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Sexo, drogas e rock n’ roll. Este hotel esconde os maiores escândalos de Hollywood

O Chateau Marmont, em Los Angeles, tornou-se um refúgio para inúmeras celebridades que ali viveram histórias loucas.
Fica no coração de Hollywood.

Não há nenhum hotel no mundo com tantos escândalos e histórias loucas como o Chateau Marmont, em Los Angeles. Durante mais de 90 anos foi — e continua a ser — um refúgio discreto para as celebridades, estrelas de rock, escritores e artistas que procuravam um momento de privacidade, longe dos olhares indiscretos. Aliás, o lema do hotel é precisamente “always a safe haven”, que significa “sempre um porto seguro” — mas muitas das histórias que aconteceram lá dentro há muito que deixaram de ser secretas. 

Construído em 1927 no número 8221 do Sunset Boulevard, mesmo no coração de Hollywood, a unidade hoteleira foi projetada pelos arquitectos Arnold A. Weitzman e William Douglas Lee, que se inspiraram no Chateau d’Amboise, uma residência real no Vale do Loire, em França. O primeiro proprietário, Fred Horowitz, queria construir um prédio de apartamentos residenciais, mas a ideia foi por água abaixo com a Grande Depressão. Em 1983, o edifício foi vendido ao diretor de cinema Albert E. Smith, que viu ali a oportunidade de o transformar num hotel para celebridades.

Com uma localização privilegiada, não demorou muito tempo até que as figuras de cinema começassem a passar lá as noites. Extremamente discreto, oferecia uma liberdade única na era dourada de Hollywood e, durante muito tempo, foi palco de festas loucas, casos sexuais — e até mesmo mortes trágicas. Era, também, o lugar ideal para quem se queria esconder da sociedade, assim como fez o ator Montgemery Clift. Após sofrer um acidente de carro que desfigurou o seu rosto, em 1956, escolheu o Chateau para se hospedar durante o processo de recuperação. 

Greta Garbo, Katharine Hepburn, Jim Morrison, Elizabeth Taylor, Hedy Lamarr e Paul Newman são alguns dos nomes que já se hospedaram no hotel, mas há também uma longa lista de celebridades que fizeram do espaço um verdadeiro lar. O local foi casa de Marilyn Monroe, Jean Harlow, Gram Parsons, F. Scott Fitzgerald e o casal sensação Johnny Depp e Kate Moss — que dizem ter feito sexo em todos os 63 quartos.

Billy Wilder dormiu numa casa de banho

Antes de se tornar um dos cineastas mais famosos da era dourada de Hollywood e de ser o primeiro a vencer um Óscar de produção, guião e direção para o mesmo filme (“O Apartamento”), Billy Wilder era um escritor que fugiu da Alemanha nazista, na década de 1930. Em 1934, chegou a Hollywood e ficou hospedado no Chateau Marmont três vezes. Na primeira vez dormiu no quarto mais barato. Já na segunda visita, encontrou o hotel totalmente esgotado, mas conseguiu um acordo e ficou a dormir num pequeno compartimento da casa de banho das mulheres. “Era uma sala muito pequena”, disse, mas, pelo menos, “tinha seis sanitas só para mim”. Da terceira e última vez, lá conseguiu ficar hospedado numa suite com vista, desta vez com a mulher Judith Coppicus.

Howard Hughes espiava mulheres

Quando o multimilionário Howard Hughes ficava hospedado num quarto com vista para a piscina do Chateau, diz-se que passava os dias lá dentro com binóculos a olhar para as várias jovens modelos que apanhavam sol. Quando gostava muito de uma delas, ligava para a receção que, depois, ia informar a respetiva mulher sobre o alegado interesse. O multimilionário prometia-lhes um papel num dos seus filmes, mas não se sabe se chegou a cumprir algumas dessas promessas.

O caso de Natalie Wood com Nicholas Ray

Quando tinha 16 anos, Natalie Wood estava desesperada por se ver livre da sua imagem de celebridade infantil. Começou a seguir o realizador Nicholas Ray, de 44 anos, para todo o lado, e acabaram por se tornar amantes. O casal transformou um dos bungalows do Chateau Marmont num refúgio sexual e numa sala de casting para o filme “Fúria de Viver”. 

Depois de uma noite de festa juntos, sofreram um acidente de carro ao regressarem ao hotel. No hospital, Wood confessou que os médicos lhe tinham chamado “maldita delinquente infantil”. “Ouviste o que ele me chamou, Nick? Agora consigo o papel”, gritou ao Ray.

A audição de James Dean

Se houve alguém que lutou para um papel principal, foi James Dean. O ator queria tanto ser o protagonista do filme “Fúria de Viver”, que chegou a saltar de uma janela para impressionar o realizador Nicholas Ray — e acabou por conseguir o papel de Jim Stark. Durante as gravações do filme, que aconteceram perto do hotel, diz-se que tanto Dean como Ray tiveram casos com o ator Sal Mineo.

