Não é por acaso que ver uma aurora boreal está na bucket list de tantas pessoas. Lado a lado com uma visita a Machu Picchu, ao Taj Mahal ou fazer um safari. Ver o céu a encher-se de cores é realmente uma experiência única e inesquecível. O fenómeno pode ser tão impressionante que, às 23 horas, pode sentar-se a ler um livro na rua de tão forte que estão as cores no céu.
Só tem um problema: é caro. Muito, muito caro. Certo? Errado. A NiT fez um guia completo com tudo o que precisa de saber para ver uma aurora boreal este ano — mas sem gastar muito dinheiro. Neste roteiro low cost fomos à procura das viagens de avião, alojamento e tours mais baratas, sem nunca descurar na qualidade. Afinal, não é por não ter muito dinheiro que quer acabar num hostel terrível ou numa tour com um guia que não claramente não percebe nada do assunto.
A NiT fez um primeiro guia no início do ano, para se quisesse ir em março. Agora, atualizámos com preços para novembro, a melhor altura para as ver, e os preços são mesmo apetecíveis — é só arranjar coragem e fazer as malas, vai valer a pena.
Em primeiro lugar, o que é uma aurora boreal?
Nas regiões polares da Terra, há um fenómeno que transforma o céu numa mancha de cores. O verde e o vermelho são as cores mais frequentes, mas também podem ser amarelas, cor de laranja e azuis. Ou uma mistura de todas delas, também acontece. A probabilidade de ver uma aurora boreal é maior nas regiões mais próximas ao Pólo Norte, e resulta do contacto dos ventos solares com o campo magnético do nosso planeta.
O nome aurora boreal foi atribuído por Galileu Galilei: Aurora em homenagem à deusa romana do amanhecer, Boreal em tributo ao seu filho, Bóreas, o deus grego do vento forte.
Qual é o melhor sítio para ver uma aurora boreal
Não existe uma regra, fórmula ou truque de magia que lhe garanta a possibilidade de ver este espetáculo de luzes. Estamos a falar de um fenómeno natural, portanto a imprevisibilidade faz parte da experiência. Ainda assim, escolher o sítio certo e a altura mais apropriada pode ajudar.
Comecemos pelo melhor local. Garante a ciência que quanto mais a norte, melhor: Noruega, Suécia, Islândia, Alasca, Canadá, entre outras, são as regiões onde é possível ver uma aurora boreal, mas a Lapónia, que abrange territórios na Noruega, Suécia, Finlândia e Russa, está no topo dos melhores sítios para assistir a este fenómeno.
Há um local em particular que é frequentemente referida como um dos melhores sítios do mundo para ver uma aurora boreal: Abisko. Esta localidade com apenas 135 habitantes fica no norte da Suécia, bem perto da fronteira com a Noruega. Devido à sua localização, rodeada pelas montanhas de Kiruna e bem a norte do mapa, Abisko pode ser a escolha certa para assistir a este fenómeno.
Então e qual é a melhor altura para ver uma aurora boreal?
O fenómeno acontece 200 noites por ano, embora nem sempre seja visível. Entre o final de setembro e início de abril estão, de acordo com os especialistas, os meses mais apropriados para ver uma aurora boreal.
Podemos ser ainda mais específicos: de outubro a novembro e de fevereiro a março são os melhores períodos. Das 21 às 2 horas tendem ser as melhores horas para ver este fenómeno.
Quanto é que vai gastar para ver uma aurora boreal
Numa viagem como esta há duas coisas que tem de considerar: o bilhete de avião e o alojamento. Comecemos pela viagem. Para chegar a Abisko, tem de apanhar um voo para Estocolmo e de seguida um comboio para a localidade.
Aproveitando a nova funcionalidade do Google Flights, que permite ver as variações dos preços dos bilhetes de avião ao longo do tempo, fomos à procura da melhor data para fazer esta viagem — em fevereiro e março, claro, uma vez que são os melhores meses para ver uma aurora boreal.
Escolhemos uma escapadinha de sete dias. A melhor opção são as datas de 12 a 18 de novembro deste ano, segunda-feira a domingo. Com saída de Lisboa, o bilhete de avião de ida e volta começa nos 133€. Tem uma curta escala em Madrid mas é a melhor opção porque sai cedo de Lisboa e ainda chega a tempo de apanhar o comboio. Qual comboio? Já lá vamos.
Chegado a Estocolmo, tem de apanhar então um comboio para Abisko. Prepare-se que a viagem é longa — em média, 17 horas. É chato, mas é de noite (sai de Estocolmo pelas 18h, chega a Abisko de manhã), é a opção mais em conta para chegar lá e, lembre-se, há uma aurora boreal ao fundo. Os bilhetes começam nos 112€ por trajeto de ida ou de volta. 
