A primeira vez que Elitsa Dilova entrou no número 97 da Almirante Reis, em Lisboa, ficou surpreendida. O espaço que lhe mostravam parecia uma pequena caverna, escura e cheia de entulho. Ainda assim, a búlgara de 38 anos, que já tinha tido vários negócios no seu país de origem, viu potencial no local e decidiu avançar.
Durante seis meses dedicou-se a limpar, fazer obras e preparar o espaço para receber quatro conceitos distintos: uma galeria, um teatro, uma loja e um café. O resultado abriu portas em julho, sob o nome Ela Movement.
“Quando vi este espaço senti que estava numa caverna. Embora não tivesse entrada para o jardim, consegui ter um vislumbre do que me pareceu uma pequena selva através de uma janela imunda”, contou à NiT. “Não sei bem como, mas vi potencial neste espaço e decidi logo negociar com os proprietários”, acrescenta. A empreendedora chegou a Portugal no início de 2024 e este é o seu primeiro projeto no País.
Já tinha trabalhado “na indústria da moda, com eventos de música e outros conceptuais”, mas admite que nada “nesta escala”. “O Ela Movement junta uma loja com diferentes marcas búlgaras, um pequeno café e bar com esplanada no jardim e uma galeria onde agora temos o estúdio de tatuagens do artista brasileiro, Ariel”, explica.
“Queria um espaço que funcionasse tanto para quem gosta de beber um copo ao final do dia, quem gosta de ler um livro ao ar livre, ou mesmo para quem prefere trabalhar remotamente. Há ainda um pequeno estúdio para os artistas que precisam de um palco para expor. É uma forma de os apoiar.”
O espaço foi transformado por Elitsa ao longo de meio ano. Criou novas áreas, tratou do jardim e comprou mobiliário para que cerca de 20 pessoas se possam sentar no exterior. A única ajuda veio de artistas plásticos, que pintaram os muros altos que rodeiam o espaço. “Temos murais do Ariel, da Liz, uma artista colombiana, e da Jess, que é canadiana”, refere. A búlgara deu-lhes total liberdade criativa e as paredes tornaram-se telas abertas, resultando num ambiente colorido e multifacetado.
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O local funciona também como bar. Na carta há vinho a copo (5€, seja branco, rosé ou tinto) ou à garrafa (20€), além de cocktails clássicos como a caipirinha (10€), o Paloma (10€) com tequila, sumo de uva e lima, e o Moscow Mule (10€), que combina vodka, ginger beer e lima. Para quem não consome álcool, existem limonadas (3€), iced teas caseiros (2€), café (1,50€) e cappuccinos (2€).
A cozinha ainda não está em funcionamento, mas todas as semanas recebem pop-ups de finger foods, como as sandes da Bun6. “Dentro de dois meses já contamos ter a cozinha pronta para conseguirmos criar alguns petiscos para servir no jardim”, adianta Elitsa.
O nome do espaço foi inspirado na própria fundadora. “Em búlgaro, Ela significa pinheiro, como os que decoramos no Natal. Quando criei a minha marca de roupa, a Ela clothing, há cinco anos, decidi dar-lhe este nome. Quando vim para cá, achei que devia continuar com o projeto”, explica. “O Movement vem do meu desejo que tenho para este espaço. Quero que tenha sempre movimento, que seja um local de comunidade, um pouco da minha casa, neste novo País, onde todos são bem-vindos, incluindo os cães.”
Essa ideia está já espelhada no ambiente. O anfitrião é Alfredo, um pequeno cão salsicha, que gosta de passear pelo café à espera de atenção.