Diz-se que uma das etapas mais difíceis do Caminho de Santiago é a subida até ao topo da Serra da Labruja, palco de uma das guerras napoleónicas na qual os portugueses emboscaram as tropas imperiais. É, por isso, comum ver vários peregrinos a descansar os pés nos cafés e restaurantes da freguesia do mesmo nome, em Ponte de Lima, com pouco mais do que 300 habitantes. Agora, há também um novo alojamento local que acolhe aqueles que querem passar uma noite (ou mais) na localidade. Chama-se Labrugia Villa Domus e nasceu da vontade de um casal de se refugiar num “cantinho resguardado”.
Valdemar e Maria Soares viveram toda a vida em Ponte de Lima, numa casa que se tornou demasiado grande quando os seus dois filhos cresceram e mudaram de morada. Com a sensação de “ninho vazio”, decidiram fazer obras e dividir o imóvel em dois. Passaram a viver apenas numa das alas, e transformaram a outra num alojamento local. O negócio acabou por correr melhor do que estavam à espera.
“A minha mãe começou a aprender inglês e o meu pai sempre gostou muito de falar com pessoas. Era uma ocupação nos tempos livres e ganharam o gosto pela coisa”, começa por contar à NiT a filha de 36 anos, Sara Soares. Foi o primeiro projeto do casal na área do turismo, mas não se ficaram por aqui.
Já há muitos anos que tinham o sonho de comprar uma casa num sítio mais calmo, “longe do burburinho da vila”. Durante a pandemia, no final de 2022, encontraram, a cerca de 12 quilómetros de Ponta de Lima, precisamente o que andavam à procura: um refúgio num local sossegado, em Labruja. Assim que o descobriram, “foi amor à primeira vista”, relata.
A ideia seria construir ali uma casa de férias para a família, mas, assim que arrancaram com as obras, perceberam que havia ali potencial para mais. “Tinham vivido lá pessoas recentemente, por isso, não era necessário fazer grandes intervenções, porque estava habitável. Mas uma coisa levou à outra”, confessa.
Começaram por reformular a casa de banho, depois o sótão e, quando deram por isso, já tudo estava diferente: aumentaram o espaço, instalaram uma piscina e recuperaram as adegas da propriedade. Tinha tudo o que era preciso para ser um refúgio para muitas outras famílias.
Assim como fizeram com o alojamento local em Ponta de Lima, aproveitaram o facto de existiram entradas separadas e transformaram o edifício em duas casas independentes, mantendo as paredes de pedra tão típicas da região na parte de baixo, e dando um toque de modernidade no piso superior, onde pintaram as paredes de cor salmão. A 10 de julho, a Labrugia Villa Domus já estava a aceitar reservas.
A primeira casa, no primeiro piso, dispõe de três quartos, casa de banho, cozinha e uma sala, tendo capacidade para acolher seis hóspedes. Tem uma decoração “mais tradicional”, com um fogão a lenha e uma chaminé antiga. Já o sótão, que ficava na parte superior, foi completamente transformado e renasceu com um quarto, uma sala e cozinha, que já tem um toque mais moderno.
No exterior, os hóspedes podem aproveitar o alpendre ou passar o verão a mergulhar na piscina de água salgada, “uma das primeiras coisas a ser construídas” assim que o casal adquiriu a propriedade. “É tudo muito verde, não tem casas à frente, portanto têm vista para o monte da Labruja e outros terrenos agrícolas”, refere.
Contudo, há muito mais para fazer na freguesia do que ficar a apanhar sol. Sara Soares destaca, por exemplo, os passadiços junto ao rio, o Poço do Pé Negro, uma piscina natural abraçada pela vegetação, e muitos outros trilhos para explorar. É uma zona muito tranquila e, “passar aqui um fim de semana, é ganhar anos de vida”.
As reservas estão disponíveis tanto no Booking como no Airbnb e os preços rondam os 110€ e os 195€ por noite.
A seguir, carregue na galeria para conhecer melhor o novo refúgio de Labruja.