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Taiwan quer receber cada vez mais portugueses — para estudar, trabalhar ou passear

O país procura integrar-se cada vez mais no mundo global e trabalhar em conjunto para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
Um mercado de Taipé.

Há mais de 500 anos, os portugueses passaram pelo atual Taiwan e chamaram-lhe simplesmente ilha Formosa. Apesar de não se terem estabelecido por lá, os taiwaneses usam ainda hoje essa designação com orgulho. E se para muitos portugueses este país asiático só é reconhecido pelas etiquetas a dizerem “Made in Taiwan” (feito em Taiwan), a verdade é que há muito mais para descobrir numa das regiões mais fascinantes do mundo — seja para passear, para estudar ou para trabalhar.

“Sabemos que os europeus gostam muito de praias, e temos várias boas, mas Taiwan tem também montanhas e boa comida. Acho que os portugueses vão gostar muito da nossa comida”, afirma Tsung-Che Chang, representante de Taiwan em Portugal.

O país tem feito um esforço enorme nos últimos anos no sentido de dar cada vez mais liberdade individual e económica aos seus cidadãos, tornando-se mesmo num modelo de referência em todo o continente. Hoje em dia, a verdade é que Taiwan é mesmo um destino maravilhoso para viver. Segundo o relatório “InterNations Expat Insider 2022”, é considerado o segundo país com melhor qualidade de vida e o quinto principal destino entre expatriados. Além disso, está em quarto lugar no índice mundial de liberdade financeira.

Ao contrário do que muitos pensam, esta liberdade estende-se a todas as áreas da sociedade — tal qual como existe nos países da nossa União Europeia. “Em Taiwan todas as religiões podem ser praticadas. Há até quem diga que temos mais templos do que McDonald’s”, adianta Chang.

Apesar da força da tradição na vida dos cidadãos, como costuma acontecer em todos os países asiáticos, a inovação transformou-se numa verdadeira obsessão para o estado. Um dos melhores exemplos desta ponte entre o passado e o futuro é o chá.

“Temos o melhor chá chinês, o oolong”, afirma o representante do país. “Normalmente este é feito lentamente, leva horas, e é um momento de convívio. Os jovens hoje não têm essa paciência, querem tudo mais rápido. Por isso, transformámos esta tradição num formato que dá para levar para qualquer lado de forma original. Agora é um sucesso em todo o mundo, incluindo Portugal. Estou a falar do buble tea. Os jovens adoram”.

O chá até pode ser um bom exemplo, mas a tecnologia é, sem dúvida, o maior cartão de visita de Taiwan no século XXI. Este setor representa cinco por cento do produto per capita do país. E dentro da tecnologia, uma das das principais áreas de desenvolvimento está ligada à produção de chips e semicondutores.

“É uma área complicada, pois precisa de uma cadeia de fornecimento muito completa. Levámos 40 anos a consegui-la e só existe em Taiwan. Alguns países procuram fazer o mesmo, mas não é fácil criar toda a estrutura necessária”, esclarece Chang.

Hoje em dia, esta indústria tem um crescimento tão forte, graças à grande procura destes componentes por parte das multinacionais, que o país não consegue dar resposta aos pedidos por causa da falta de recursos humanos. Por isso mesmo, o governo e as maiores empresas estão a realizar uma mega campanha de recrutamento de funcionários qualificados em todo o mundo.

“Faltam-nos muitos engenheiros, pelo menos 30 mil anualmente. Estamos focados em recrutar fora e sabemos que em Portugal há bons engenheiros. Podem ir para Taiwan viver”, acrescenta.

Além disso, Tsung Che-Chang reforça que em muitas das universidades existem cursos que são leccionados em inglês, por isso será especialmente fácil para um português optar por estudar em Taiwan e começar a sua carreira logo por lá. Até porque o custo de vida “é semelhante ao de Portugal”.

A integração na sociedade global do país vai muito além do turismo e da procura de mais mão de obra qualificada. Apesar de não fazer parte das Nações Unidas, Taiwan tem vindo a trabalhar há vários anos em projetos relacionados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Um dos grandes exemplos disso foi o programa de cooperação bilateral com São Tomé e Príncipe, que decorreu de 1997 a 2016. 

“Destacamos a nossa contribuição na luta contra o paludismo em São Tomé e Príncipe, projeto com o qual o país conseguiu integrar a lista dos países passíveis de eliminar a doença até 2025”, segundo o representante de Taiwan.

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Este artigo foi escrito em parceria com o Centro Económico e Cultural de Taipei.

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