Os resultados da renovação megalómana levaram mais de uma década a surgir, mas estão finalmente à vista. Após 12 anos em obras e mais de 260 milhões de euros investidos, a Biblioteca Nacional de França (BNF) reabriu as portas em setembro para se mostrar em todo o esplendor. Não desiludiu.
A secção Richelieu foi alvo dos maiores esforços de recuperação do edifício que data do século XVIII. É ali que moram os departamentos que mantêm e exibem manuscritos, fotografias, antiguidades, música, mapas e milhares de medalhas e moedas históricas. Reserva, no total, mais de 20 milhões de objetos valiosos.
A renovação levada a cabo pela Bruno Gaudin Architectes reformulou os espaços interiores, de bastidores, mas sobretudo as zonas de exposição e de museu. Uma das estrelas é a Sala Oval, uma das mais imponentes salas de leitura da Biblioteca Nacional, que conta com novas estantes e um novo esquema de iluminação.
Outrora reservada apenas a estudantes e académicos, a sala está agora aberta a todos — e nem sequer é preciso pagar bilhete para entrar. É um dos marcos desta renovação. Outra sala renovada é a Labrouste, com as suas ogivas e colunas de ferro.
No interior encontra-se também a livraria do Instituto Nacional da História da Arte, ao lado de um museu que exibe mais de 900 artefactos, entre esculturas, fotografias e manuscritos de autores como Victor Hugo e Marcel Proust.
“A nova galeria envidraçada oferece uma visão do telhado, do céu e das cúpulas da Labrouste. O vidro translúcido dos pisos permitem que a luz penetre nos pisos inferiores e acentua a beleza da verticalidade da escadaria redonda”, referem os arquitetos responsáveis.
Existe também outra galeria de exposições, a Mazarin Gallery, com 45 metros de comprimento e cujos tetos estão repletos de frescos barrocos que datam do século XVII. É também local de exibição de alguns dos artefactos raros como o Trono de Dagobert.
Embora a Sala Oval esteja aberta ao público, o museu requer compra de bilhete. O preço começa nos 10€.
Uma breve história da BNF
O espaço foi criado para ser a biblioteca real oficial, depois de se perceber que os manuscritos não podiam ser armazenados no Palácio do Louvre devido à falta de espaço. No século XVII, por ordens de Luís XIV, foram transferidos para este edifício que era uma mansão privada.
Com o avolumar de obras, foi sendo necessário cada vez mais espaço e a biblioteca foi-se apoderando naturalmente das estruturas vizinhas, do Palácio Mazarin, do Hotel Tubeuf e da Galeria Mansart.
Mais tarde, no final do século XIX, o arquiteto Henri Labrouste foi contratado para projetar as salas de leitura. Uma obra que arrancou em 1875 e se prolongou até 1932, com o apoio de outros arquitetos como Jean-Louis Pascal e Alfred Recoura. Só em 1980 é que a Biblioteca National de França foi fundada com este novo nome e propósito, por mão do então presidente François Miterrand, que deu início à construção de outro espaço mais moderno, que hoje completa o par de locais da BNF em Paris.
Carregue na galeria para descobrir algumas das salas da renovada biblioteca de Paris.