos por peregrinos.
“Durante a celebração da Zaragoza International Exhibition 2008, chegou-se a um acordo para definir melhor o trajeto, que passou a incluir o Santuário de Montserrat”, começa por explicar à NiT Joaquim Bellido, um dos promotores da Rota Mariana.
Com vontade de fazer crescer (e divulgar) este tipo de turismo religioso, foi criada uma associação sem fins lucrativos composta pelos santuários que compõem o roteiro. Depois, em 2014, decidiu-se que o templo de Meritxell também poderia ser incorporado no percurso.
O projeto, que nasceu primeiramente com um caráter religioso, está a afirmar-se como “um produto turístico e cultural” que pretende mostrar, tanto a peregrinos como a outros visitantes, “o património histórico, natural e artístico”. “É um itinerário que mistura cultura e devoção, arte e espiritualidade, natureza e meditação, sendo visitado não só por crentes, como também por amantes de património e cultura”, garante.
Ao contrário do Caminho de Santiago, esta peregrinação pode ser feita de carro, mota ou autocarro. Isto porque as estradas de montanha dos Pirenéus dificultam bastante a concretização do percurso a pé ou de bicicleta — o que não significa que não possa fazer algumas etapas sem a ajuda de veículos. Há, inclusive, quem já tenha feito tudo de bicicleta.
Para os portugueses, o ponto de partida é Saragoça, “cidade com mais de dois mil anos de história, fundada pelo imperador César Augusto”, e onde pode visitar a Basílica del Pilar, “um dos monumentos mais visitados de Espanha”, com as suas cúpulas no interior pintadas por Goya. Depois, o objetivo do segundo dia da rota é passar por Torreciudad e chegar até Lourdes, a etapa mais longa de toda a viagem, com 352 quilómetros — as restantes têm, em média, 250 quilómetros.
Já no terceiro dia, poderá visitar o Santuário de Lourdes e aproveitar a manhã seguinte para chegar até ao Santuário de Meritxell. Daí até Montserrat serão 165 quilómetros, uma etapa que irá percorrer no quinto dia, antes de dar por concluída a peregrinação, que termina exatamente no mesmo local: Saragoça. “A Rota Mariana liga assim os grandes santuários marianos do nordeste de Espanha e do sul de França. Os cinco formam um círculo, um itinerário mariano que pode ser percorrido com toda a comodidade”, adianta.
O percurso inclui monumentos únicos (como o Castelo de Loarre ou o Mosteiro de San Juan de la Peña), cidades históricas encantadoras e paisagens naturais indescritíveis, como os Pirenéus. Os melhores meses do ano para realizar o percurso é entre abril e outubro, que correspondem também às épocas com maiores atividades e celebrações dos santuários.
Os peregrinos ou viajantes que visitaram os santuários incluídos da Rota Mariana podem obter o Passaporte da Peregrinação, uma pequena lembrança da passagem por este percurso. Em cada um dos locais sagrados, receberá um carimbo. O documento custa 1€, valor simbólico que se destinará à manutenção e conservação da rota, e pode ser adquirido nos postos de informação dos cinco santuários.
A seguir, carregue na galeria para ficar a conhecer os principais pontos turísticos da Rota Mariana.