A via panorâmica está quase sempre cheia de turistas e desemboca precisamente no miradouro que repousa junto ao centenário edifício de fachada rosa-salmão. Do pequeno largo avista-se o icónico Faraglioni, as gigantes formações rochosas que irrompem pelo mar, que as vai moldado com o passar dos anos.

A vista é, claro, mais agradável do outro lado de lá do muro, no interior das espaçosas e requintadas suites do Punta Tragara, um dos mais apetecíveis hotéis da ilha ao largo de Nápoles. Porém, para descobrir as origens do hotel é preciso recuar até aos anos 1920.

Empoleirado nas escarpas aguçadas da ilha, o edifício carrega consigo a assinatura do famoso arquiteto franco-suíço Le Corbusier, conhecido por ser um dos pioneiros da arquitetura moderna. A desafiante obra foi feita em colaboração com o engenheiro italiano Emilio Vismara.

Ao fim de cem anos, mantém intacta a estrutura arquitetónica original, apesar de ter sofrido várias renovações ao longo das décadas. Nem sempre foi um hotel. Começou por ser uma residência privada, foi usada pelo governo italiano e durante a II Guerra Mundial acolheu reuniões secretas entre Winston Churchill e os generais norte-americanos. Hoje recebe todos os que por ali queiram ficar — é destino de eleição de ricos e famosos.

A mudança começou a acontecer em 1968, altura em que um aristocrata italiano, Goffredo Manfredi, comprou a propriedade para fazer dela a sua residência em Capri. Cinco anos depois, abriu as portas a hóspedes, sob o nome atual de Punta Tragara Hotel.

A apenas dez minutos da famosa praça principal de Capri, o hotel tem o melhor dos dois mundos: a pacatez e as vistas do mar; e a proximidade com tudo o que a ilha tem para oferecer. Mas na verdade, o hotel guarda todos os motivos para não querer sair do seu interior.

Alvo de inúmeras renovações, a arquitetura existente foi atualizada e abrilhantada com um design de interiores clássico, mas de linhas simples e frescas; entre linhos e cerâmicos típicos do Mediterrâneo, mantém-se como um dos hotéis mais luxuosos da ilha.

Não tem mais do que 40 quartos e além das suites clássicas, oferece também opções mais originais. Se as opções básicas não poupam na vista e oferecem pelo menos 30 metros quadrados de espaço e casas de banho revestidas a mármore, as suites especiais são de fazer parar o trânsito. A maior mais cobiçada é a Pegaso Etro Suite, com uns amplos 90 metros quadrados e um enorme terraço panorâmico, permitido pelo facto de se situar no topo do edifício.

Menos espaçosa mas não menos sedutora é a Art Suite, que oferece tudo isso — e uma decoração ultra moderna — nos seus 65 metros quadrados, mas com um extra sublime: uma enorme janela onde repousa uma enorme banheira de imersão com vista para o Faraglioni. Imprópria para quem sofre de vertigens, pois claro.

O Punta Tragara é também casa de não um, mas de dois restaurantes com estrela Michelin. O primeiro é o Le Monzú, comandado pelo chef local Luigi Lionetti, que prepara pratos clássicos e regionais com o esperado toque de modernidade. Entre os pratos de assinatura pode encontrar um ragú de polvo ou a pasta com lagosta azul. Fora do hotel mora outra estrela Michelin, o Mammá, comandado por outro chef italiano, Salvatore la Ragione, que aposta numa reinterpretação de clássicos mediterrânicos.

Naturalmente que não falta um spa para relaxar, uma piscina que permite aproveitar a vista única do hotel e recantos que se multiplicam pelos vários espaços do hotel. Claro que tudo isto tem um preço. A estadia de uma noite no Punta Tragara não custa menos de 800 euros.

Como chegar até lá

Capri não tem aeroporto, por isso a via mais rápida passa pelo aeroporto de Nápoles, ao qual pode chegar diretamente, desde Lisboa, por cerca de 270€, ou através do Porto, com escala, a partir de 90€.

Chegando à cidade, basta apanhar um ferry que completa a viagem em menos de uma hora por pouco mais de 20 euros. Depois , um funicular leva-o até à Piazzetta e, daí, aproveite o caminho panorâmico de poucos minutos até ao hotel.

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