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Neste turismo rural do Algarve, dorme-se entre mais de 50 burros mirandeses

No Burro Ville, que começou a receber hóspedes em 2015, podem fazer passeios com os animais nos 87 hectares da propriedade.
Os burros são os protagonistas.

Em tempos, chegou a ser uma das maiores produtoras de trigo do Algarve. Hoje, a quinta, situada na freguesia da Mexilhoeira Grande, perto de Portimão, é um turismo rural onde os habitantes (e hóspedes) de destaque são os burros mirandeses. São mais de 50 espalhados pela propriedade, uma forma de homenagear o antigo meio de transporte das mulheres na região.

“Em qualquer propriedade agrícola no Algarve, o burro era o meio de transporte da senhora, enquanto que para os homens eram os cavalos. Servia para as pequenas tarefas diárias, seja para carregar água ou transporte pessoal”, começa por contar à NiT José Roque, o engenheiro civil de 52 anos que transformou a quinta num alojamento em espaço rural que batizou de Burro Ville.

Na família há pelo menos cinco gerações, a propriedade sempre teve uma “componente agrícola muito forte”. O trigo era o grande protagonista, mesmo com as “dificuldades de cultivar o cereal nas encostas dos montes envolventes”. 

José recorda-se dos tempos em que ia a pé até à quinta, numa altura em que ainda não havia estrada alcatroada. “Era um quilómetro e meio a pé. Lembro-me também de não ter eletricidade, completamente diferente do que é hoje em dia”, confessa. Com o passar tempo e as condições económicas, a vertente agrícola começou a perder força. Com vontade de manter viva a quinta a família, o engenheiro civil começou a pensar em alternativas. “Surgiu a ideia de fazer um empreendimento turístico, mas que tivesse alguma coisa que o diferenciasse. Sempre tivemos burros na propriedade e todos gostavam muito deles, então decidi trazê-los de volta”, explica.

Foi então a Trás-os-Montes para conhecer a única raça autóctones de Portugal: os burros mirandeses. “Gostei muito dos animais. Começámos com 10, mas hoje já temos 55”, diz. Já lá vão 12 anos desde então. Pelo meio, além dos burros, avançou com a construção de sete casas (seis T1 e um T2), que mantém a arquitetura rural, “idêntica ao que existia na zona”, mas com traços e conforto contemporâneos. O Burro Ville começou a receber hóspedes em 2015, mas este verão passou a fazer da Host Wise, uma empresa de gestão de alojamentos e propriedades em Portugal.

As casas mais pequenas, de tipologia T1, estão equipadas com quarto, casa de banho, sala com sofá-cama e uma pequena cozinha. O mesmo acontece com o T2, com a diferença de ter uma suite e um quarta. Ambas dispõem ainda de um espaço exterior com mesas e cadeiras e vista para a paisagem natural envolvente — que inclui o jardim e a piscina, um dos destaques nos meses de verão.

Ainda assim, os protagonistas da propriedade de 87 hectares continuam a ser os burros, que mantêm uma relação próxima com os hóspedes. Naturalmente dóceis e afáveis, os animais com origem na região de Terra de Miranda distinguem-se com o seu pelo comprido e castanho, orelhas grandes, manchas brancas no focinho e em redor dos olhos.

Durante a estadia, os hóspedes podem aproveitar para fazer passeios com os burros na série de caminhos criados para esse propósito. “Temos também dois períodos de contacte com os animais, um de manhã e outro à tarde. Os hóspedes podem visitar os animais e acompanhar a sua alimentação”, destaca.

Quanto aos preços da estadia, os valores rondam os 170€ por noite. As reservas podem ser feitas online.

Carregue na galeria para conhecer melhor o turismo rural Burro Ville.

 

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