Viagens

Volatus: a agência de viagens que promete aventuras imersivas em paisagens inexploradas

Sara e Tiago adoram viajar, mas preferem visitar menos países e deixar-se absorver pelas comunidades locais. Agora querem partilhar essa experiência com outros.
Conheça a Volatus, a nova agência de viagens.

“Volatus” significa voo em latim. A escolha reflete, com seria de esperar, os sonhos e paixões de Sara Bernardo (36) e Tiago Torrinha (38), fundadores do projeto que pretende ser mais do que uma agência de viagens mergulhada no “turismo convencional”. Lançado no início de dezembro, a 7 de dezembro, na Serra da Lousã, pretende especializar-se na criação “experiências autênticas, longe dos roteiros turísticos massificados”. 

Para Sara e Tiago viajar é mais do que ir de um lugar para o outro. É sobre explorar, aventurar, descobrir, sentir e ver o mundo de uma maneira única. “Viajar é entrar em imersão nas comunidades e descobrir paisagens inexploradas”, conta à NiT.

Desde pequena que Sara desejava explorar lugares que fogem aos roteiros mais comuns. A líder de viagem tem carimbado no seu passaporte imensas aventuras e histórias para contar. Já viveu em Itália, Reino Unido e na Indonésia. Trabalhou também para uma ONG em Moçambique e fez voluntariado em países como o Gana, Timor-Leste e no campo de refugiados de Calais. 

Nas suas viagens procura “experiências autênticas e transformadoras”, onde cada aventura possa ser uma “oportunidade de partilha de conhecimento e de inspirar outros a partirem à aventura pelo mundo e envolverem-se de forma consciente nas comunidades”.

“As ligações são criadas e fundamentadas com várias visitas e com laços que se estreitam. Só na criação destes laços é que nós passamos a conhecer o local onde estamos e só depois é que as pessoas se abrem e começam a partilhar algumas das suas histórias mais difíceis, assim como as suas necessidades financeiras, que não estão tão à vista de quem passa uma ou duas horas com as comunidades”, conta a líder de viagem. “Quando se consegue perceber as necessidades das pessoas, consegue-se contribuir de forma mais acertada e não simplesmente contribuir com dinheiro em projetos que não sabemos como é gerido e para onde vai.”

A Volatus tem como pilares a responsabilidade social e a sustentabilidade financeira. Esta proximidade com as comunidades locais levou-a a ser madrinha de duas crianças em sítios diferentes. Há dois anos, uma família da ilha de Uros, no Peru, convidou-a para ser madrinha de um rapaz que tem agora 4 anos. O contacto com o afilhado mantém-se à distância através do WhatsApp. Um dos compromissos de Sara como madrinha é garantir que esta criança tenha acesso à educação. 

Numa das muitas viagens ao Nepal.

“Será da minha responsabilidade quando ele for para a escola, ajudar nas despesas de educação. Naquela região eles têm acesso a uma escola mais simples e para irem para uma escola melhor têm que apanhar o barco todos os dias. Estas despesas dependem do orçamento familiar. Como madrinha contribuirei quando ele for para a escola”, explica a fundadora. Este ano, quando regressou ao Peru foi novamente convidada a ser madrinha de uma segunda criança, desta vez da ilha de Taquille.

Os viajantes que a acompanharam nesta aventura tiveram a sorte de assistir à cerimónia de batismo, um ritual sagrado em que se corta a franja ao bebé, se junta dinheiro e se enterra em casa. Inspirados por esta ideia de estar a contribuir para a educação do primeiro afilhado de Sara, os viajantes quiseram ajudar e contribuíram para a educação de mais duas crianças naquela comunidade.

Assim como Sara, Tiago procura romper com as viagens convencionais e ir a lugares pouco explorados. Fascinado pelo mundo outdoor, o guia de montanha vai à procura de experiências que testem os seus limites e tirem da sua zona de conforto. Praticante de atividades de montanha, foi na escalada que encontrou o seu lugar ideal. A possibilidade de aceder a paisagens inacessíveis fez desta atividade a sua maior paixão, levando-o a enfrentar as mais icónicas “paredes” do mundo, como os Picos de Europa até Tenerife, o parque de Yosemite e as agulhas da Patagónia. 

