Situado numa pequena aldeia entre Seia e Sabugueiro — Póvoa Velha — podemos encontrar o empreendimento que é a incrível joia ainda escondida da Serra da Estrela. O alojamento local Casas do Pastor nasceu por obra do destino. Quem nos contou a história foi Rui Mendonça, de 55 anos, o proprietário das unidades, natural de Prior Velho.
A aventura começou quando, numa viagem de família, Rui ficou instalado numa das poucas casas desta aldeia típica da Serra. Quando lá chegaram depararam-se com um local, que apesar de remoto, parecia impressionante. As paisagens eram belíssimas e “foi amor à primeira vista”, confessa Rui à NiTtravel. Nessa estadia, a família apercebeu-se da desertificação local e da existência de várias casas típicas em ruínas.
Foi aí que nasceu o sonho de recuperar uma daquelas casas para uso próprio, o que veio a concretizar-se, em 1993. Na compra dessa primeira casa, vieram mais duas no pacote. “Nós só queríamos comprar uma, mas a D. Joaquina disse-nos que só aceitava se comprássemos as três casas”, explica.
Assim se iniciou a aventura das Casas do Pastor, com a recuperação inicial de apenas uma das casas. Porém, rapidamente, Rui apercebeu-se que não dava para manter as outras duas em ruínas, que logo se juntaram ao projeto. A 300 quilómetros de distância, todos os fins de semana viajavam até à pequena aldeia para “pôr mãos à obra”.
Começaram a divulgar o aluguer das unidades no “Jornal Ocasião”. “Encontrava-me em Lisboa com as pessoas para lhes dar a chave. E lá iam elas, até às nossas casas, sem GPS, sem telemóveis e sem ninguém para esperá-las”. O que inicialmente era um hobbie transformou-se num trabalho a tempo inteiro com a mudança da família para a Póvoa Velha. Passados 30 anos, Rui afirma que foi a decisão mais acertada ficarem com as três casas.
“A Póvoa Velha é um lugar como o bairro onde nasci em Lisboa, todos se conhecem e todos sabem de tudo”, declara o responsável. Atualmente, na Póvoa Velha residem apenas 16 pessoas, sendo que a maioria são idosos. A antiga aldeia em ruínas renasceu e atualmente encontra-se renovada com os muros e ruelas empedradas, casarios tradicionais de pedra granítica recuperados, as portadas cor de ferrugem e os pátios floridos a lembrarem o ambiente de outros tempos. E muito se deveu ao sonho desta família, que, entretanto, já recuperou várias outras casas e construiu novas estruturas.
O dia a dia do proprietário passa pela manutenção das casas e dos espaços circundantes, como a piscina, a ludoteca, bar e a Loja da Confiança, sem esquecer a receção calorosa dos clientes. As Casas do Pastor têm uma gestão e logística familiar, já que Rui conta com a ajuda dos seus filhos. “O Afonso dá uma ajuda preciosa no terreno e é o João quem gere a conta de Facebook”. Têm ainda o apoio de uma funcionária que está responsável pela limpeza das casas.
A Loja da Confiança surgiu por causa da falta de mão-de-obra para trabalhar e da necessidade de uma estrutura que não exigisse grande financiamento. Neste conceito, a regra básica é a confiança, uma vez que cada cliente pode entrar no estabelecimento a qualquer hora e tirar aquilo de que precisa. Todos os porta-chaves das casas têm uma chave que dá acesso à lojinha. Tudo o que o dono das Casas do Pastor pede é para que se anote no caderno que lá tem aquilo que foi consumido e “no último dia fazem-se as contas”.
“Não havia nada nesta aldeia. Se os nossos visitantes precisassem de arroz ou massa, tinham de conduzir para Seia”. Apesar de não ser longe, a apenas cinco quilómetros de distância, é um percurso que os turistas preferem evitar, já que se encontram a relaxar no meio da natureza, acrescenta.
Na sequência do sucesso da Loja da Confiança, surgiu depois o Bar da Confiança. Por sua vez, esta infraestrutura encontra-se ao pé da piscina e lá pode encontrar bebidas frescas e snacks para consumir enquanto dá uns mergulhos. A opinião de todos os que por lá passam é unânime. “Além da paisagem magnífica e do sossego, estas casas têm de especial o cunho humano que os seus proprietários colocam neste espaço”, pode ler-se ao longo das reviews.
Se não é um turista que gosta de ficar deitado à beira da piscina, a ler um livro e a observar a fascinante paisagem, pode sempre optar por praticar atividades ao ar livre. A unidade disponibiliza várias experiências, como escalada, tiro ao alvo, canoagem ou bicicleta.
Sugerimos que aproveite os momentos de comunhão com a natureza para observá-la, reparando na variedade da vegetação, nas aves ou nos rebanhos de ovelhas guiados por cães da raça a que a Serra deu nome. Nada como percorrer sem pressa e tempo contado os maravilhosos trilhos desta região, que têm diferentes graus de dificuldade, consoante as suas necessidades.
Nos momentos de maior calor, pode sempre refugiar-se na ludoteca. Toda em madeira e com um ar rústico mas confortável, é um local onde pode estar a sós ou em família. Por cima da ludoteca existe um varandim com mesas e cadeiras para relaxar à sombra de antigos castanheiros com uma vista panorâmica magnífica.
Os preços variam consoante as datas e as condições da estadia. Por exemplo, duas noites em setembro para duas pessoas, irão custar-lhe cerca de 140€. Pode consultar todas estas informações entrando em contacto direto com o empreendimento, através da conta de Facebook ou do email info@nullcasadodopastor.com. Pode ainda ligar para o número de telemóvel 962 622 912. O alojamento pode ser ainda reservado através de plataformas digitais próprias.
Na estadia está incluído o pequeno-almoço que é tomado no restaurante do empreendimento, Alpha Tauri, a poucos metros das casas. Neste espaço, pode provar as especialidades serranas, com um toque de modernidade, enquanto aproveita a vista deslumbrante.
A um quilómetro da estrada que dá acesso à Torre e a cinco do Museu do Pão, fica no centro dos dois principais acessos ao coração da Serra: Covilhã-Torre e Seia-Torre. “As Casas do Pastor destacam-se pela calmaria, hospitalidade e pela localização privilegiada”, remata um dos responsáveis.
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