Europa

A ilha abandonada (e assombrada) usada para isolar doentes durante a Peste Negra

Poveglia, em Itália, foi cemitério de mais de 160 mil vítimas desta doença, que matou milhões de pessoas por toda a Europa.
É uma das mais assombradas do mundo.

Há quem seja completamente fascinado por locais abandonados, pelas histórias que contam, pelas fotos incríveis, pela tristeza e nostalgia misturadas com a beleza. Por outro lado, há quem tenha um pavor, quase irracional, de tudo o que são ruínas. A verdade é que alguns desses lugares são tão perigosos que a entrada a visitantes é proibida. É o caso da ilha italiana de Poveglia, conhecida por ser uma das mais assombradas do mundo — e é precisamente por esse motivo que chama a atenção de todos os exploradores urbanos.

Poveglia é uma pequena ilha abandonada de 17 hectares, localizada entre Veneza e Lido, no norte de Itália. Apesar do tamanho, tem muita história para contar: foi utilizada como abrigo para guerras no século XIV; como lugar de isolamento durante a Peste Negra, no século XVIII; e ainda como hospital psiquiátrico. Diz a lenda que este é o pedaço de terra mais assombrado de Itália (e talvez do mundo).

Durante o século IX, a ilha começou a ser habitada principalmente por refugiados de Pádua e do Este. Com o tempo, as famílias locais começaram a dedicar-se à pesca. O declínio demográfico aconteceu no final do século XIV, na sequência da Guerra de Chioggia. Quando a cidade de Veneza (e Poveglia) foi atacada por Génova, durante os conflitos militares ocorridos entre 1256 e 1381, a maioria dos residentes da ilha fugiu para Giudecca, deixando-a abandonada até 1527.

Foi por volta dessa altura que começou a ser utilizada como local de isolamento para os infetados pela Peste Negra — e foi cemitério de mais de 160 mil vítimas desta doença, que matou entre 75 a 200 milhões de pessoas por toda a Europa. Segundo documentos históricos, se os italianos tivessem algum sintoma da peste, como febre, dores de cabeça ou calafrios, eram obrigados a ir para Poveglia e muitos acabavam por ser queimados vivos para evitar o contágio.

Em 1922, foi construído um hospital psiquiátrico na ilha, que acabou por ser fechado em 1968 devido a rumores que afirmam que o diretor da instituição andava a fazer lobotomias (intervenção cirúrgica no cérebro) em pacientes internados. Muitos deles acabavam por saltar das janelas para tentar fugir da tortura. Segundo conta a lenda, o próprio médico, forçado pelos espíritos, cometeu suicídio ao saltar da torre do relógio. Uma das enfermeiras que assistiu ao incidente conta que ele não morreu no chão, mas sim sufocado por uma estranha névoa que entrou no seu corpo, deixando-o sem vida.

Diz-se, ainda, que 50 por cento do solo é composto por cinzas humanas e é possível encontrar ossos humanos espalhados pela praia. Com a morte de milhares de pessoas na ilha devido à pandemia e suicídios, e com a suposta prática de lobotomia feita por um médico aos pacientes, as pessoas começaram a espalhar a mensagem de que Poveglia era habitada pelos fantasmas das pessoas que morreram no local.

As visitas são ilegais, mas atraem curiosos que, por vezes, conseguem mesmo aceder ao local. A ilha nunca foi devidamente limpa, o que tornou o lugar ainda mais macabro e misterioso. Os poucos que conseguiram chegar até lá, revelam que ainda há dezenas de camas espalhadas pelo antigo hospital, assim como tanques de lavar roupa e um sino que ainda toca.

Em 2014, o governo italiano leillou a ilha por 513 mil euros para o empresário Luigi Brugnaro, para uma concessão de 99 anos. Contudo, Brugnaro tornou-se o prefeito de Veneza no ano seguinte e desistiu de fazer qualquer intervenção para não causar conflitos de interesse.

De seguida, carregue na galeria para ver o estado da ilha atualmente.

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