É uma forma de turismo, de viver uma experiência única no mundo, e também de testar aquilo que a Astroland, uma empresa espanhola, acredita ser o futuro: a colonização humana de Marte.
Enquanto a NASA explora as maneiras de chegar e habitar o planeta, enquanto o milionário Elon Musk faz de tudo para lá morar, esta empresa decidiu dar um passo à frente. E criou uma estação numa grande caverna com a profundidade de um quilómetro (a localização exata ainda não foi revelada) algures na Cantábria, norte de Espanha. A cápsula pretende simular como é viver numa colónia humana em Marte.
O objetivo é, assim, testar novas tecnologias e treinar as habilidades necessárias para que tal fosse possível. Para isso, a agência procura dez pessoas interessadas em viver a experiência e comprar esta viagem ao futuro: ficando neste simulador, enfiado numa gruta, já a partir do verão. O preço a pagar por esta surreal forma de turismo? Dez mil euros.
No seu site, a Astroland diz ser a primeira agência interplanetária espanhola com a capacidade de testar novas tecnologias e desenvolver as habilidades necessárias para viver num ambiente como o do Planeta Vermelho.
“Porque o ambiente marciano é muito hostil com baixas temperaturas, ventos fortes e altos níveis de radiação solar, a maneira mais adequada de manter a vida humana é a inserção das colónias em tubos de lava ou sob a superfície marciana.” Precisamente o que a cápsula pretende recriar, ao estar numa gruta.
Passar uns dias na estação agora criada não vai saber a férias: a empresa projetou um sistema de treino seguindo as metodologias da Agência Espacial Europeia (ESA). As dez pessoas terão a oportunidade de experimentar as mesmas sensações que os astronautas, enfrentando desafios semelhantes.
“É uma aventura épica com objetivos científicos, mas também emocionais, da qual esperamos tirar novos ensinamentos para melhorar a sociedade atual. E contribuir com o nosso conhecimento para permitir que as pessoas vivam noutros planetas no futuro”, explica o CEO da empresa, ainda na página oficial.
A Astroland diz acreditar que a chegada a Marte envolverá a descoberta de um novo mundo e a criação de uma nova sociedade e que isso significa uma nova hipótese para os humanos aprenderem com os erros feitos na Terra.
Segundo o jornal “El País“, a empresa já foi apresentada ao público espanhol na feira de turismo FITUR, realizada em Madrid no final de janeiro.
Diz a publicação que a experiência, já apoiada pela região da Cantábria, é um ponto de encontro entre ciência e turismo, replicando as condições de uma colónia humana em Marte: com o pequeno detalhe de o simulador ser dentro de uma caverna, no sopé de colinas verdes e com águas cheias de peixes logo ao lado e não num planeta hostil, sem atmosfera, localizado a cerca de 225 milhões de quilómetros da Terra.
O projeto está a ser financiado por dois milhões de euros, todos de investimento privado, e as inscrições começam em junho, sendo já possível, e aconselhado, fazer o pré-registo no site.
A caverna tem 1,5 quilómetros de comprimento e 60 metros de altura. Lá dentro, as cápsulas de alta pressão servirão como laboratórios e quartos. O ar será artificialmente purificado como seria em Marte, a tecnologia será igual, os capacetes e fatos também, os “viajantes serão desinfestados” antes de entrar, todas as comunicações serão retardadas vários minutos, simulando o tempo que demoram a chegar ao planeta.
Os participantes aprenderão habilidades que incluem espeleologia, escalada ou o cultivo de plantas numa solução à base de água. As sessões de treino, cobertas pela taxa paga, também incluem psicologia e contingência.
Além dos dez mil euros, os interessados devem ter mais de 18 anos e estar preparados para ficar nas colónias-cápsulas-cavernas durante pelo menos três dias. E, se sempre sonhou viver em Marte mas não tem dez mil euros à mão, ou prefere esperar para ver como isto corre, não se preocupe: até ao final do ano, a agência pretende repetir a experiência várias vezes, sempre com novos candidatos.