Passamos para o alojamento. Uma das acomodações mais em conta é o Winterday Hostel, que tem seis dormitórios e dois quartos privativos. Para estas datas, uma cama numa camarata para seis pessoas fica por 276 coroas suecas, ou seja cerca de 26€, a noite — 104€ no total das quatro noites, portanto (não estamos a contar com as que passa no comboio). Se quiser ficar num quarto também com beliches mas duplo, numa cabana mesmo no centro de Abisko, também só precisa gastar cerca de 35€ por noite. Mas fazendo as contas com o Winterday:
Preço total da viagem: 349€.
Reservar ou não reservar uma tour para ver uma aurora boreal, eis a questão
Não há uma resposta certa para esta pergunta. Uns dizem que é mais seguro juntar-se a um grupo com um guia que percebe do assunto, outros garantem que não precisa disso para nada. A escolha é sua, portanto.
Se quiser ir sozinho, é começar a caminhar. Pode caminhar até ao porto da localidade e olhar na direção do monte Njullá. Garante por quem lá passou que o local é mesmo muito escuro, portanto tem boas probabilidades de conseguir ver uma aurora boreal. Para ver uma que seja de facto forte, porém, tem de afastar-se mais. É continuar a andar, portanto. Pode sempre também ir espreitando o site Webcam Aurora, que lhe permite ver os céus na região.
Não lhe agradou muito a ideia? Tem mais uma opção antes de render-se a uma tour. Há quem opte por ir até à Aurora Sky Station, que fica perto do Abisko Turiststation STF. Está à distância de uma caminhada — o local fica a 3,4 quilómetros do Winterday Hostel. Mais uma vez não é garantido que consiga ver uma aurora boreal mas de acordo com dados do próprio espaço, o fenómeno foi visível 70% das vezes.
Algumas pessoas queixam-se de que às vezes está um pouco cheio de mais e, bem, o bilhete é um pouco caro — a entrada fica por 66€. Ainda assim, pode ser um bom meio termo. E não se engane nas horas: tem de estar lá às 21 horas, sendo que a “sessão” termina à uma da manhã.
Para quem prefere juntar-se a um grupo organizado, também há opções em conta. Se o objetivo é pagar pouco, porém, o melhor é manter as coisas simples. A empresa Abisko Fjällturer, situada a menos de 300 metros da estação, tem um programa de três horas que inclui o passeio numa moto de neve, uma tour pelo parque nacional de Abisko e uma tipi (tenda característica dos índios americanos) para se abrigar enquanto espera pelas auroras boreais. O programa fica por 91€ por pessoa.
Sabia que está a ficar cada vez mais difícil apanhar uma aurora boreal?
Pois é, também temos de dar más notícias. Não, elas não estão a desaparecer — será sempre possível apanhar uma, no entanto há alturas (leia-se, décadas) melhor do que outras. Não vamos massacrá-lo com a explicação científica, mas o fenómeno está relacionado com o ciclo solar. Traduzindo as coisas em números, o ciclo solar atinge o seu máximo, em média, de 11 em 11 anos.
Já perdeu a oportunidade de apanhar as auroras boreais no seu pico — segundo a NASA, isto aconteceu em 2012. Desde então, a linha do gráfico tem estado sempre a cair — vai ser assim até 2020, quando atingir o seu ponto mais baixo e depois voltar a subir.
Apesar de poder sempre ver uma aurora boreal, quando o ciclo solar está no seu máximo o espetáculo é muito mais brilhante e intenso — tanto que há quem diga até que consegue ler um livro só com a luz de uma.
Mas não vamos desanimar. 2018 tem sido uma surpresa, e já há fotos por esses Instagrams fora que comprovam que elas andam em força. E como já dissemos, o ponto mais baixo será em 2020, por isso quanto mais cedo for melhor.
Há empregos onde lhe pagam para ver auroras boreais
E se tudo isto ainda lhe parece caro, nós resolvemos. Foram anunciados este mês vários empregos na Lapónia, que está a apostar em força no seu turismo de inverno, e alguns estão relacionados com auroras boreais. Isso mesmo, pode ser pago para as fotografar, ou fazer esperas a ver se aparecem.
No artigo onde noticiávamos os empregos, falávamos de um open day no início de setembro, mas mesmo sem esse dia agregador, é só procurar nas páginas de emprego da Lapónia — os anúncios são para toda a Europa e continuam lá.