“Ao 34.º dia da minha viagem pelo Sudeste Asiático, cheguei a Luang Prabang, em Laos”. Estas são palavras que não pensei alguma vez dizer, especialmente se levar em conta que por cada pensamento aventureiro que tenho, seguem-se 87 muito medrosos. Mas como tudo na vida, quando sais da tua zona de conforto, os teus limites mudam. E sejamos sinceros, depois de um mês a mais de 10 mil quilómetros de casa e viajando com apenas 6 boxers e 6 pares de meias, esses limites já tinham sido há muito ultrapassados. #suaréfixe
A aterragem no mini-micro-nano aeroporto de Luang Prabang deve ter sido das mais bonitas da minha vida. A trajetória do avião trouxe-nos por entre as montanhas a uma proximidade tal que o plantel do Torino de 1949 afirmaria ser “a rasar”. Não sei se foi a vista que me tirou do pensamento do perigo associado a uma aterragem destas, mas nunca me senti em alarmado, nem mesmo quando o avião, ao aterrar, fez a travagem mais intensa que alguma vez senti. Aquela pista era tão pequena que nem lá cabia um electrão.
A cidade em si é uma ótima extensão daquilo que eu e a minha namorada já tínhamos gostado nos outros países, nomeadamente no interior do Vietname. A cidade era pequena q.b., turística q.b. e as pessoas eram simpáticas q.b.. Se por um lado gostámos que ninguém nos perseguisse pela rua abaixo insistentemente tentando vender um passeio de tuk-tuk, por outro lado esperávamos mais abertura à negociação de bugigangas em pleno Night Market. Também se conseguiam baixar preços, mas nada de descontos de 80% como cheguei a alcançar em Chiang Mai, quando me venderam uma T-shirt e 20% do passe do Eliseu por 3€.
A minha segunda atividade favorita foi a visita às Kuang Si Waterfalls: realisticamente um dos sítios mais bonitos onde já estive.
Mas o grande destaque de Luang Prabang vai para o feeling de pertença com a natureza. Duas das minhas atividades favoritas de toda a viagem ocorreram aqui.
Primeiro, a visita à Elephant Village que, não só me deu a oportunidade de sentar no pescoço de um elefante, sem cadeiras, gritando instruções que eram maioritariamente ignoradas, como me sensibilizou para o trabalho feito por aquela instituição em defesa dos elefantes. Durante séculos, estes majestosos animais foram usados e abusados como animais de carga, tudo para agora terem turistas às suas costas imitando um pato quando querem que eles virem à direita: “Qua! Qua! Eu disse ‘qua!’, sua elefanta Catarina Martins duma figa!”. Enquanto que nestes santuários os elefantes são estimados, só trabalham de manhã e são reformados aos 60 anos (tal como a função pública em Portugal), dantes eram explorados até à exaustão e raramente passavam dos 50 anos. Além do mais, afeiçoei-me tanto ao meu elefante que lhe o nome de “Jesus” e o banhei em pleno rio.
A minha segunda atividade favorita foi a visita às Kuang Si Waterfalls. Realisticamente um dos sítios mais bonitos onde já estive. A água tinha uma cor azul impressionante e nem os sacanas dos mini-peixes-Payet que insistiam em atacar as pernas, me demoveram do melhor banho da minha vida. O truque da visita a Kuang Si é evitar as horas de confusão (entre as 11 horas e as 16 horas) e disfrutar das cascatas na companhia de dez outras pessoas, algumas delas venezuelanas e em topless. Ok, inventei a parte do topless, mas elas eram venezuelanas. Pronto, eram brasileiras! Porque é que vocês são tão picuinhas com os detalhes? #chiça
Visitar o Laos sem visitar Luang Prabang é como ir a Roma e não ver o Papa. E isto vindo de um ‘gajo’ que já foi a Roma quatro vezes e nunca pôs os pés no Vaticano. Luang Prabang entra diretamente para o meu top três de cidades favoritas no Sudeste Asiático. Dou-lhe cinco trombas de elefante, em cinco possíveis!