Todos nós já sonhámos fazer uma viagem ao passado e ver com os nossos próprios olhos tudo aquilo que lemos nos livros de história. As máquinas do tempo ainda não foram inventadas, mas há um local em Badajoz, Espanha, onde é possível recuar uns séculos e viver “uma verdadeira experiência romana”.
Tudo graças às Termas Aqua Libera, um alojamento no município de Aljucén, a cerca de uma hora da fronteira de Caia, que recria uma casa romana de classe média. O domus, nome dado ao lar tradicional dos romanos, era uma residência particular criada para satisfazer as exigências requintadas dos cidadãos mais abastados, que podiam aproveitar uma casa confortável e esteticamente agradável.
Geralmente, era uma casa unifamiliar, com um pátio interior ajardinado, uma pequena piscina e uma zona de banhos termais. É esse cenário que vai encontrar no empreendimento turístico idealizado pelo casal Noemí Reina e Santi Martinez — ela, uma especialista em agricultura; ele, um arqueólogo.
Juntos, uniram esforços para “resgatar o melhor da vida na época romana”, agora com todos os confortos modernos. “O nosso objetivo é aproveitar novamente os espaços presentes na alta domus imperial, a sua arquitetura, a sua estética e gastronomia, tudo fruto de séculos de experimentação e de tirar o que mais gostavam dos povos conquistados, como a Grécia e o Egito”, explicam no site.
Assim nasceram as Termas Aqua Libera, inauguradas em 2006, um lugar “original e romântico” e uma das poucas acomodações existentes dedicadas à recriação histórica. “Tentámos ser fiéis à documentação escrita e arqueológica disponível, tendo em conta que fizemos tudo sozinhos. A casa romana era e é um lugar de diversão, mas também pode ser um lugar muito educativo”, referem.
O casal inspirou-se numa fonte em Portugal, chamada Libera, para dar o nome à casa — isso e por remeter à “liberdade”, uma “virtude que os romanos tinham, dar sem esperar nada em trocar e doar para que as pessoas que viviam ao seu redor fossem felizes”.
Para a construção do projeto utilizaram biomassa (caroços de azeitona) e energia solar para aquecimento. A arquitetura, por sua vez, é completamente bioclimática, com paredes grossas e bom isolamento.
“O nosso compromisso é utilizar praticamente todos os lucros em instalações e atividades, desde novos mosaicos, fontes, mobiliário, pinturas ou murais”, sublinha. Desde a abertura que têm crescido e a adicionar novas comodidades, como a piscina ao ar livre, um novo átrio, um restaurante e até um triclínio, nome dado à sala de refeições dos romanos, com três leitos à volta de uma mesa.
@tasteextremadura ¡TERMAS AQUA LIBERA! 📍Calle Real, 22. Aljucén (Badajoz). ⭐️ Ambientación romana. 💶 25-28€ por persona. #restaurante #termasromanas #romano #badajoz #extremadura
Atualmente, o alojamento dispõe então de um domus com três quartos romanos e três suítes com cozinha integrada, todos amplos e espaçosos. Depois podem ainda aproveitar o grande pátio com colunas, que inclui o viridarium (o jardim) com o natatio (a piscina), bem como o solário e uma pequena floresta que aproxima os hóspedes “do sentido mais puro do jardim romano”.
“O objetivo era replicar o reino da natureza exuberante. Aqui, plantas aromáticas, ornamentais e árvores de fruto formam um turbilhão de cores e tipos”, explicam no site.
Ao redor do pátio interior estão distribuídas as diferentes salas onde os visitantes aguardavam até serem recebidos. É um dos espaços mais bonitos do alojamento por ser “um elemento de representação” e uma das divisões mais frequentadas. O empreendimento dispõe de dois átrios, o azul e o vermelho, um em cada ala da casa. Nos meses de verão é precisamente no átrio vermelho, meio aberto e meio fechado, que costumam fazer massagens.
Os romanos acreditavam nos benefícios da hidroterapia. Nesse sentido, Noemí e Santi queriam reviver a antiga tradição de curar o stress através da água e recuperaram os banhos privados que tinham nas suas casas.
“Eram mais pequenos que os spas públicos, sendo que a maioria tinha apenas duas salas. Os nossos banhos são independentes dos quartos e não é preciso estar hospedado para usufruir deles”, adiantam.
Os banhos termais da casa consistem em três piscinas, com água morna, quente e fria. É na piscina morna que se realizam as massagens cirenaicas, “onde a sensação de leveza é fascinante enquanto o corpo é acariciado pela água e pelo trabalho da massagista”.
Para os romanos, os jantares eram também muito importantes e, geralmente, duravam horas. Um período bastante longo, tendo em conta a forma como estavam posicionados para comer: deitados sobre o lado esquerdo no triclínio, voltados para uma pequena mesa quadrada.
A sala de jantar romana foi recriada no jardim para reviver essa tradição. “É uma experiência que vale a pena, mas para algumas pessoas pode ser desconfortável, especialmente depois dos 50 anos”, avisam. O triclínio é perfeito para quatro a nove pessoas, já que as cabeças convergem para o centro e geralmente só há uma conversa em simultâneo, contrastando com a agitação das salas de jantar contemporâneas. No centro há um pequeno lago onde flutuam barcos com petiscos.
O alojamento costuma encerrar ao público no final de dezembro, mas vai reabrir já no próximo dia 28 de fevereiro. Para viver a verdadeira experiência romana, os preços da estadia começam nos 61€ por noite. Os hóspedes que chegam vestidos de romanos pagam apenas metade deste valor. Todas as informações estão disponíveis online.
Como lá chegar
A melhor forma de chegar ao alojamento de recriação histórica é mesmo de carro, já que fica a apenas 50 minutos de Badajoz que, por sua vez, fica a menos de 20 minutos da fronteira. De Elvas às Termas Aqua Libera, por exemplo, são apenas 94 quilómetros.
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