Para os que têm aversão a altitudes elevadas, repousar em camas de rede a dezenas de metros de altura pode transformar-se num autêntico pesadelo. Por outro lado, para os mais aventureiros, pode ser uma experiência inesquecível.
Nas montanhas de Antioquia, na Colômbia, situa-se uma das atrações mais singulares da América do Sul: a Casa en El Aire, um “hostel aéreo”, conforme é descrito nas redes sociais. E é tudo menos um alojamento comum.
A inovadora cabana de madeira foi concebida há mais de dez anos por Nilton López Muñoz, um alpinista com mais de 20 anos de experiência em escalada. Inicialmente, construiu a casa para relaxar após as suas aventuras e acolher outros profissionais da área. No entanto, a curiosidade e o entusiasmo de amigos e conhecidos em explorar este refúgio único levaram-no a abrir as portas ao público em 2012.
De forma inesperada, Muñoz, que na altura tinha 44 anos, criou um dos hostéis mais radicais e extraordinários da Colômbia. Conseguiu realizar um sonho antigo, algo que apenas um verdadeiro amante das alturas poderia tornar realidade. Curiosamente, ninguém diria que, na infância, o colombiano temia as alturas.
A mudança ocorreu quando tinha 22 anos, ao descobrir a escalada, graças aos amigos. Rapidamente se tornou um entusiasta da modalidade e “renasceu”, segundo revelou em entrevista ao jornal “El Espectador”.
O que começou como um mero hobby transformou-se em algo muito mais significativo à medida que, ao longo dos anos, Muñoz conquistava posições cimeiras em competições e planeava viagens para escalar locais inexplorados. Durante estas aventuras, continuou a alimentar um sonho de infância: querer ter uma casa na árvore.
O desejo concretizou-se graças à ajuda de um amigo — juntos adquiriram um terreno próximo ao Cerro de São Vicente, em Abejorral, uma região onde o turismo ainda é pouco explorado.
“Quando nos viram pela primeira vez com mochilas, cordas e capacetes, pensaram que éramos alienígenas”, recorda Muñoz. Com o terreno e o projeto em mente, pediu apoio através das redes sociais e, com o auxílio de 22 voluntários, construiu a casa de madeira na encosta de uma imponente rocha, a aproximadamente 70 metros de altura.
A estrutura está fixada com cabos de aço ao Cerro San Vicente, uma formação rochosa que se destaca na paisagem rural de Abejorral, a cerca de três horas de Medellín. Sem uma base visível, a construção parece estar suspensa, o que justifica o nome do hostel. Com capacidade para 10 hóspedes, esta “casa no ar” possui cozinha, camas, casas de banho e um terraço que proporciona vistas deslumbrantes para as montanhas e para o rio Buey.
O responsável aproveitou as condições naturais para oferecer uma série de atividades. Mais do que pernoitar no edifício principal, os visitantes podem aproveitar várias atividades, como slide. As verdadeiras estrelas do hostel são as redes suspensas, onde é possível assistir ao pôr do sol a 35 metros de altura — o equivalente a um prédio de 15 andares.
Não é possível dormir nestas redes, já que isso podia levar a acidentes indesejáveis, mas os visitantes podem ficar lá deitados durante cerca de 17 minutos, para apreciar a paisagem. Estas camas peculiares estão presas a um cabo e é precisamente através dele que se faz o caminho até às redes. Poucos se atrevem a olhar para baixo, mas aqueles que o conseguem fazer avistam um “tapete verde” de árvores.
Outra das atividades oferecidas é o salto do pêndulo, onde os aventureiros, presos a uma corda elástica, saltam para o vazio, a uma altura de 40 metros. A expedição ao santuário das corujas, um passeio para conhecer a fauna e flora do local e o piquenique no alto do Cerro San Vicente são outros dos programas. Todas estas atividades têm um custo entre 25€ e 40€ por noite, por pessoa, uma vez que requerem a companhia de guias especializados.
Além da adrenalina e de toda a conexão com a natureza, os hóspedes podem ainda saborear um café cultivado no terreno da casa. A única forma de chegar ao hostel é atravessar um percurso que inclui uma caminhada de um quilómetro até La Peña e, depois, subir através de escalada ou por cabos.
O alojamento possui painéis solares que fornecem energia para a casa, usados para iluminar o espaço e para carregar os telemóveis. Segundo a página da Casa en el Aire é recomendado levar protetor solar e repelente, bem como roupas confortáveis e calçado adequado para caminhada.
Para aproveitar estas atividades não é obrigatório ficar hospedado no local. No entanto, se quiser a experiência completa, as estadias rondam os 350€ por noite. Todas as informações estão disponíveis online.
Como lá chegar
De Medelín a Abejorral são cerca de 2h30 de carro. Para chegar à cidade, encontra voos de ida e volta, a partir de Lisboa, desde 638€. Se apanhar o avião no Porto ou em Faro, há bilhetes a partir de 696€ e 833€, respetivamente.
A casa está localizada a 20 minutos da La 80, marco da estrada reconhecido por ser a paragem final do autocarro que leva os visitantes à Casa en el Aire desde o terminal de transportes, no norte de Medellí, que parte todos os dias às 5h30. À frente da paragem há um trilho que o leva até ao hostel.
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