O cenário parece saído de um conto de fadas, com uma certa magia a pairar no ar e um misticismo que atrai os mais curiosos. Afinal, encontrar um “castelo medieval” abandonado no meio de um bosque não é assim tão comum. Ao contrário das histórias que lemos na infância, esta não tem um final assim tão feliz.
É no município de Cangas de Morrazo, no sul da província de Pontevedra, que se esconde um dos muitos tesouros naturais da Galiza: o Bosque Encantado de Aldán, também conhecido como Quinta do Frendoal, que convida a uma viagem pelas infinitas paisagens de vegetação autóctones, antigos moinhos de água e banda sonora das águas do rio Orxas.
À primeira vista parece abandonado, mas talvez seja esse um dos motivos que leva tantas pessoas a visitá-lo: querem descobrir a história deste local, principalmente a do majestoso castelo que, apesar de parecer medieval, foi construído no século XX.
Atualmente, parte do terreno pertence ao município de Cangas, mas, em tempos, parte da floresta galega pertencia aos Condes de Canalejas. Na década de 60, a família mandou construir uma excêntrica propriedade de aspeto medieval com o intuito de ser uma residência de descanso e lazer.
Como eram adeptos de caça, fazia-lhes sentido ter um palacete particular com um bosque privado para as suas atividades lúdicas. A obra, contudo, nunca chegou a ficar concluída e só foram construídas a fachada, duas torres e algumas salas subterrâneas.
Certo dia, a família decidiu vender parte do terreno a um promotor imobiliário de Vigo que planeava construir ali três empreendimentos e quatro mil habitações, um projeto que não chegaria a ver a luz do dia.
A classificação florestal do terreno não permitia esse tipo de construções, pelo que a empresa, chamada Promalar, cedeu parte daquele paraíso à Câmara Municipal de Cangas. Na altura, o objetivo era transformar o local num parque botânico, mas, até hoje, nada foi feito nesse sentido.
O “castelo” caiu no abandono e, com a passagem do tempo, foi devorado pela vegetação, conferindo-lhe aquela aura misteriosa dos dias de hoje. Entretanto, a quinta foi colocada à venda e comprada por um grupo de investidores privados no primeiro trimestre do ano. A compra suscitou receios quanto ao encerramento do local ao público, mas, por enquanto, ainda é possível visitar este bosque encantado, rodeado por castanheiros e carvalhos centenários.
A joia da floresta é o pequeno edifício, com as suas duas torres e uma ponte sobre a ribeira de Orxas, que serpenteia o terreno. A vegetação que atravessa a estrutura de pedra, cobrindo-a de folhas e musgo, faz parte do encanto do ambiente. A fortaleza possui ainda um pequeno fosso que a rodeia e, à sua frente, um campo de croquet e alguns bancos, também eles cobertos por musgos.
A poucos metros de distância do castelo, ergue-se acima do solo um aqueduto, também denominado de “O Arco de Condesa”. A estrutura, com uma altura considerável, servia para transportar água fresca e potável à torre senhorial de Aldán. Embora seja medieval, a sua origem é romana e o estado de conservação até é bastante aceitável, em comparação com o castelo.
Diz-se que era o recanto favorito da Condessa de Canalejos, daí ter sido batizado em sua homenagem. Originalmente tinha dois arcos, mas atualmente resta apenas um — e hoje é um dos locais mais fotografados do bosque.
A água do rio não foi aproveitada apenas graças ao aqueduto. Um pouco mais adiante, na zona norte da ribeira, encontram-se três moinhos de água, já em estado de ruína. Apesar de ser uma das áreas mais negligenciadas da quinta atualmente, é uma das mais exuberantes.
O regresso ao castelo faz-se pela outra parte do jardim, no meio dos castanheiros centenários que, durante o outono, convidam à recolha dos frutos caídos. Esta zona está repleta de bétulas, cujos ramos criam uma forma muito peculiar, e de abetos, que foram plantados pela família para decorar o local.
Como lá chegar
A porta de entrada deste lugar localiza-se no cruzamento da Estrada de Bueu com a Rua Pardelas, onde encontra um parque de estacionamento apenas a 50 metros. A melhor forma de lá chegar é mesmo de carro, já que o bosque fica a menos de uma hora de Portugal, a cerca de 50 quilómetros, se partir de Valença. Do Porto, são cerca de duas horas de caminho.
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