A Serra da Estrela abrange várias localidades e é uma das zonas mais bonitas do País. Loriga é uma dessas terras e é também o ponto de chegada da Rota da Garganta de Loriga. Esta caminhada une o município de Loriga ao planalto superior da Serra da Estrela e promete levar os fãs de trilhos para outra dimensão devido às suas vistas extraordinárias e imponentes.
O percurso de 8.7 quilómetros tem a duração de 3h30 e é considerado de dificuldade elevada, devido ao seu largo caminho pedregoso. Contudo, as paisagens pelas quais irá passar vão valer a pena e prometemos que não sairá de lá arrependido. Ao longo do percurso existem spots icónicos como é o caso do vale glaciar, com uma sucessão de patamares glaciares em escadaria. No lugar onde antigamente existira uma grande espessa massa de gelo, hoje em dia deu lugar a uma paisagem arenosa repleta de vegetação baixa, pela qual irá passar se optar por este destino.
Os investigadores revelaram que, durante a última glaciação existente em Portugal, a extensão da língua de gelo, através da ação da erosão, alcançou os 6,7 quilómetros descendo até aos 800 metros de altitude, ou seja, junto à cidade de Loriga. A paisagem do vale é bastante ampla e, ao observar a área circundante, poderá vislumbrar em primeiro plano o Covão Boieiro. Esta é uma depressão causada pela erosão que, devido à sua altura de 1730 metros, revela ter sido o habitat de diferentes espécies de fauna e flora montanhosas.
Também é possível observar, num patamar mais a baixo, o Covão do Meio. Este foi formado pelo assentamento do antigo glaciar e agora é palco de uma barragem hidroelétrica, sendo possível observar um leito de água.
O horizonte da paisagem estende-se para além das vertentes da Serra da Estrela sendo que é possível observar também os cumes da serra do Açor e as terras baixas do vale do rio Mondego e Dão. Sendo esta uma paisagem de características rochosas e montanhosas, não espere encontrar bosques ou muita vegetação. Na verdade, as encostas encontram-se desprovidas de árvores. Em vez disso, predominam as associações arbustivas de urze-branca e zimbro.
A falta de áreas verdes é colmatada com os afloramentos maciços graníticos que dominam toda a paisagem. O vale glaciar tem a forma de um U e é caracterizado por um relevo em forma de escarpa. Depois todo o local é dividido em patamares diferentes.
Além de formações rochosas, o vale que poderá conhecer através da Rota da Garganta de Loriga está repleto de tesouros. No patamar do Covão Boieiro é possível vislumbrar o meandro da ribeira da Loriga que atravessa o prado formando um pequeno lago. A seguir, este curso de água cruza o pontão sobre a ribeira e desce, criando uma espécie de pequena cascata.
Mais à frente no percurso, passando pelo Covão do Meio poderá observar a barragem. O caminho contorna a albufeira pela direita e passa pelo túnel que vai dar à lagoa Comprida. Depois passará por um passadiço de metal, construído para colmatar as dificuldades dos afloramentos rochosos. Continuando o trilho, dará a um ponto mais elevado onde terá uma vista panorâmica para a barragem.
A partir deste ponto, o trilho começa a descer de patamar em patamar de forma sinuosa entre vegetações pequenas e rochas até chegar a ambos os Covões: da Nave e da Areia. O belo deste percurso é que passará por vários cursos de água, o que lhe dará uma experiência mais completa. Neste momento descrito é o que acontece. Alcança dois canais de água pertencentes à ribeira de Loriga. Nesta altura terá atingido os 1.400 metros de altitude.
O caminho começa a ficar ainda mais sinuoso e irregular, por passar por um conjunto de blocos instáveis. Esta é a parte do trajeto no qual começam a aparecer mais paisagens verdes. A viagem é quase sempre acompanhada por pequenos cursos de água. Encontra-se agora a descer ao passar entre um núcleo de pinheiro-bravo e continuando a descer chegará a uma moreira glaciar — depósito de sedimentos e pedras arrastados pela língua glaciar. Ao continuar a descida vai dar ao final do percurso de volta ao centro de Loriga.
Este é um percurso pedestre linear, com vistas soberbas e devidamente sinalizado. Como ponto mais alto atinge 1.839 metros e o ponto mais baixo 768 metros. O trilho começa nas Salgadeiras (N339/km 27) rumo ao destino que é Loriga, em Seia. Aconselhamos que leve carro para o ponto inicial.
As épocas do ano mais recomendadas para fazer a Rota da Garganta de Loriga são a primavera, verão e outono. Na primavera terá um espetáculo incrível com o despertar da natureza e da vida na Serra. No verão viverá o auge da vegetação e as temperaturas transmitem mais segurança. No outono, existe mais humidade e as temperaturas são mais amenas. No inverno, o caminho é bastante bonito por estar coberto de neve, mas torna-se perigoso.
De seguida carregue na galeria para conhecer melhor este percurso único no País.