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O inédito turismo rural no Minho onde pode dormir dentro de barris de vinho

A Quinta do Rapozinho, em Cabeceiras de Basto, abriu em 2013 e é um dos alojamentos mais sustentáveis e originais do País.
Vai dormir dentro de um barril.

Corria o ano de 2009, quando Paulo Graça Moura e Teresa Machado Guimarães se conheceram, em trabalho, num resort turístico em Óbidos. Ambos estavam ligados ao setor do turismo — ele é gestor de marketing e a mulher tem o curso de gestão hoteleira —, mas nunca pensaram criar um projeto em conjunto.

É no Minho, mais precisamente em Cabeceiras de Basto, que se encontra o turismo rural Quinta do Rapozinho, uma propriedade que está na família de Teresa há mais de 130 anos. Foi, em tempos, uma quinta de agricultura com 100 hectares (algo raro na região) que chegou a ter 22 caseiros que viviam nas pequenas casas da propriedade e mais de 100 pessoas a trabalhar ao mesmo tempo.

“A quinta tem uma casa principal que tem muitas casinhas à volta e a maior parte delas estava devoluta. Vimos ali a oportunidade de reabilitar o património da família de uma forma sustentável e, ao mesmo tempo, a oportunidade de dar alguma coisa ao concelho”; conta à NiT, Paulo Graça Moura, de 48 anos.

Reconstruiram a primeira habitação em 2010, inicialmente com o objetivo de a transformar numa casa para o passar o fim de semana. Só três anos depois é que começaram a olhar para a propriedade de outra forma: podiam oferecer a outras pessoas a oportunidade de pernoitar num lugar com tanta história.

Assim, em 2013 decidiram reconstruir mais três casas e, ao longo dos anos, foram tratando das restantes. Atualmente, contam com 10 alojamentos, sendo que o último — com cinco quartos, piscina privada e capacidade para 10 pessoas — começou a receber hóspedes em agosto do ano passado.

Com uma “política muito forte de sustentabilidade”, uma das características mais importante para o casal é o facto de sempre terem usado os materiais que as próprias ruínas tinham. “Tentámos requalificar e dar uma nova vida a coisas que lá estavam mas já não tinham uso. Muito do mobiliário é feito por nós, com material da quinta. Também tentamos manter ao máximo a construção de antigamente”, explica. 

Prova disso são os prémios que têm recebido nos últimos tempos: em 2019, foram eleitos o melhor turismo rural sustentável e, em novembro deste ano, a quinta foi nomeada Melhor Alojamento Sustentável e Original no prémio europeu de sustentabilidade do turismo GrINN Awards 2022 (dedicados a promover a sustentabilidade do setor).

Na Quinta do Rapozinho, a maioria dos alimentos fornecidos é de origem local, grande parte da iluminação de toda a propriedade utiliza lâmpadas LED energeticamente eficientes, as janelas são vidros duplos e ainda há uma estação de carregamentos de carros elétricos. “Trabalhamos com várias empresas líderes de sustentabilidade e este é um prémio que nos traz muita felicidade”, refere o proprietário.

Além de ser um turismo rural com uma aposta forte na sustentabilidade, é um dos mais originais no País. Porquê? A resposta é simples: numa das casas recuperadas pelo casal, os hóspedes podem dormir dentro de verdadeiros barris de vinho. 

Chama-se Casa dos Toneis e é um verdadeiro paraíso para todos aqueles que adoram um bom copo de vinho. E até mesmo para quem não aprecia assim tanto. Neste alojamento, com capacidade máxima para sete adultos e três miúdos, as camas estão dentro de grandes pipos de vinho que existiam na antiga adega.

“A quinta deixou de produzir vinho há mais de 50 anos porque tornou-se muito difícil e a família desistiu. No entanto, mantiveram-se os materiais e aproveitamos os barris para fazer as tais camas”, explica.

A decoração foi “inspirada pelo artesanato de Cabeceiras de Baixo, como a lã, os barris e a carpintaria, e pela imaginação de criança”. Apesar de todas as casas (que vão desde a tipologia T1 a T5) terem sala de estar, televisão, cozinha totalmente equipada, casas de banho, churrasqueira e estacionamento privado, não há um único alojamento igual.

“Cada casa tem um nome diferente e cada um tem a ver com a história da casa”, destaca Paulo. A Casa da Fecha, por exemplo, a mais típica e rural da propriedade, recebeu esse nome por ser a antiga habitação da família Fecha. A Casa do Estau, serviu como albergue dos trabalhadores temporários da quinta. Já a Casa do Palheiro Grande nasceu da reconstrução de um antigo palheiro onde se guardavam as vacas no piso inferior.

A propriedade continua a ser casa de vários animais, incluindo as vacas das terras de Barroso, que se encontram em vias de extinção. Neste momento, vivem na quinta 45 vacas, mas o objetivo é duplicar o número para 90 cabeças nos próximos quatro anos.

Os hóspedes podem andar à vontade pela propriedade que, além dos animais, tem um edifício destinado aos pequenos-almoços, uma sala de reuniões que nasceu de antigos lagares, o edifício da receção, uma piscina comum e uma horta. No futuro, pretendem abrir ainda um bar com esplanada.

Sustentável, original e inovador: é assim este incrível turismo rural em Cabeceiras de Basto. Se gostava de ter a experiência de dormir em camas de barris de vinho, uma noite pode rondar entre os 155€ (época baixa) e os 320€ (época alta).

Carregue na galeria para conhecer as várias casas da Quinta do Rapozinho.

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