Europa

O planeta de “Interstellar” existe mesmo, mas não tem astronautas

O mundo coberto de gelo, afinal, não é assim tão longe como parece. Fica no maior parque nacional da Europa.
Ele existe.

Não é preciso viajar ao futuro para conhecer o “planeta” verdadeiro de “Interstellar”, o filme de Christopher Nolan que acompanha um grupo de astronautas com a missão de assegurar a sobrevivência da humana. Com as reservas naturais da Terra a chegar ao fim, viajam além das galáxias para descobrir se a humanidade tem futuro num planeta diferente.

Para descobrir o “planeta” gelado de “Interstellar”, filme de Christopher Nolan que acompanha um grupo de astronautas em busca de um novo lar para a humanidade, não é preciso viajar para o futuro. As paisagens deslumbrantes foram filmadas em localizações reais, que nos transportam para um universo paralelo, graças aos efeitos visuais impressionantes — que foram premiados.

O mundo gelado que muitos conhecem como planeta Mann corresponde, na verdade, ao glaciar Svinafellsjokull, situado no Parque Nacional Vatnajökull, na Islândia. Inaugurado em 2008, é o maior do seu género na Europa Ocidental, abrangendo uma área de 12 mil quilómetros quadrados e possuindo uma estética única que o distingue de qualquer outro lugar.

A beleza cinematográfica do local não passou despercebida a Nolan, o que explica facilmente a sua escolha. Apesar de não ser o cenário do filme, é um dos seus cartões postais. O glaciar surge nos posters que divulgaram o projeto, que mostram Matthew McConaughey a caminhar por um terreno hostil e invernal. 

Durante as gravações, que aconteceram no auge da temporada de inverno, a equipa de 350 pessoas de “Interstellar” reservou o glaciar durante duas semanas. Abriram uma estrada para os veículos da produção e até levaram uma nave espacial.

O Svinafellsjökull é um glaciar de saída, o que significa que flui para os vales mais baixos, formando paisagens de gelo e tons azuis impressionantes. Apesar de não ser tão grande como outros glaciares, com oito quilómetros de comprimento e 800 metros de largura, impressiona pela sua beleza, especialmente quando visto do topo, a dois mil metros de altitude.

O nome desta massa de gelo tem um significado interessante: em islandês, “svin” significa porco, “fell” é uma palavra nórdica antiga para montanha e “jökull” significa glaciar. Traduzido, o nome seria algo como “A Montanha Glaciar do Porco” e remete para uma quinta próxima, chamada Svinafell, que desempenhou um papel importante na história islandesa.

O chefe que vivia na quinta durante a Era Viking foi o último na Islândia a resistir à soberania norueguesa.  Em meados dos anos 1200, acabou por ceder e reconheceu o governo norueguês, mas a sua perseverança é lembrada até hoje, tornando Svinafell um lugar histórico que deu nome a um dos glaciares mais impressionantes da Islândia.

Svinafellsjökull fica no sopé de Vatnajökull, o maior glaciar da Islândia e um dos mais visitados.  Este último cobre mais de oito por cento da Islândia e o gelo chega a alcançar um quilómetro de espessura. O glaciar contém tanta água que o rio Ölfusá, o de maior fluxo no país, precisaria de mais de 200 anos para carregá-la para o mar.

Como muitos outros glaciares, Vatnajökull abriga vários vulcões sob a sua espessa cobertura de gelo. Um deles, Grímsvötn, foi responsável por uma significativa inundação provocada por uma erupção de lago glacial em 1996.

Devido à sua beleza, é um destino popular para caminhadas e exploração de cavernas de gelo, formações que se criam nos glaciares islandeses durante o inverno. Visitar estas grutas azuis é uma experiência única, graças aos sons do gelo a mover-se e tons de branco e azul impressionantes.

Além de “Interstellar”, o Parque Nacional Vatnajökull serviu de cenário para outros filmes populares, como “Tomb Raider” e “Batman Begins”, assim como para a série “Guerra dos Tronos”. O sucesso valeu-lhe a alcunha de “Glaciar Hollywood”.

Como lá chegar

A melhor forma de conhecer estes lugares na Islândia é mesmo de carro, até porque Svínafellsjökull fica a 328 quilómetros da capital islandesa, Reiquiavique. A viagem demora cerca de quatro horas.

Para chegar à capital, encontra voos de ida e volta, com partida de Lisboa, desde 151€. Caso apanhe o avião no Porto ou em Faro, há voos a partir de 178€ e 119€, respetivamente.

Carregue na galeria para ver mais imagens desta paisagem única, que tem atraído a indústria cinematrográfica.

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