Diana Guedes, 31 anos, trabalha para a Emirates há quase oito. Licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais, nunca tinha pensado em ser assistente de bordo, até uma das melhores amigas ter sido aceite na companhia aérea, uma das mais cobiçadas por quem procura trabalhar a bordo de um avião.
O mundo é a segunda casa de Diana. A primeira, no Dubai, é paga pelos patrões: está integrada no pacote salarial. Não se pode dizer que Diana tenha abandonado uma carreira promissora na sua área de estudo: “exerço relações internacionais, numa base diária, ao mais alto nível. Literalmente. A 40 mil pés de altitude.”
O que fez antes de se juntar à companhia?
Para ser honesta, eu nunca tinha ouvido falar da Emirates antes. Quando entrei, em abril de 2011, não havia voos directos para Lisboa (que viriam a começar mais tarde, a 9 de julho de 2012). Pelo que o meu conhecimento sobre o Dubai era bastante básico. Conhecia o que todos conheciam e viam nas notícias. Sabia que o Dubai tinha o maior edifício do mundo, a ilha artificial em formato de palmeira, o hotel de sete estrelas. Uma cidade de luxo e opulência. As maiores companhias aéreas do Golfo começavam a recrutar em Portugal e uma das minhas melhores amigas tinha acabado de ser aceite para trabalhar na Emirates. Era um pacote de condições aliciante, um estilo de vida promissor e sem dúvida a melhor oportunidade para conhecer o mundo.
Sempre sonhou trabalhar no setor da aviação, ser assistente de bordo?
Nunca pensei em ser assistente de bordo. Sou licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais e tenho uma Pós-Graduação em Práticas Diplomáticas. Trabalhar em política sempre foi o meu grande sonho e acabei mesmo por estagiar no Ministério dos Negócios Estrangeiros em Portugal antes de ingressar na Emirates. Mas a vida dá muitas voltas, e a verdade é que exerço relações internacionais, numa base diária, ao mais alto nível. Literalmente. A 40 mil pés de altitude.
Como decidiu concorrer, como o fez e como foi o processo de recrutamento?
Se ser assistente de bordo nunca foi um sonho, já viajar era uma obsessão para mim. Desde muito nova que comecei a viajar para diferentes e novos destinos durante as minhas férias. A equipa de recrutamento da Emirates começava a recrutar em Portugal cada vez com mais frequência, mais ou menos de três em três meses, altura em que realizava os “open days” para todos os candidatos que estivessem interessados. Bastou-me então pesquisar online a data desse mesmo “open day” e tentar a minha sorte. O processo de recrutamento é muito directo. O meu conselho é que se vistam de forma elegante e se comportem de forma profissional, mas sobretudo sejam vocês próprios. Socializem, interajam e informem-se mais sobre a empresa e o País. Estejam preparados para reagir a situações de stress e nunca se esqueçam da importância de trabalhar em equipa.
Que rotas costuma fazer?
Para todo o lado. O mundo é a minha segunda casa.
Que países já conheceu neste emprego?
Se há uma coisa que eu adoro neste trabalho é o facto de eu poder começar a semana nas compras em Nova Iorque, desfrutar da praia nas Seychelles e terminá-la no Japão com um sushi delicioso. A Emirates voo para 161 destinos em 86 países. E eu já visitei grande parte deles. Para todo o lado.
Tem tempo para visitar, conhecer, tem escalas longas?
Na maioria dos destinos em que ficamos, a nossa estadia é de 24 horas. Se no início pode parecer muito curta, acabamos por nos habituar. E de cada vez que repetimos um destino procuramos fazer algo que não tivemos oportunidade de fazer na visita anterior. A vida de tripulante é sempre muito agitada e carregada de adrenalina. E eu adoro. Criamos a capacidade de aproveitar ao máximo num curto espaço de tempo
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Mora no Dubai ou usufrui da casa lá mas mora cá?
Todos nós, tripulantes, vivemos no Dubai. Quando começamos a trabalhar para a Emirates, a acomodação é providenciada pela empresa. Faz parte do pacote salarial.

O que teve de deixar para trás? Deixou alguma coisa?
Fisicamente sim. Deixei a minha família e os meus amigos para trás. Mas nada que as redes sociais não ajudem a resolver, fazendo-me sentir mais próxima deles. Os meus pais vêem-me deveras feliz com a vida que eu escolhi, por isso se eu estou feliz, eles estão felizes. E com dois voos diários para Lisboa estamos juntos uma a duas vezes por mês, o que ajuda a amenizar as saudades. Por outro lado, no Dubai ganhei uma nova família. O meu marido, também tripulante, é maltês e o meu excelente grupo de amigos portugueses fazem-me sentir em casa mesmo estando longe do meu País.
O que gosta mais na sua profissão? E menos?
O facto de conhecer o mundo se ter tornado tão acessível é o que mais gosto neste trabalho. Viajar tornou-se a minha maior paixão. Experimentar diferentes iguarias de diferentes países do mundo, o meu passatempo favorito. Mas sem dúvida que o jet lag é a parte menos agradável deste trabalho. Falta de sono e dormir durante o dia deixa-me mais cansada e demoro mais tempo para recuperar.
Costuma viajar fora do trabalho?
Eu gosto de passar os meus dias de folga no Dubai, com o meu marido e amigos, porque há sempre alguma coisa nova e diferente para fazer. E é verão o ano inteiro. Mas também aproveito a oportunidade para viajar para o exterior quando não estou a trabalhar.
Trabalhar especificamente com a Emirates, uma companhia vista pelo público muitas vezes como premium, mais luxo, é o que parece?
Os números falam por si. Temos 270 aviões, 104 dos quais são A380 (ou não fôssemos nós os maiores detentores deste modelo). Caviar e champagne D. Perignon são servidos em Primeira classe, bolsas da Bvlgari são oferecidas em classe Executiva e os passageiros de classe Económica podem desfrutar de ecrãs individuais com milhares de filmes, séries de televisão, notícias, músicas e jogos. E a melhor parte, televisão em direto e wi-fi. A bordo dos nossos A380, podem aproveitar os “shower spas” e o bar lounge exclusivo. As suites privadas em primeira classe fazem-nos sentir a bordo de um jacto privado. Além disso, se viajar nas classes premium, terá um motorista à chegada. E uma curiosidade, especialmente relevante para os portugueses, é que há vinho do Porto a ser servido em Primeira classe e Executiva. Cada vez que viaja connosco, procuramos que se sinta em casa. É por isto mesmo, que eu estou a ter a vida e a experiência que eu sempre quis e desejei. Viajar o mundo e absorver o que de melhor ele tem para dar.
E quais são os benefícios que tem enquanto assistente de bordo da Emirates?
Nós temos diferentes benefícios na companhia. O salário está dividido em três partes: o salário fixo, horas extra e compensação pelos voos que fazemos para o estrangeiro. O salário médio mensal ronda os 2115 euros, sem impostos. E todos temos 30 dias de férias por ano. O subsídio de refeição é atribuído na moeda do país onde fazemos escala. Hotel e transporte para o aeroporto é garantido pela companhia, assim como os nossos uniformes. Não os cobram e ainda temos direito a limpeza a seco do fato. Temos direito a casa mobilada à nossa escolha nos mais de 50 edifícios que a Emirates tem em várias zonas na fantástica cidade do Dubai.

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