Beth David quase pegou fogo ao hotel — duas vezes

Bette Davis também deixou a sua marca na unidade hoteleira de Hollywood. A atriz foi responsável, mas por dois incêndios no empreendimento. A primeira aconteceu em 1958, quando adormeceu no bungalow enquanto assistia os seus filmes antigos e incendiou o quarto com um cigarro. Por sorte, o ator Lou Jacobi, que morava mesmo ao lado, viu o fumo a sair pela janela e salvou-lhe a vida. Alguns anos mais tarde, aconteceu um incidente semelhante, desta vez devido a um curto-circuito que fez disparar o alarme. Desde então, nunca mais voltou.

A queda de Jim Morrison 

O vocalista da banda de rock “The Doors” ficou hospedado no Marmont em 1970, um ano antes da sua morte — que bem podia ter acontecido no hotel. Além das bebidas e das drogas, o cantor tinha o hábito de se balançar entre janelas e varandas. Durante a estadia, Jim Morrison tentou saltar do telhado do Chateau para o seu quarto, apenas com a ajuda dos canos de esgoto exteriores, mas acabou por cair do quarto andar para o chão, uma queda que o deixou com uma lesão permanente nas costas.

O “passeio” de mota do baterista dos Led Zeppelin

A volta de mota do baterista dos Led Zeppelin é um dos eventos-chave da história do Marmont. Nos anos 60, John Bonham deu uma volta pela receção montado numa Harley Davidson, destruindo completamente a carpete da entrada. Durante anos, o tapete aguentava-se apenas com fita-cola, até que foi substituído em 1990.

As festas dos Pink Floyd

Não é segredo nenhum que o hotel foi palco de grandes festas, algumas delas com muita nudez à mistura, como as que foram organizadas pelos Pink Floyd na década de 60. O grupo andava a passear nu pelo hotel e a fazer festas tão barulhentas que chegaram a receber várias queixas dos vizinhos. As queixas eram tantos que um dos rececionistas foi obrigado a ligar para o quarto onde estavam hospedados a pedir para terem mais calma. A única resposta que ouviu foi: “Rock ‘n’ roll forever”.

As celebridades que foram banidas

Apesar da equipa fechar os olhos a praticamente tudo o que acontecia, existiram algumas exceções. Britney Spears, por exemplo, foi expulsa em 2007, quando estava no restaurante do hotel e começou a passar comida pelo rosto, de uma forma extremamente desagradável. Lindsay Lohan também é um dos nomes que faz parte da lista de celebridades banidas. A atriz foi expulsa em 2012 por não pagar uma conta de 46 mil euros. 

As trágicas mortes

Em 1982, o humorista John Belushi, na altura com 33 anos, sofreu uma overdose no hotel e acabou por morrer. Robert de Niro e Robin Williams foram das últimas pessoas a vê-lo com vida. Durante muitos anos, o  Chateau Marmont ficou conhecido como o lugar onde John Belushi morreu.

Duas décadas depois, o prédio foi o local de outra morte trágica. Em 2004, o lendário fotógrafo de moda, Helmut Newton, sofreu um ataque cardíaco quando estava a sair da garagem, bateu com o carro e não sobreviveu.

Com 63 quartos, suites, chalets e bungalows, o hotel tem desde acomodações mais modestas a espaçosas, mas o grande foco não é, nem nunca foi, o luxo. Era a privacidade. Os hóspedes podiam entrar na garagem subterrânea e ir diretamente para os seus quartos, enquanto a equipa fechada os olhos a praticamente todos os excessos e abusos. “Lembro-me da primeira vez que fiquei aqui. Parecia um hotel assombrado da Disneyl e tinha um glamour gasto. Lembro-me de estar sentada ao piano uma noite, numa sala escura, e tive a distinção impressão que todos os corredores e passagens levavam a quartos cheios de pessoas brilhantes e caóticas. Era meio santuário, meio manicómio”, contou a cantora Florence Welch, da banda Florence and The Machine.

Quase 100 anos após a sua construção, o Chateau Marmont ainda continua a receber hóspedes. É possível reservar um quarto a partir de 614€ por noite.

Como lá chegar

Para ficar hospedado no Chateau Marmont terá de voar até ao aeroporto de Los Angeles. Se partir de Lisboa, encontra bilhetes de ida e volta desde 570€. Como não há nenhum transporte público direto para lá, a melhor opção seria mesmo ir de táxi. A viagem dura menos de meia hora.

A seguir, carregue na galeria para conhecer o hotel que esconde as maiores histórias de Hollywood. 

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