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Transportes e hotéis lotados. Caos turístico em Lago de Como terá um novo problema este verão

De junho a setembro, uma das linhas ferroviárias da região vai ser encerrada. Os autarcas estão desesperados.

O verão ainda não chegou, mas a região do Lago de Como, na Lombardia, Itália, já está a ser “sufocada” pelos turistas. Os transportes estão lotados, as ruas cheias e os hotéis e alojamentos quase esgotados. Em menos de dez anos, registou-se um aumento de mais de 775 por cento de novos alojamentos, segundo o jornal italiano “QuiComo”. E a realidade, que não é recente mas que tem vindo a piorar, está a preocupar cada vez mais os residentes e os autarcas das várias localidades.

Há vários anos que a região luta contra o turismo desenfreado, que explodiu desde que várias celebridades, como o ator George Clooney, compraram casas ao longo da costa. A chegada do norte-americano, em 2002, trouxe um mediatismo internacional à região. Outro motivo deve-se ao facto de as paisagens do lago terem servido de cenário a filmes como “0007 – Casino Royale” e “House of Gucci”, além de se terem tornado virais nas redes sociais.

Em abril de 2016, a província de Como contava com pouco mais de 900 alojamentos, mas os números aumentaram exponencialmente. Este ano, deverá atingir um máximo de 8.751 unidades, entre hotéis, casas de férias e agroturismo. A verdade é que a quantidade de camas disponíveis para os turistas (437 mil) é quase igual à população residente, que conta atualmente com 598 mil habitantes.

Os ferries da região, que levam os turistas e residentes a destinos como Bellagio, Menaggio ou Cadenabbia, têm filas enormes, com mais de 100 metros — há quem consiga entrar, mas muitos ficam para trás. Quanto aos comboios, o excesso de passageiros é ainda maior, com dezenas de pessoas a empurrarem-se para conseguir entrar.

A situação, porém, tende a piorar entre 15 de junho e 15 de setembro. Durante a época alta, a linha ferroviária que vai de Lecco até Sondrio (que percorre 80 quilómetros num período de duas horas, passando por mais de 20 comunas) será encerrada para a realização de obras para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, que vão acontecer em Milão e na comuna de Cortina d’Ampezzo.

A solução será apostar em autocarros alternativos, segundo aponta o jornal diário “Il Giorno”, mas aí surge um novo problema: são menos espaçosos e mais perigosos, dado que vão ter de percorrer as ruas cheias de gente. Por este motivo, Mauro Manzoni, presidente da Câmara Municipal de Varenna, sublinha que não permitirá que estes transportes passem pelo centro histórico da vila.

“Estamos a mobilizar todos os recursos disponíveis para gerir a situação, incluindo polícias locais, polícias de trânsito e polícias de folga, mas não são suficientes”, explicou ao jornal italiano. “Imaginem se tivéssemos de deixar os autocarros passarem pelo centro. Quem pede isso não sabe do que está a falar.”

A comuna de Perledo, mesmo ao lado de Varenna, também partilha as mesmas preocupações. Mauro Gumina, vice-presidente da Câmara de Perledo admite que a região não está de todo preparada para o encerramento da linha ferroviária daqui a um mês e apela a um plano de segurança tanto para os turistas como para os residentes, “que têm o direito de circular, trabalhar e viver em condições aceitáveis ​​​​e não ficar à mercê das perturbações causadas por uma paralisação ferroviária de três meses, programada no período de maior afluência num período profundamente errado”.

Para além da mobilidade e do excesso de pessoas nas ruas, os autarcas enfrentam problemas de infraestruturas, de resíduos e de disponibilidade de habitação. Muitas regiões, inclusive, estão a ter a identidade cultural alterada com a saída dos residentes locais e a criação de novos espaços pensados ​​para os turistas.

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