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Os safaris do novo eco-lodge da África do Sul são feitos de teleférico

É uma forma diferente de observar a vida selvagem e as montanhas circundantes numa região ainda pouco explorada.
Um conceito inovador.

Poucas figuras tiveram um impacto tão significativo na promoção de viagens sustentáveis como a norte-americana Sarah Dusek. Reconhecida como uma “visionária” nesta área, a assistente social, em conjunto com o marido, Jacob, fundou, em 2009, a Under Canvas, uma empresa que transformou o conceito de glamping ao proporcionar experiências de acampamento luxuosas em alguns dos parques nacionais mais emblemáticos dos EUA.

“Tinha, como muitos trabalhadores humanitários, atingido o esgotamento. Estava exausta, mas ainda tinha um forte desejo de ajudar o mundo. Comecei a procurar uma alternativa mais eficaz do que uma organização humanitária para estimular a inovação, enfrentar grandes desafios globais e promover mudanças”, partilhou Sarah numa entrevista à revista “AFAR”.

Como forma de combater um dos maiores problemas das organizações sem fins lucrativos — a captação de fundos —, decidiu criar a sua própria empresa, que redefiniu o conceito de viajar de forma sustentável e responsável. No final de 2018, quando vendeu a Under Canvas por 100 milhões de euros, acreditava que esse seria um capítulo fechado na sua vida e que não voltaria a lançar outra empresa de viagens. Contudo, estava enganada.

“Com o tempo, todas as estradas levaram a um único caminho. Comecei a refletir sobre como poderia realmente impactar as comunidades locais”, revela. Enquanto a Under Canvas se focava mais em viagens sustentáveis, Sarah começou a sentir a necessidade de desenvolver algo centrado em viagens regenerativas, uma abordagem que promovesse a recuperação dos ecossistemas e das comunidades locais, com práticas turísticas responsáveis e conscientes.

O novo eco-lodge

Assim nasceu, em 2024, a Few & Fair, uma empresa dedicada a criar experiências de safari sustentáveis com alojamentos ecológicos em locais remotos do mundo. No passado dia 16 de janeiro, foi inaugurado o primeiro eco-lodge da marca, o Few & Far Luvhondo, que se destaca como uma das grandes aberturas de 2025.

As montanhas Soutpansberg, na província de Limpopo, na África do Sul, um destino que o casal descobriu “por acaso” durante a pandemia, foram o local escolhido para erguer o projeto. “O meu marido, um entusiasta de atividades ao ar livre que adora estar em locais isolados, perguntou se poderíamos encontrar um pouco de vida selvagem por conta própria”, recorda Sarah.

Inicialmente, procuraram possibilidades perto da Cidade do Cabo, mas a busca acabou por terminar noutra ponta do país. Durante a pesquisa, descobriram uma propriedade de cerca de quatro mil hectares, rica em vida selvagem e com montanhas e vales deslumbrantes.

“Começámos a conhecer os vizinhos e proprietários de terrenos nas proximidades e percebemos que todos eram grandes defensores do ambiente. Tentámos unir esforços com a ideia de criar uma reserva natural maior”, explica.

Apesar de já existirem pequenas pousadas e experiências de hospitalidade na região, o destino “ainda não era conhecido e não constava no mapa”. Sarah e Jacob identificaram ali uma oportunidade de replicar o que tinham feito nos EUA, agora na África do Sul.

Escondido nas intocadas montanhas Soutpansberg, este novo refúgio ecológico está inserido na Reserva da Biosfera de Vhembe. Com apenas seis suítes, o Few & Far Luvhondo proporciona uma experiência de safari intimista, aliando luxo e sustentabilidade numa das regiões com maior biodiversidade do planeta.

Os alojamentos são inspirados na paisagem circundante, onde se destacam as antigas árvores baobás, e foram construídos com materiais locais, como o eucalipto. O lodge opera com energia renovável e adota um modelo de desperdício zero. No interior, o design reflete os padrões e texturas das rochas, plantas e fauna locais, com móveis e obras de arte personalizadas que destacam o artesanato regional.

“Num mundo pós-pandemia, as viagens de luxo evoluíram para integrar sustentabilidade, autenticidade e um propósito mais profundo. O eco-lodge representa uma abordagem inovadora, oferecendo aos viajantes a oportunidade de interagir com culturas e paisagens locais, ao mesmo tempo que geram um impacto positivo”, destaca.

Durante a estadia, este retiro visa aproximar os hóspedes da natureza, disponibilizando várias experiências de bem-estar, como caminhadas meditativas, sessões de ioga ao ar livre, massagens e tratamentos faciais com ingredientes orgânicos de origem local.

Para quem procura aventura, existem atividades como passeios de safari pela savana e caminhadas guiadas na natureza. No entanto, a grande novidade é a experiência de safari, com um teleférico movido a energia solar que transporta os hóspedes pelo mato, oferecendo uma nova perspetiva da vida selvagem e das montanhas.

“A experiência Solfari combina aventura e conforto, pois a cabine é projetada para garantir uma visualização luxuosa e desobstruída. O suave movimento do teleférico intensifica a imersão na natureza, permitindo uma observação contínua da vida selvagem no seu habitat”, pode ler-se no site. Embora o lodge já esteja aberto ao público, o teleférico será inaugurado apenas em maio.

Caso prefiram, os hóspedes também podem explorar as redondezas de jipe.  Apesar da presença de muitos leopardos e búfalos, a ausência de leões na região permite que as pessoas saiam do veículo, sintam o chão e vivenciem a vida selvagem sem a barreira de um carro. “É um fenómeno bastante raro, tornando esta uma experiência verdadeiramente especial e única”.

O eco-lodge não tem restaurante, mas está disponível o Boma Braai, uma experiência de churrasco tradicional ao ar livre onde todos podem provaros sabores da África do Sul. Outra opção são os piqueniques pitorescos na natureza.

Os preços da estadia rondam os 1.700€ por noite. As reservas podem ser feitas online

Como lá chegar

Uma das melhores formas de chegar a Luvhondo é através do comboio Rovos Rail, que chega à propriedade vindo das Cataratas de Vitória uma vez por semana. Esta é uma das viagens ferroviárias mais icónicas do país, percorrendo 1.600 quilómetros de paisagens da África Austral ao longo de três dias.

Para chegar às Cataratas de Vitória, encontra bilhetes de ida e volta, com partida de Lisboa, desde 884€. Caso apanhe o avião no Porto ou em Faro, há voos a partir de 908€ e 924€, respetivamente.

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