Barrados à entrada e espetáculo cancelado. Foi assim que três humoristas, o angolano Gilmário Vemba, o português Hugo Sousa e o brasileiro Murilo Couto, passaram este domingo, 20 de julho, no aeroporto de Maputo, entre protestos e lamentos. Os comediantes foram impedidos de entrar no país, obrigando ao cancelamento de um espetáculo que tinham marcado na capital moçambicana.
Os motivos que deram origem a esta decisão por parte do Serviço Nacional de Migração (Senami) moçambicano foram revelados esta segunda-feira, 21 de julho. Segundo o diretor do organismo público, em declarações à “Lusa”, citadas aqui pelo “Diário de Notícias”, os três humoristas “não obedeceram aos critérios” de entrada, sendo que teriam um visto de turismo, mas o objetivo da viagem era uma atuação, ou seja, trabalho.
“Eles vinham para dar um espetáculo, um ‘show’. É uma atividade cultural”, disse o diretor-geral, Zainedine Danane. De acordo com o responsável pelo organismo, o visto de turismo não contempla a participação em atividades remuneradas.
Danane refere que deveria ter sido requerido um visto cultural por parte do promotor, que não terá sido feito. “Não tendo solicitado esta credencial, é como se esta atividade não existisse. E como é que vais proferir um espetáculo se quem devia, se calhar, autorizar, não tem conhecimento? Estou-me a referir a questões legais”, disse.
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Os três humoristas terão deixado Maputo na manhã desta segunda-feira, dia 21, num voo da TAP. O trio tinha passagem marcada pela capital moçambicana, onde iria apresentar, este domingo, 20 de julho, “Tons de Comédia”. “Infelizmente não vamos conseguir fazer o espetáculo”, revelou Vemba nas redes sociais.
Os comediantes chegaram a Moçambique ao início da tarde e por lá permaneceram durante várias horas, sem que recebessem autorização para entrar no país. Ao final da tarde, Gilmário Vemba confirmava a impossibilidade de atuar. “Meus irmãos moçambicanos desculpa pelos transtornos… a partir de manhã os vossos valores serão reembolsados pelos mesmos canais de aquisição”, avisou.
Segundo o “Expresso”, Dinis Tivane, assessor do político e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, terá apontado o potencial motivo para a decisão, aludindo ao facto de ter sido barrado “por expor as suas opiniões”.
Moçambique vive tempos atribulados depois das eleições de outubro passado, que deram origem a inúmeros confrontos nas ruas. Venâncio Mondlane, que perdeu para Daniel Chapo, não aceitou os resultados eleitorais. Os protestos resultaram em centenas de mortos.