O nosso País é rico em paisagens verdejantes cortadas por afloramentos rochosos, numa imensidão de água e locais secretos por descobrir. Por isso mesmo, existem vários percursos de norte a sul que se mantêm desconhecidos para a maioria dos portugueses.
Perto da Batalha, distrito de Leiria, existe um dos caminhos mais misteriosos de Portugal, que foge aos típicos trilhos a que está habituado. Com um cenário dramático criado pelos diferentes afloramentos rochosos que tem no caminho, o Trilho do Buraco Roto é um percurso impressionante onde vai passar por grutas e túneis que parecem não ter fim.
Um dos fenómenos naturais observáveis que mais atraem os amantes de caminhadas para esta rota são as buracas que estão espalhadas pelo percurso. Estas redondas falhas nas rochas são típicas de terrenos calcários e costumam ser confundidas com grutas. A diferença é que, em vez de serem cobertas, é possível visualizar o outro lado da paisagem.
Outra das maravilhas escondidas deste trilho são as cascatas naturais. Se decidir realizar o passeio em meses de chuva, vai passar por pequenas cascatas perto do início do percurso. Estas não decorrem de um rio ou lago adjacente, formam-se pelas chuvas que correm nas rochas.
Se já ouviu falar no Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros, saiba que o Trilho do Buraco Roto fica logo ali, junto da entrada. Na base da Serra de Aires encontra-se a freguesia de Reguengo do Fetal, que conta com uma localização privilegiada. Rodeada de natureza, esta pequena vila possui uma bela igreja matriz. É precisamente nesse local que fica o ponto de partida do Trilho do Buraco Roto e que, sendo um percurso circular, acaba por também ser o ponto que demarca o final da rota.
Embora não seja necessário ser um expert em caminhadas para realizar este trilho, convém ser prudente. O terreno tende a ser sinuoso, composto por muitas plataformas rochosas que terá de descer. Felizmente, para facilitar esses momentos de maior dificuldade, existem cordas às quais se poderá agarrar.
O caminho está bem assinalado, é verdade, mas é melhor levar o GPS. Afinal, são 250 metros que separam o ponto mais alto e o mais baixo do percurso. O Buraco Roto demora cerca de três horas a ser percorrido, num total de cerca de oito quilómetros.
No caso de este desafio lhe parecer demasiado ambicioso, saiba que existe uma opção de trilho reduzida com apenas três quilómetros. Através da estrada de terra do Vale do Malhadouro, seguindo até à Pia da Ovelha, irá cruzar-se com o percurso inicial, mas fará menos quilómetros, não perdendo os pontos mais bonitos.
O ponto de partida — Reguengo do Fetal — por si só é uma localização especial pois existe muito para ver, desde o Largo da Praça da Fonte, ao Largo da Palmeira, a Igreja Matriz e algumas fontes do século XVI. Depois, vai passar pelo Buraco Roto, que dá o nome ao trilho. Fica mesmo no quilómetro inicial e inclui duas grutas e um túnel. É também neste local que poderá ver a cascata formada nos meses chuvosos.
Segue-se um miradouro com vista para Reguendo do Fetal. Existe uma subida na qual poderá observar, de forma panorâmica, a vila que serve de ponto de partida. Depois, irá deparar-se com o Vale do Melhadouro, com as paisagens mais bonitas do percurso.
Aproxima-se a fase mais complicada: a Pia da Ovelha. Esta é a parte do percurso mais difícil em termos técnicos, até porque vai passar por uma buraca natural cavada numa rocha calcária. É o sítio certo para descansar e até realizar um piquenique.
O Vale dos Ventos é a paragem seguinte, seguida da Ermida da Nossa Senhora do Fetal, já bastante perto do fim da rota. No final, é só descer até à Igreja Martiz e terminar o trilho.
Este percurso é de dificuldade média, por isso pode ser feito em família. Além disso, todas estas zonas estão bem equipadas com material de segurança. Porém, não se esqueça da água e de alguns snacks, porque não existem cafés nas redondezas, e leve uma lanterna, caso queira explorar as grutas.
De seguida, carregue na galeria para conhecer alguns pontos fulcrais deste percurso.