Os fundadores partilham o mesmo ponto de vista: não estão interessados em somar quantos países já conheceram. Viajar é mais do que fazer uma lista. Defendem um turismo lento, onde se visitem menos locais, mas que se conheça cada um deles com mais profundidade; isto apesar de já terem visitado mais de 30 países.

“Não me interessa quantos países fui. A mim interessa-me quanto tempo fiquei, o quanto aprofundei o conhecimento desse território e que ligações eu criei. No final de cada aventura é importante eu perceber o que trago comigo e o que deixo de mim”, diz Sara Bernardo. 

A Volatus promete viagens mais arrojadas e autênticas divididas em três categorias: imersão cultural, viagens outdoor e expedições. Enquanto o Tiago é um entusiasta do outdoor, Sara foca-se na imersão cultural. Esta complementaridade traduz-se nas propostas da marca. 

Tiago e Sara, os fundadores do projeto.

Nesta experiência, os viajantes vão poder ficar hospedados em casa de locais, conhecer e aprender a cultura de cada comunidade. Nesta categoria destacam-se as viagens ao Peru e Bolívia (com preços a rondar os 2685€) e Madagáscar (desde 2690€). A Indonésia será um dos países escolhidos para realizar esta experiência imersiva. 

Sara Bernardo viveu durante cerca de um ano neste país asiático e teve oportunidade de conhecer um seu lado mais inexplorado. Agora, no próximo ano, o objetivo é regressar acompanhada de um grupo de viajantes aventureiros como ela. Durante 21 dias, desde 2 de setembro a 22 de setembro de 2025, os viajantes vão poder conhecer três ilhas – Sumatra, Sulawesi e Sumba. 

Na ilha de Sumatra, Sara conheceu o povo Minangkabau, o maior grupo matrilinear do mundo, e no próximo ano pretende lá voltar, numa rota que percorre campos de arroz. Depois parte-se à procura das maiores flores do mundo, à observação da produção artesanal de tecidos e ourives, entre outras atividades. 

Na ilha de Sulawesi, destacam-se o trekking pela selva à busca do macaco Tarsius, na Reserva Natural de TangKoko, o snorkelling no mar de Bunanken, e conhecem as tradições dos Toraja, um povo conhecido pelas suas cerimónias fúnebres, onde a morte é celebrada como uma transição para a vida eterna, também conhecida como o Puya. Os falecidos são celebrados e os corpos não são enterrados, mas embalsamados e guardados em caixões que depois são pendurados em escarpas. 

A viagem termina na ilha de Sumba onde o grupo vai poder conhecer o povo Tau Humba, que vive numa aldeia conhecida pelo tradicional fabrico de vestuário, em que os homens vestem os “hinggi” e as mulheres usam “lau pahudu”. A aventura continua pela praia de Peru Kambera, pelos campos de cultivo que são trabalhados tanto por mulheres como homens, a cascata de Lapopu e campos de arroz. Em Prajiing, vão ser “recebidos pela comunidade com os seus sorrisos vermelhos, pois é tradição mastigar happa como símbolo de respeito e intimidade”, diz a fundadora e responsável por esta viagem. 

O grupo vai poder também conhecer as zonas mais remotas em trekkings, do fundo do vale aos cumes mais altos. Para o próximo ano, destacam-se as viagens ao Nepal (desde 2100€), tour ao Monte Branco (1580€) e ao monte Everest (2100€). 

Um dos lagos que pode visitar na viagem ao Evereste.

Segundo os fundadores, as viagens de expedições exigem uma complexidade logística, preparação física e têm um grau de incerteza elevado. Podem ainda ser descritas como viagens de aventura com um roteiro base, mas onde o espírito da imprevisibilidade vai guiar os viajantes para descobertas únicas e inexploradas. Tiago Torrinha explica que numa das viagens preparadas para 2026, à ilha de Baffin, no Canadá, os participantes vão demorar 12 dias a atravessar o vale.

De forma a preparar os grupos que queiram desafiar-se, a agência terá ainda o Outdoor Lab, em que as pessoas vão poder desenvolver as suas competências no mundo da exploração outdoor, através de atividades de aprendizagem de técnicas avançadas de montanhismo ou autonomia em trilhos. Esta opção ajuda os viajantes a progredir a nível técnico para que estes estejam melhor preparados para atividades como trekking, montanhismo, canionismo e alpinismo. A equipa conta ainda com a colaboração de João Fernandes, guia de montanha e formador do projeto Outdoor Lab. 

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