Os loucos Anos 20 chegaram em força. Depois da fantástica notícia do regresso de John Frusciante aos Red Hot Chili Peppers em Dezembro passado, Chad Smith aumentou as expectativas, quando confirmou à Rolling Stone que os Red Hot estão a gravar um novo álbum com o seu novo-velho-eterno guitarrista. Significa isto que não será apenas uma reunião “à Guns N’ Roses” para rechear a conta bancária: os Red Hot regressam com música nova. Exultem. É uma excelente notícia para começar a década que nos vai subtrair quase todas as lendas do passado. Os nossos ídolos dos anos 60 e 70 vão desaparecer e, daqui a 10 anos, provavelmente só restará o Keith Richards para contar aos poucos que sobrevivam ao apocalipse nuclear que se avizinha. É reconfortante, por isso, ter os Red Hot de volta à sua máxima força.
Frusciante regressa à banda de onde nunca deveria ter saído. Com ele, os Red Hot eram a banda completa. Cada elemento trazia ao grupo uma palete de influências diferente: Anthony Kiedis, o vocalista, trazia a batida do Hip Hop; Flea, o baixista, trazia o ritmo do Funk; Chad Smith, o baterista, trazia a mão pesada do Rock dos Sabbath e dos Zeppelin; John Frusciante, o guitarrista, trazia o sentido melódico de Elton John e os sons bizarros do Prog e do Psicadélico. Juntos, formaram uma força imparável que tomou os anos 90 em duas fases distintas: no início, com o fervoroso “Blood Sugar Sex Magik” (1991) e no fim, com o épico “Californication” (1999).
Este último foi a banda sonora do meus tempos de liceu. Foi o disco mais tocado na rádio da Associação de Estudantes e o CD mais traficado no auge das cópias (lembram-se?). “Californication” foi ubíquo e unânime – o ponto de ligação entre os quatro cantos do pátio do Liceu. Foi o álbum que conseguiu unir as meninas da Pop aos fãs de Nu Metal (que estava na berra na altura); que conseguiu juntar os defensores da Britpop (como eu), com os que gostavam de Hip Hop. Basicamente, ligou públicos diferentes da mesma maneira que a banda ligava elementos de influências distintas. O seu impacto foi imenso.
Importa lembrar que “Californication” foi também o álbum que marcou o regresso de John Frusciante aos Red Hot, depois de um interregno na banda entre 1992 e 1998, período em que foi lançado “One Hot Minute” com Dave Navarro na guitarra. Estão a ver onde quero chegar, não estão? John foi para as sessões de “Californication” a fervilhar de ideias, apostado em fazer o melhor álbum de sempre dos Red Hot. Vinte anos depois, em 2020, a história repete-se. Repetir-se-á o sucesso? Aguardemos. Até lá, vou esfregando as mãos de entusiasmo. Os reis do Liceu estão de volta e como rezam as eternas palavras de Keidis: “Come on everybody, time to deliver”. Ou então “ding dang dong dong ding dang dong dong ding dang”.